Maria
Lopes - Público
Controlinveste
justifica despedimento colectivo e rescisões amigáveis com os maus resultados
financeiros do grupo.
A
Controlinveste, a holding de media, dona de títulos como Diário
de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, Diário de Notícias da
Madeira e ainda da rádio TSF, vai fazer um despedimento colectivo que
abrangerá 140 trabalhadores e rescisões amigáveis com mais 20.
O
anúncio aos trabalhadores começou a ser feito na manhã desta quarta-feira, de
forma faseada. Ao início da manhã, as direcções dos vários órgãos de
comunicação social que o grupo detém comunicaram às chefias intermédias,
nomeadamente aos editores, o processo de despedimento e identificaram os
trabalhadores abrangidos.
O
PÚBLICO apurou que pelo menos no Diário de Notícias a comunicação a
cada trabalhador está a ser feita pelo director do jornal, João Marcelino, que
não foi possível ainda contactar apesar da tentativa. A empresa não tem
Comissão de Trabalhadores.
A
estratégia associada ao despedimento passará também pelo encerramento de alguns
projectos e/ou delegações.
A
Controlinveste justifica o despedimento colectivo e as rescisões amigáveis com
os maus resultados financeiros do sector e do grupo. Para além da poupança com
pessoal que poderá conseguir com a dispensa destes 160 trabalhadores, a empresa
já terá identificado outras áreas em que prevê diminuir as despesas em 5,5
milhões de euros por ano.
Num
comunicado interno entretanto enviado pela administração a todos os
trabalhadores, a equipa liderada desde Dezembro pelo jurista Daniel Proença de
Carvalho justifica os cortes nos quadros de pessoal com a crise no sector dos media,
que levou a uma redução constante da facturação na publicidade e nas vendas dos
títulos. Afirma que nos últimos três anos foi feito um esforço para melhorar o
desempenho económico e financeiro da empresa, porém, esta continua a ter altos
resultados negativos antes de impostos.
A
administração diz que precisa de tomar medidas urgentes e indispensáveis para
assegurar a sobrevivência do grupo e a sustentabilidade do negócio, e para não
afectar negativamente a diversidade e pluralidade do universo dos media portugueses.
A
equipa presidida por Proença de Carvalho termina a informação aos trabalhadores
pedindo o seu apoio e promete para breve novidades editoriais que abrirá uma
“nova era” no panorama dosmedia portugueses e permitirá à empresa crescer
de forma sustentada.
O
despedimento de trabalhadores era um assunto recorrente desde há alguns meses
no seio da Controlinveste, sobretudo devido ao processo de reestruturação que o
grupo começou já no ano passado e que incluiu uma nova estrutura accionista com
a participação da banca devido à dimensão da dívida.
No
final de Novembro, a Controlinveste Media anunciou a entrada no capital do
grupo do empresário angolano António Mosquito, que ficava com uma quota de
27,5% (igual à da Controlinveste de Joaquim Oliveira), dos bancos Millennium
bcp e BES e do empresário português Luís Montez, qualquer deles com partes
iguais de 15%. A entrada das duas instituições bancárias na empresa foi feita
no âmbito de uma "conversão parcial de créditos em capital", anunciou
a administração na altura.
A
Controlinveste foi já alvo de pelo menos dois despedimentos colectivos de
grande dimensão nos últimos cinco anos. No início de 2009, o grupo liderado por
Joaquim Oliveira anunciou o despedimento de 122 trabalhadores e no início do
Verão de 2010 recorreu novamente a tal expediente na sequência do encerramento
do jornal diário 24 Horas e do jornal gratuito Global Notícias.
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