quarta-feira, 11 de junho de 2014

Dona do DN, JN, O Jogo e TSF vai despedir 160 trabalhadores



Maria Lopes - Público

Controlinveste justifica despedimento colectivo e rescisões amigáveis com os maus resultados financeiros do grupo.

A Controlinveste, a holding de media, dona de títulos como Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, Diário de Notícias da Madeira e ainda da rádio TSF, vai fazer um despedimento colectivo que abrangerá 140 trabalhadores e rescisões amigáveis com mais 20.

O anúncio aos trabalhadores começou a ser feito na manhã desta quarta-feira, de forma faseada. Ao início da manhã, as direcções dos vários órgãos de comunicação social que o grupo detém comunicaram às chefias intermédias, nomeadamente aos editores, o processo de despedimento e identificaram os trabalhadores abrangidos.

O PÚBLICO apurou que pelo menos no Diário de Notícias a comunicação a cada trabalhador está a ser feita pelo director do jornal, João Marcelino, que não foi possível ainda contactar apesar da tentativa. A empresa não tem Comissão de Trabalhadores.

A estratégia associada ao despedimento passará também pelo encerramento de alguns projectos e/ou delegações.

A Controlinveste justifica o despedimento colectivo e as rescisões amigáveis com os maus resultados financeiros do sector e do grupo. Para além da poupança com pessoal que poderá conseguir com a dispensa destes 160 trabalhadores, a empresa já terá identificado outras áreas em que prevê diminuir as despesas em 5,5 milhões de euros por ano.

Num comunicado interno entretanto enviado pela administração a todos os trabalhadores, a equipa liderada desde Dezembro pelo jurista Daniel Proença de Carvalho justifica os cortes nos quadros de pessoal com a crise no sector dos media, que levou a uma redução constante da facturação na publicidade e nas vendas dos títulos. Afirma que nos últimos três anos foi feito um esforço para melhorar o desempenho económico e financeiro da empresa, porém, esta continua a ter altos resultados negativos antes de impostos.

A administração diz que precisa de tomar medidas urgentes e indispensáveis para assegurar a sobrevivência do grupo e a sustentabilidade do negócio, e para não afectar negativamente a diversidade e pluralidade do universo dos media portugueses.

A equipa presidida por Proença de Carvalho termina a informação aos trabalhadores pedindo o seu apoio e promete para breve novidades editoriais que abrirá uma “nova era” no panorama dosmedia portugueses e permitirá à empresa crescer de forma sustentada.

O despedimento de trabalhadores era um assunto recorrente desde há alguns meses no seio da Controlinveste, sobretudo devido ao processo de reestruturação que o grupo começou já no ano passado e que incluiu uma nova estrutura accionista com a participação da banca devido à dimensão da dívida.

No final de Novembro, a Controlinveste Media anunciou a entrada no capital do grupo do empresário angolano António Mosquito, que ficava com uma quota de 27,5% (igual à da Controlinveste de Joaquim Oliveira), dos bancos Millennium bcp e BES e do empresário português Luís Montez, qualquer deles com partes iguais de 15%. A entrada das duas instituições bancárias na empresa foi feita no âmbito de uma "conversão parcial de créditos em capital", anunciou a administração na altura.

A Controlinveste foi já alvo de pelo menos dois despedimentos colectivos de grande dimensão nos últimos cinco anos. No início de 2009, o grupo liderado por Joaquim Oliveira anunciou o despedimento de 122 trabalhadores e no início do Verão de 2010 recorreu novamente a tal expediente na sequência do encerramento do jornal diário 24 Horas e do jornal gratuito Global Notícias.

Sem comentários:

Mais lidas da semana