O chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter
Steinmeier, vai até Moçambique. Acompanham-no vários empresários. Mas as
empresas alemãs são cautelosas face a situação económica e confrontos no país.
Às vezes, no mundo dos negócios, um contacto
pessoal pode valer mais do que mil planos estratégicos empresariais. E pode
abrir muitas portas. Esse é um dos motivos que faz com que a Câmara de Comércio
alemã em Maputo esteja tão expectante em relação à visita do chefe da
diplomacia da Alemanha esta semana.
Frank-Walter Steinmeier vai até Moçambique
para estreitar os laços de cooperação entre os dois países. Vai acompanhado por
uma delegação empresarial. Durante a visita, haverá um encontro entre
empresários alemães e moçambicanos.
"A expectativa é, certamente,
interessar empresários e empresas alemãs para o mercado moçambicano, para que
eles considerem investimentos e cooperações neste país que tem muito potencial",
afirma Friedrich Kaufmann, da delegação em Maputo da Câmara de Comércio alemã
para a África Austral.
"Olhando para a lista dos
participantes, imagino que um ou outro tenha um interesse muito específico na
área das infraestruturas, da energia. Mas nunca sabemos de antemão."
Interesse alemão cresce
Kaufmann conta que recebe cada vez mais
telefonemas de pessoas que ponderam investir em Moçambique. E há também visitas
individuais ou de delegações empresariais - ainda em setembro, por exemplo,
esteve no país uma delegação de empresários do estado alemão da Baviera interessados
em investir.
As perspetivas na área da energia atraem os
empresários. Moçambique tem das maiores reservas de gás natural do mundo e não
só: "As empresas alemãs não fazem exploração de gás e petróleo, mas são da
área das tecnologias e podem fornecer máquinas para o setor. Também para a
produção de energia hidroelétrica", afirma Kaufmann.
"Além disso, também na área da
logística, Moçambique tem um grande potencial ao nível dos portos e aeroportos.
E ao nível da agricultura, das máquinas agrícolas."
Parceiros em tempos difíceis
Em resumo, as oportunidades em Moçambique
são muitas e a Alemanha faz bem em aproximar-se, diz Luís Sitoe, diretor
executivo da Confederação moçambicana das Associações Económicas:
"É uma estratégia errada que os
investidores e os parceiros se afastem quando o país tem pela frente alguns
desafios. Neste mundo, nada é definitivo. Os menos bons de hoje podem ser os
campeões do dia seguinte."
Um dos desafios é melhorar o atual clima de
negócios no país. A moeda moçambicana, o metical, sofreu uma forte desvalorização
em relação ao dólar. Em janeiro, precisava-se, em média de 34 meticais para
comprar um dólar. Hoje, são precisos cerca de 45 meticais. Há ainda menos
divisas estrangeiras a circular em Moçambique e, por isso, as empresas têm mais
dificuldades em fazer pagamentos para o exterior.
O investimento estrangeiro direto em
Moçambique caiu 20,6%, para os 4,9 mil milhões de dólares, entre 2013 e 2014.
Segundo Sitoe, a tendência de "refreamento" do investimento
estrangeiro continua.
O país vive dias de instabilidade política e
militar, com confrontos armados entre as forças de segurança e homens armados
do maior partido da oposição, a RENAMO.
"É uma situação que não nos agrada mas
terá solução e vai passar", diz Sitoe. "Portanto, acho que é o
momento para entrar e investir em Moçambique."
Por outro lado, segundo o responsável da
Confederação das Associações Económicas, a desvalorização do metical e a
redução das divisas é uma "situação conjuntural", que tenderá também
a melhorar.
Empresários alemães cuidadosos
No entanto, os empresários alemães adotam
uma postura mais cautelosa.
"Estes últimos meses não foram muito
favoráveis para tomar decisões de investimento. A tendência geral das empresas
alemãs é evitar riscos. As 35 empresas que já temos aqui têm poucos
investimentos. Por enquanto, o stock de investimentos é muito limitado - são 10
a 15 milhões de euros", afirma Friedrich Kaufmann, da Câmara de Comércio
alemã em Maputo .
"As empresas são cautelosas, mas, por
outro lado, também há uma estratégia de longo prazo: estar no mercado, investir
um pouco na formação do próprio pessoal, criar confiança."
E isso não se faz de um dia para o outro, segundo
Kaufmann. Por isso, a visita da delegação empresarial que viaja com o ministro
alemão dos Negócios Estrangeiros será, para já, uma forma de "fazer
contactos", "encontrar ministros e associações" e sondar o
mercado moçambicano.
Guilherme Correia da Silva – Deutsche Welle
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