quinta-feira, 21 de maio de 2020

Junto com o Equador, Brasil é ‘exemplo do que não fazer na pandemia’, diz analista


Brasil assusta países vizinhos por condução caótica do governo Bolsonaro, destaca analista internacional Amauri Chamorro

Já há mais de 530 mil casos confirmados do novo coronavírus na América Latina e no Caribe, e a maior parte deles está no Brasil. É o que mostra balanço divulgado nesta segunda-feira (18/05) pela agência internacional AFP, com base em dados oficiais dos países latinos e caribenhos. Nestas regiões, são mais de 30 mil óbitos registados. 

No Brasil, os casos confirmados da covid-19 ultrapassam os 254 mil, com 16.792 óbitos. O país já é o mais afetado da América Latina e, desde segunda-feira (18), o terceiro com mais casos em todo o mundo. Embora seja epicentro da pandemia na região, o que tem assustado mesmo os países vizinhos é a forma como o governo Bolsonaro vem conduzindo as ações de enfrentamento ao coronavírus. 

De acordo com o consultor e analista internacional Amauri Chamorro, “o Brasil está sendo um exemplo do que não fazer, junto com o Equador”, compara. Com 23 mil casos confirmados e quase 3 mil mortos até ontem, o Equador tornou-se exemplo negativo pela demora em reagir e tomar providência para impedir a disseminação do vírus. O que rapidamente levou o sistema de saúde e funerário do país ao colapso, agora disputado com o Brasil. 

“Nos bastidores, o governo brasileiro é tratado como algo criminal, porque uma coisa é você não ter capacidade de ação, ou de repente ter demorado para comprar respiradores ou testes para detectar o coronavírus. Outra coisa é negar o coronavírus, ordenar as pessoas saírem às ruas, pedir para abrir academias, cabeleireiros. Isso é colocar em risco a população, e obviamente deixa estarrecida toda a comunidade internacional”, explica Chamorro aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.


Contraste com outros países 

O efeito contraste agrava ainda mais a situação do Brasil, que vê países vizinhos reagindo com sucesso à crise sanitária, como a Argentina. Na semana passada, Bolsonaro chamou a comparação de “ideológica”, mas o país, que rapidamente adotou as medidas de isolamento social, é o 12º com o menor registro de mortes por habitantes. Com 345 óbitos e 6.973 infectados até domingo (17/05), a Argentina tem média de 7,3 mortes por milhão de habitantes, enquanto o Brasil soma 62,3 mortes por milhão. No mesmo ranking, o Equador lidera com 132,3. 

Momento era para ser de união

O Brasil vê ainda os demais países latinos com quem tem fronteiras fechando as divisas terrestres. O analista internacional alerta que a postura do presidente Bolsonaro pode provocar consequências também económicas. 

De acordo com Chamorro, este era o momento para firmar elos de cooperação, não o contrário. “É muito importante os países que são exportadores, como é o caso do Brasil, terem uma boa relação e fortalecer blocos económicos como o Mercosul, como era a Unasul, para conseguir exportar e negociar melhores condições. Inclusive ter mais acesso ao crédito. E para isso você precisa ter uma diplomacia forte e ser um país respeitado”, afirma. “Mas, neste momento, o governo Bolsonaro é uma grande piada”, destaca o consultor internacional.

Sem comentários:

Mais lidas da semana