sábado, 4 de junho de 2022

OS MALEFÍCIOS DE PAGAR A TRAIDORES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Angola tem um problema muito sério que tarde ou nunca se vai resolver. Qualquer miserável mental entra no mundo do Jornalismo e das Letras, sem pedir licença, pela porta dourada, que foi construída durante anos de luta e sofrimento, pelos pioneiros nacionalistas desde meados do século XIX, 13 de Setembro de 1845, quando nasceu o primeiro jornal angolano, intitulado Boletim do Governo-Geral da Província de Angola. Ou em 1849, quando nas oficinas da Imprensa Nacional, exactamente no mesmo local onde hoje vive, foi impresso o primeiro livro de poemas, Espontaneidades da Minha Alma (Às Senhoras Africanas), do poeta benguelense José da Silva Maia Ferreira. 

Face ao panorama nascido em 1992, quando foi enterrado o socialismo e a democracia representativa, interrogo-me muitas vezes: Como reagiam jornalistas como José de Fontes Pereira, Pedro Paixão Franco, Silva Rocha, Arantes Braga, Sant’Anna Palma ou Augusto Bastos, confrontados com a mediocridade e o analfabetismo militante de José Eduardo Agualusa?

Face ao assalto despudorado ao fabuloso mundo das Letras Angolanas, pergunto a mim próprio: Como reagiriam homens como Augusto Bastos, o pai da Literatura Policial em Angola, António de Assis Júnior, o criador do primeiro romance angolano, Ernesto Lara Filho, o maior cronista de língua portuguesa? Nunca saberei.  

Um dia pergunto a Luandino Vieira, o genial escritor angolano que não deixou pedra sobre pedra da velha medida colonialista, inventando e reinventando tudo de novo, até dentro do novo, como se sente ao ver as Letras Angolanas conspurcadas por analfabetos desvairados como José Eduardo Agualusa, um apátrida sem rei nem roque, que balbucia umas palavrinhas alinhadas por alturas e meteu na cabeça (a martelo) que isso é ser escritor. Provavelmente responde com uma gargalhada sarcástica ou conta-me uma estória do antigamente na vida e fica o assunto arrumado.

Agualusa escreveu a propósito da fossa de longa-metragem sobre Sita Vales, que na fita faltou ouvir o outro lado. E rematou assim: “ Imagino que o Onambwe, e os torturadores e interrogadores da DISA, ainda vivos, não tivessem aceite falar, mas talvez a Irene Neto ou o Luandino Vieira (a quem já ouvi defender a repressão que se seguiu ao 27 de Maio), ou outra pessoa qualquer próxima do antigo presidente?” Aí têm um naco de prosa defecado com imensa prisão de ventre, daquele que fez carreira como escritor em Portugal, usando a fórmula infalível do triunfo e do dinheiro fácil: Atacar Angola e o MPLA. Passo por cima dos erros de pontuação e ortografia e vou directo ao assunto.

Este canalha atrevido foi com a família para Portugal, ainda criança, em 1975. O comandante Henrique Carvalho Santos (Onambwe), ainda o rei dos escritores analfabetos andava nos testículos do papá, já era comandante da guerrilha na Frente Leste. Comandante de coluna. No dia 27 de Maio de 1977 comandou as operações contra os golpistas. E derrotou-os. 

Na guerrilha combateu na Frente Leste ao lado dos comandantes Xyetu, Faísca, Kanyangulo ou Monty. É engenheiro. E tem idade para ser pai do atrevido analfabeto Agualusa (imaginem, nem sabe escrever água do luso). Tenho a certeza de que nunca houve qualquer relação entre os dois. Então como se atreve a tratá-lo por “o Onambvwe?” Resposta: Porque é angolano, do MPLA e destroçou os golpistas em 27 de Maio de 1977. 

Um angolano que não respeita quem fez a luta armada de libertação nacional, quem serviu o país nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), no Governo e na Segurança de Estado, não passa de um esbirro dos colonialistas e dos racistas de Pretória. O garoto Agualusa é mil vezes abaixo disso.

Também seria intriguista e difamador, se tivesse uma dimensão ligeiramente acima de verme. Ainda se fosse catato. Não tem. Fala como se dominasse os acontecimentos do 27 de Maio de 1977. Por isso é embusteiro e mentiroso. Em 27 de Maio de 1977 ele tinha 16 anos e vivia fora de Angola há dois anos. Não viveu a Independência Nacional, não lutou ao lado das angolanas e angolanos contra o banditismo político da UNITA e da África do Sul, não sofreu no Huambo a repressão sangrenta dos sicários do Galo Negro contra os jovens da sua idade. Em Portugal é e será sempre um retornado. Em Angola uma inutilidade. Temos muita água nos nossos rios, não precisamos de água lusa.

Este verme analfabeto de pai e mãe está sempre a dizer mal dos escritores angolanos que encostaram a pele ao chão e, enquanto produziam arte literária, lutavam pela libertação do Povo Angolano. Os seus alvos favoritos são Fernando Costa Andrade (Ndunduma), Artur Pestana (Pepetela) e Luandino Vieira. Ele pensa que ventilando porcaria para cima deles, vai um dia fazê-los descer ao seu nível, que é cem graus abaixo de porco. O rapaz está louco. Para chegar aos calcanhares dos escritores angolanos, sejam eles quais forem, primeiro tem que aprender a gramática. E depois tem que ser angolano. Já o disse uma vez e repito: O desalmado Agualusa é falso escritor e falsíssimo angolano. Além der péssimo empregado de balcão no difícil comércio das palavras.

Agora marrou contra Luandino Vieira dizendo que o ouviu defender a repressão que se seguiu ao 27 de Maio de 1977. Este impostor desavergonhado é capaz de dizer que viu Deus pregar Jesus na cruz ou que sabotou a cadeira que atirou com Salazar para o caixão e a cova. Luandino Vieira salvou da prisão e do fuzilamento muita gente, contrariando as decisões dos tribunais marciais. Vem este rebento de ximba malacueco, conspurcar o bom nome do maior escritor angolano de sempre. É demasiado revoltante para guardar silêncio.

Aquelas e aqueles que andaram a premiá-lo têm à frente a dimensão do pulha que agraciaram. Leiam o que escreveu a propósito da fossa de longa-metragem dedicada à Sita Vales: “A figura do Agostinho Neto (no filme) sai totalmente e merecidamente carbonizada”. Assim pagou os 30 dinheiros com que Luanda gosta de pagar aos traidores dos seus generais.

Este retornado ressabiado não perde a mínima oportunidade para vomitar o seu ódio e ressentimento contra Angola, o MPLA e Agostinho Neto. Mas ganha a vida fazendo-se passar or “escritor angolano”. Como o Governo de Angola lhe deu um brasão que o torna autêntico, ele agora actua como um cão de fila do colonialismo e dos esbirros ao serviço da ditadura fascista. Fico por aqui. Até Agosto estou de férias. Depois volto ao assunto. E vou cobrar daquelas e daqueles que brasonaram o Agualusa. 

*Jornalista

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