quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Angola | INDEPENDÊNCIA E SOBERANIA EM QUEDA LIVRE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O presidente Biden elogia Angola vá lá saber-se porquê. Mas também não interessam os porquês e os quês. Um elogio vindo do estado terrorista mais perigoso do mundo é um insulto. Um perigo. As angolanas e os angolanos devem ficar de pé atrás. O país que entre 1961 e pelo menos até 1991 fez tudo para matar, destruir, submeter, violentar e esmagar a soberania nacional teve três aliados de peso. Mobutu a norte, o regime racista de Pretória e a UNITA a sul. Se agora elogia quem está no poder é porque já não precisa do Galo Negro. Somos súbditos dos senhores de Washington. Seus lacaios e servos. Voluntários ou à força?

Tanto faz. Os elogios de Biden fazem do Povo Angolano refém do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Parece mentira mas é verdade. Acabámos de comemorar 47 anos de Independência Nacional e já estamos de novo na miserável condição de serventes, marias lavadeiras e sipaios. 

Tomem nota deste nome. Eugénio Costa Almeida. Ele apresenta-se como investigador integrado do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL (CEI-IUL). Investigador associado do CINAMIL e pós doutorado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Hoje publicou no Novo Jornal um texto que lhe garante outro título pomposo: Cretino Esférico. Também pode enfeitar-se com o título de Batráquio Inviável. Porque é um girino que jamais conseguira chegar a sapo. E sendo assim não pode entrar naquela fábula do sapinho que queria ser boi. Inchou, inchou até que rebentou. O Eugénio Costa Almeida não corre esse perigo porque os girinos inviáveis nem sequer incham.

O abominável batráquio avisa os leitores que “todos os textos escritos por mim só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado”. Ainda bem. Porque hoje diz que Angola, como país, atingiu a meia-idade. Acaba de fazer 47 anos como Estado Soberano. E sendo a idade madura exige dos seus governantes aquilo que ele acha que deve ser feito e não é.

Angola é um Estado Soberano muito jovem. Comparado com o Egipto, país africano que já conta 5.171 anos, é um bebé recém-nascido. Outro país de África, a Etiópia, tem mais de 3.000 anos. O investigador com perspectivas de batráquio devia saber que é o mítico reino do Preste João das Índias. E que o rei D. Afonso V, o Africano, enviou para lá uma máquina de imprimir e mestres tipógrafos. Marrocos tem 1233. Os países africanos de Língua Portuguesa têm menos de 50 anos. São bebés. Como os EUA (246 anos), Argentina (206) e Brasil (200).

Na Ásia, Irão (Pérsia) tem 2571 anos. A República Popular da China tem 2242 anos. Cambodja 1220 anos. Myanmar (Birmânia) 1173 anos. Omã 1271 anos. Tailândia 784 anos. Na Europa, Arménia 2211 anos. Espanha 1479 anos. Alemanha 1179 anos. França 1179 anos. Áustria 1156 anos. Dinamarca 1064 anos. Hungria 1022 anos. Portugal 883 anos. Andorra 744 anos. Angola é um bebé recém-nascido comparado com estes veteranos.

O Eugénio Costa Almeida esqueceu-se de acrescentar aos seus títulos, o de manipulador. Ele bem sabe que chamar a um país com 47 anos de “meia-idade” é enganar os leitores. Com esta manipulação grosseira, quer concluir que se exige dos órgãos de soberania um desempenho à altura de quem já tem muita experiência. 

O manipulador esconde que destes 47 anos de existência, Angola viveu em guerra até 2002. Foram 27 longos anos. Se os argumentos do batráquio inviável valessem, isso queria dizer que os primeiros anos de vida, a infância a juventude e boa parte da idade adulta foram de guerra. Mas não foi uma guerra qualquer. Angola enfrentou matilhas de mercenários, as tropas zairenses de Mobutu e as forças de defesa e segurança do regime racista de Pretória, apoiadas pelos EUA e a CEE (União Europeia). 

Para além de ser um país muito jovem, o Povo Angolano enfrentou uma guerra pela soberania nacional e a integridade territorial. Portanto, tudo o que o girino inviável escreveu é mentira. É falso. É manipulação grosseira. 

A TPA Notícias passa programas (enlatados) da CNN Portugal e da SIC Notícias do Balsemão, mas apresentados por um tal Mário Crespo, agente do apartheid e corrido pelo dono da estação, há muitos anos, por andar a facturar por baixo da mesa. 

Hoje à noite apresentou uma peça asquerosa sobre os mísseis russos que caíram em território da Polónia. Que horror! Logo no país que tem os fundos da União Europeia cortados, porque os inteligentes de Bruxelas concluíram que o regime é antidemocrático e o país deixou de ser um Estado de Direito. Vamos fazer mais como? Os esbirros da CIA e os falcões do Pentágono já mandam no alinhamento das notícias no canal público angolano. 

A diplomacia oscila entre Kinkuzu e o Morro da Cal. A TPA adoptou definitivamente o banditismo mediático. Ordens superiores. Mais uma mansão em Miami. Mais uns milhões nas contas secretas. Em 2017, houve um ajuste de contas que ainda continua. Em 2027, vai haver outro. Os traidores já pensaram nisso? Mesmo? 

A Alexandra Simeão no Novo Jornal diz que Angola é um inferno. Para a maioria da população, sim, a vida é infernal. Mas ela, a mamã Anália e o papá Manolo deram uma grande ajuda para a infernização. 

Quem esteve no poder ao longo destes 47 anos não pode pôr-se de fora. E a esmagadora maioria das angolanas e dos angolanos que nunca estiveram no poder, também têm culpas no cartório porque permitiram a construção do inferno onde sonhámos criar o paraíso. Esta desgraçada perdeu a vergonha e o pudor.

*Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana