sábado, 31 de maio de 2014

Organizações civis pedem ao PR de Timor-Leste para vetar lei de imprensa




Díli, 30 mai (Lusa) - O La'o Hamutuk, Instituto para a Monitorização e Análise do Desenvolvimento em Timor-Leste, pediu ao Presidente do país, Taur Matan Ruak, para vetar a lei de imprensa aprovada no início de maio pelo parlamento timorense.

"Infelizmente, o Parlamento Nacional não reparou na falha básica da lei e, portanto, através desta carta gostaríamos de pedir ao Presidente da República para usar o seu poder previsto no artigo 88 da Constituição da República Democrática de Timor-Leste para vetar a lei de imprensa, como uma forma simbólica e atual de proteger a democracia e os princípios da independência", refere a carta a que agência Lusa teve hoje acesso.

A carta enviada quinta-feira ao Presidente timorense é assinada por vários institutos e organizações de Timor-Leste, incluindo a Associação de Jornalistas de Timor-Leste.

"La'o Hamutuk está a pedir ao Presidente para vetar a lei porque ela vai prejudicar a democracia e os direitos humanos, restringir os direitos de muitas pessoas à liberdade de expressão e dar poder a um único grupo para emitir licenças, limitando os direitos de outras pessoas a partilhar informação", refere a carta.

No documento, o instituto afirma que a lei viola a Constituição de Timor-Leste e a Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Direitos Políticos.

"Pedimos também ao Presidente da República para escrever uma carta ao parlamento para ajudar os membros a melhorar a legislação", acrescenta.

Segundo o La'o Hamutuk, a lei limita a liberdade de expressão, que é um princípio da democracia, bem como a partilha de informação com o público, desencoraja a diversidade de opinião, restringe a independência da imprensa e denigre a história de Timor-Leste.

"Muitas pessoas da resistência usaram a imprensa para comunicar e partilhar informação para defender os direitos e a dignidade do povo desta terra", refere a carta.

José Ramos-Horta e Xanana Gusmão, atual primeiro-ministro do país, usaram a imprensa para educar, informar e coordenar a luta de libertação, apesar de não serem jornalistas "acreditados pelos governos português e indonésio".

"Infelizmente, esta lei de imprensa tenta limitar as atividades dos jornalistas estrangeiros quando requer que obtenham autorização do Conselho de Imprensa e quando bane não-cidadãos de poderem trabalhar como jornalistas", refere.

A lei aprovada no passado dia 06 de maio tinha já sido condenada pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), que pediu ao governo timorense para ter em conta as preocupações manifestadas pelos jornalistas do país.

"Toda a legislação que limite a capacidade dos jornalistas locais e internacionais de informarem sobre Timor-Leste limita igualmente o direito do público de saber e é uma grande preocupação para a FIJ", afirmou Jacqueline Park, diretora para a Ásia e Pacífico da Federação.

Segundo a carta, a lei da imprensa ainda não foi enviada ao Presidente timorense, que depois de a receber tem 30 dias para a assinar ou vetar.

MSE // JPS - Lusa

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