O
anúncio dos Estados Unidos da América de reduzir de 900 para 400 os
trabalhadores açorianos na Base das Lajes, a que se junta a redução de outros
500 trabalhadores norte-americanos, está em destaque no Açoriano Oriental de
hoje.
"Dia
mau" para os Açores, mas Governos fizeram o que podiam
O
professor de Relações Internacionais Miguel Monjardino disse que hoje é um
"dia mau" para os Açores, mas sublinhou que os Governos da República
e Regional fizeram o que podiam para evitar a redução de pessoal nas Lajes,
anunciada pelos Estados Unidos.
“Esta
diminuição levanta dúvidas sobre que relação é que os Açores têm com a América,
e que papel é que os Açores desempenham hoje em dia na relação entre Portugal e
os EUA. Sob esse ponto de vista, parece-me que é claramente um dia mau para os
Açores, porque põe em causa muita coisa que foi dada como garantida nas últimas
décadas”, afirmou o especialista em defesa, em declarações à agência Lusa.
Os
Estados Unidos da América (EUA) anunciaram hoje uma redução gradual, ao longo
deste ano, de 900 para 400 trabalhadores portugueses da Base das Lajes, na ilha
Terceira, enquanto os civis e militares norte-americanos vão passar de 650 para
165.
Miguel
Monjardino sustenta que a reorganização de toda a infraestrutura militar dos
EUA na Europa, que inclui a redução de efetivos na Base das Lajes, assentou em
duas razões.
“A
recusa sistemática do Congresso em aceitar os pedidos do departamento de defesa
em reduzir ou fechar bases no território norte-americano, sem que isso fosse
feito primeiro em bases europeias usadas pelos EUA. E a necessidade que o
departamento de defesa norte-americano tem de poupar recursos e dinheiro por
questões de política interna”, explicou.
O
especialista em defesa acredita que os Governos da República e Regional fizeram
o que estava ao seu alcance para tentar evitar este desfecho.
“Tenho
dúvidas que fosse possível, quer ao Governo Regional, quer ao Governo Português
[da República] fazer muito mais do que aquilo que foi feito”, frisou o
professor, acrescentando que os contactos feitos ao longo do processo podem vir
a dar frutos no futuro.
A
importância estratégica da Base das Lajes “flutuou ao longo da história” e a
realidade atual é muito diferente da do passado.
“O
[Oceano] Atlântico de hoje é muito diferente do Atlântico que deu origem a esta
base. É evidente que isso diminui do ponto de vista norte-americano a
importância que a base tem. Mas é também importante perceber que os americanos
não vão sair completamente da base e, se houver necessidade, poderão reativar o
seu uso a um nível mais elevado”, sublinhou Miguel Monjardino.
Sobre
as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que avisara
que as relações entre Portugal e os Estados Unidos poderiam ser prejudicadas em
caso de um desfecho negativo sobre a utilização da Base das Lajes, o
especialista considera-as como um “sinal de desagrado” por parte de Lisboa.
“O
relacionamento [entre os dois países] será mantido, há desagrado pela parte
portuguesa, e temos de pensar na melhor maneira de manter este relacionamento,
como é que isto vai ser feito, e como é que eventualmente será possível atrair
para os Açores novas iniciativas que gerem riqueza e prosperidade nas ilhas”,
concluiu Miguel Monjardino.
Lusa,
em Açoriano Oriental
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