quinta-feira, 23 de abril de 2015

Angola. JULGAMENTO DE RAFAEL MARQUES ADIADO MAIS UMA VEZ




David Mendes, advogado do activista, não confirma a existência de um acordo com os generais que o acusam de denúncia caluniosa.

Alice Cruz – Rede Angola

A sessão do julgamento do jornalista Rafael Marques, marcada para hoje em Luanda, foi adiada novamente para que sejam analisadas ao pormenor algumas questões do processo que foram colocadas na primeira sessão. O julgamento continua a 14 de Maio.

A parte acusadora pediu o adiamento da sessão para verificar, entre vários aspectos, se Rafael Marques entrou realmente em contacto com os directores das empresas citadas no seu livro antes da publicação, e quais as pessoas que receberam as correspondências alegadamente enviadas pelo jornalista, declarou ao Rede Angola o advogado de Rafael Marques, David Mendes. “Eles precisam confirmar quando é que as correspondências deram entrada e quem recepcionou para que possam ter um posicionamento de acordo com aquilo que seria o contraditório”.

Sobre o provável acordo entre Rafael Marques e os generais para que seja alcançado um entendimento amigável, David Mendes diz não ter conhecimento sobre esta questão e negou-se a opinar. “Não existe nenhum acordo amigável. Não tenho conhecimento. O que não está escrito ou colocado na mesa, eu não posso me debruçar. Tecnicamente posso dizer que não houve adiamento por causa de algum provável acordo entre as partes, nem se colocou isso se quer em momento algum”.

Várias são as opiniões nas redes sociais sobre o julgamento. Internautas discutem e fazem suposições sobre o desfecho deste caso. Há comentários ainda que dizem que provavelmente Rafael Marques tenha sido “comprado”. O advogado também esclareceu que os rumores sobre isso não fazem sentido pelo facto de o autor do livro Diamantes de Sangue estar numa condição de dependência. “Se ele fosse o acusador e o forçassem a retirar uma queixa, aí sim poderiam dizer que foi influenciado. O Rafael Marques é o acusado, não pode desistir”.

Rafael Marques é acusado de denúncia caluniosa, por ter exposto abusos contra os direitos humanos na província diamantífera da Lunda Norte, com a publicação, em Portugal, em Setembro de 2011, do livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola.

Os queixosos são sete generais, entre eles o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, conhecido como “Kopelipa”, e os representantes de duas empresas diamantíferas.

O julgamento teve início no fim do mês de Março, no Tribunal Provincial de Luanda, mas acabou por ser suspenso para hoje. A sessão de hoje também foi adiada para análise minuciosa do processo.

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