David
Mendes, advogado do activista, não confirma a existência de um acordo com os
generais que o acusam de denúncia caluniosa.
Alice
Cruz – Rede Angola
A
sessão do julgamento do jornalista Rafael Marques, marcada para hoje em Luanda,
foi adiada novamente para que sejam analisadas ao pormenor algumas questões do
processo que foram colocadas na primeira sessão. O julgamento continua a 14 de
Maio.
A
parte acusadora pediu o adiamento da sessão para verificar, entre vários
aspectos, se Rafael Marques entrou realmente em contacto com os directores das
empresas citadas no seu livro antes da publicação, e quais as pessoas que
receberam as correspondências alegadamente enviadas pelo jornalista, declarou
ao Rede Angola o advogado de Rafael Marques, David Mendes. “Eles
precisam confirmar quando é que as correspondências deram entrada e quem
recepcionou para que possam ter um posicionamento de acordo com aquilo que seria
o contraditório”.
Sobre
o provável acordo entre Rafael Marques e os generais para que seja alcançado um
entendimento amigável, David Mendes diz não ter conhecimento sobre esta questão
e negou-se a opinar. “Não existe nenhum acordo amigável. Não tenho conhecimento.
O que não está escrito ou colocado na mesa, eu não posso me debruçar.
Tecnicamente posso dizer que não houve adiamento por causa de algum provável
acordo entre as partes, nem se colocou isso se quer em momento algum”.
Várias
são as opiniões nas redes sociais sobre o julgamento. Internautas discutem e
fazem suposições sobre o desfecho deste caso. Há comentários ainda que dizem
que provavelmente Rafael Marques tenha sido “comprado”. O advogado também
esclareceu que os rumores sobre isso não fazem sentido pelo facto de o autor do
livro Diamantes de Sangue estar numa condição de
dependência. “Se ele fosse o acusador e o forçassem a retirar uma queixa,
aí sim poderiam dizer que foi influenciado. O Rafael Marques é o acusado, não
pode desistir”.
Rafael
Marques é acusado de denúncia caluniosa, por ter exposto abusos contra os
direitos humanos na província diamantífera da Lunda Norte, com a publicação, em
Portugal, em Setembro de 2011, do livro Diamantes de Sangue: Tortura e
Corrupção em Angola.
Os
queixosos são sete generais, entre eles o ministro de Estado e chefe da Casa de
Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior,
conhecido como “Kopelipa”, e os representantes de duas empresas diamantíferas.
O
julgamento teve início no fim do mês de Março, no Tribunal Provincial de
Luanda, mas acabou por ser suspenso para hoje. A sessão de hoje também foi
adiada para análise minuciosa do processo.
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