sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Portugal. ASSIS: O FILHO QUE CAVACO NÃO TEVE E QUE A DIREITA APOIA E SUPERAPLAUDE




Mário Motta, Lisboa

Francisco Assis sempre foi um ariete de ataque da direita no PS, um, entre uns quantos, dos que impossibilita o Partido Socialista de cumprir os seus desígnios. Desígnios da sua fundação, desígnios que nunca se viram devidamente cumpridos por via de guinadas à direita que sempre favoreceram que aquela concretizasse os seus avanços e instalasse uma sociedade pseudodemocrática de progressiva exploração e enriquecimento desbragado de uns poucos, limitativa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Limitativa, da justiça e dignidade que teve rasgos de realidade após o 25 de Abril de 1974. 

Assis nunca foi de esquerda, nem é. Infiltrou-se no PS com uma missão. Ele e mais uns quantos. Quem pode esperar que assuma a sua posição em consonância com o Partido Socialista? Acordos à esquerda? Nunca! Acordos à direita? Sempre!

Assis cumpre as instigações de Cavaco Silva ao apelar à rebelião no Partido Socialista para que torne os avanços da direita revanchista uma realidade, ainda mais que nos últimos quatro anos. Assis é o filho que Cavaco não teve, que a direita apoia e aplaude. Uma direita radical, extremista, que persegue os objetivos da exploração desumana. Indiferente à fome e miséria que causa e que serve seus intentos de ganâncias sustentáveis. Assis, o aríete a quem definitivamente caiu a máscara de socialista, descobrindo um filho querido de Cavaco e da direita radical – também ela com uma máscara de democrata. Máscara que já caiu há muito. (MM / PG)

Assis. “Última consequência é eu ser candidato”

Nem esquerda, nem direita: para Francisc Assis, o ideal era que o PS fosse um partido de oposição clara. Na defesa desta linha, o eurodeputado assume que poderá ter de ir até às “últimas consequências”

A corrente socialista desfavorável ao entendimento à esquerda toma forma e Francisco Assis está determinado a desafiar o secretário-geral António Costa, “como última consequência”. Em entrevista na edição desta sexta-feira do “Jornal de Notícias”, o eurodeputado admite que “estaria a fugir às responsabilidades” se não estivesse pronto para se apresentar como candidato à liderança do partido.

Para Assis, que considera um acordo com Bloco de Esquerda e PCP “um erro histórico”, a posição ideal para o PS seria a de o partido se constituir como um “partido de oposição clara”, o que deixaria os socialistas “no centro da decisão”.

Na entrevista, Assis volta a frisar não considerar que a esquerda ofereça as condições de entendimento necessárias, nomeadamente por existirem “divergências profundas” em relação ao modelo social e económico do país ou aos compromissos europeus. Segundo o eurodeputado, a negociação com comunistas e bloquistas, que “nunca deveria ter ocorrido”, é uma “péssima solução”. Mais: o acordo à esquerda acaba por ser “como um icebergue”, o que significa que o PS ficaria “prisioneiro dos caprichos de duas formações políticas” que poderiam “tirar o tapete” aos socialistas a qualquer momento.

Defensor de uma negociação conduzida caso a caso com o Governo de direita, Assis prefere também não se comprometer com Passos e Portas para não “assumir compromissos de legislatura que nos poderiam aprisionar”.

NÃO ESTAR DISPONÍVEL PARA DISPUTAR A LIDERANÇA DO PS SERIA “FUGIR ÀS RESPONSABILIDADES”

Depois, a questão inevitável: a liderança do PS está em causa? Assis recusa estar a planear “uma estratégia dissimulada para chegar ao poder”. No entanto, o socialista assume que “se a questão fosse saber qual era a linha política que deveria prevalecer, num congresso”, teria de defender a sua ideia “até às últimas consequências”. Ou seja, Assis ponderaria, nesse caso, ser candidato à liderança do PS para promover uma corrente alternativa; de outra forma estaria a “fugir às suas responsabilidades”.

A reunião convocada por Assis para juntar os militantes socialistas desfavoráveis ao acordo da esquerda acontece esta sexta-feira à noite, na Mealhada, depois de ter sido antecipada para não coincidir com a Comissão Nacional do partido, que se reúne na tarde deste sábado. E o que pensa António Costa disto tudo? “Há muito que não falamos”, esclarece Assis.

Expresso – foto Alberto Frias

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