Dezenas
de ex-trabalhadores da antiga Rodoviária de Moçambique - Norte (ROMON) estão há
duas semanas em protesto. Exigem o pagamento das indemnizações, que pedem há já
20 anos, depois da falência da empresa.
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ex-trabalhadores da extinta Rodoviária de Moçambique - Norte (ROMON), entre os
50 e os 75 anos, esperam há duas décadas pelas indemnizações a que tinham
direito após o fecho da transportadora pública. Alguns têm ainda em dívida três
meses de salário.
Alberto
Essara começou a trabalhar como mecânico na ROMON aos 25 anos. Hoje, tem 63 e é
pai de seis filhos. A sua família sobrevive graças à agricultura. Essara não
sabe se algum dia receberá a sua indemnização, mas já fez planos para o
dinheiro:
"Vou
construir a minha casa e deixá-la para os meus filhos quando morrer. Os meus
filhos têm de ficar numa boa casa."
Essara
é um dos ex-trabalhadores que, nas últimas duas semanas, têm protestado junto
ao edifício do Governo provincial de Nampula. Já fizeram soar vuvuzelas, latas
e jerricãs para chamar a atenção do governador para o assunto. Levaram ainda
uma faixa com os dizeres: "Queremos os nossos direitos, cansámos de
enganos e mentiras".
Provas?
A
ROMON foi criada no período colonial. Com a saída dos portugueses, a gestão da
empresa passou para o Governo da FRELIMO, o partido no poder em Moçambique.
A
falência da empresa foi decretada em 1994. Desde então, os trabalhadores nunca
mais receberam. Zio Aruela, de 75 anos, conta que já escreveram ao Governo
moçambicano a exigir o pagamento, sem sucesso.
"Desde
que começámos a exigir não há resultados. Já enviámos muitos documentos ao
ministro dos Transportes e Comunicações [do anterior Governo]. O diretor
provincial dos Transportes diz que o dossier ainda está com o ministro",
refere Aruela.
Por
seu turno, o diretor provincial dos Transportes e Comunicações de Nampula,
Francisco Bonzo, comenta que os manifestantes nunca provaram que são antigos
trabalhadores da ROMON.
"O
Governo fez o recenseamento das pessoas que estiveram a reclamar. Este processo
teve muitas fases e cada fase foi sempre de consenso com os ex-trabalhadores.
Um dos problemas que é preciso resolver agora é encontrar elementos que possam
justificar que eram trabalhadores", diz.
Os
trabalhadores contestam estas declarações. E afirmam que nenhum grupo de
ex-funcionários da ROMON recebeu ordenados, como tem sido dito, explica Alberto
Essara:
"Esses
que estão a dizer que já receberam eram trabalhadores da TPU [Transportes
Públicos Urbanos de Nampula], não os da ROMON. Nenhum de nós recebeu."
Os
antigos trabalhadores da Rodoviária de Moçambique - Norte garantem que vão
continuar em protesto até que seja resolvido o problema. E falam em apresentar
o assunto à comunidade internacional, a quem poderão pedir mediação.
Sitoi
Lutxeque (Nampula) – Deutsche Welle
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