terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Angola. ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO



Jornal de Angola, editorial

A alfabetização em todo o país tem sido uma experiência exemplar ao longo de mais de três décadas e, num momento em que enfrentamos desafios que tornam a literacia  um importante aliado da saúde, vale a pena a aposta.

Em Benguela, a Organização da Mulher Angolana (OMA) encara o repto da alfabetização como uma prioridade no apoio aos esforços do Executivo para a aceleração escolar de cidadãos iletrados. A responsável da OMA naquela província, Leonor Fundanga, assegurou que a estrutura que dirige, com o envolvimento de todas as suas filiadas, pretende empenhar-se na luta contra um dos flagelos que emperram o desenvolvimento do país.

Na verdade, o analfabetismo constitui um grande empecilho  à realização pessoal, inclusive a partir das coisas elementares da vida e com forte peso na gestão da saúde,  relações familiares e na comunidade.  Apesar do crescente índice de literacia, cerca de um terço da população angolana é ainda iletrada, razão pela qual urge alterar o presente quadro com processos massivos de alfabetização em todo o país. O exemplo de Benguela deve ser seguido por outras províncias do país para que sejamos capazes de enfrentar os numerosos desafios com sucesso.

Um adulto iletrado constitui um fardo para si mesmo, para a família, para a comunidade e para o Estado por várias razões. Dominados pelas amarras do analfabetismo, milhares de angolanos enfrentam muitas barreiras para levar uma vida digna numa altura em que os desafios ao nível da saúde, educação, higiene e segurança dependem da condição literária. Quando o Estado se mobiliza para fazer frente a desafios provocados por doenças e tudo que lhe esteja associado, é fundamental que as populações dominem determinadas orientações e passos, não raras vezes  escritos e carecendo da sua leitura.

Acreditamos que um adulto alfabetizado lida melhor com as exigências ligadas à preservação da saúde e prevenção contra as doenças que uma pessoa iletrada. A simples leitura de um receituário médico pode ser vital durante a medicação ou na hora de se evitar determinadas enfermidades. As advertências de segurança em determinados lugares só podem ser acatadas por pessoas letradas e livres do obscurantismo provocado pelo analfabetismo.

São vários os exemplos das vantagens completamente incomparáveis resultantes da alfabetização, factos que deviam servir como razões mais do que suficientes para o ingresso em massa às aulas de alfabetização. É bom saber que a OMA abraçou um projecto, em parceria com Governo Provincial de Benguela e a Direcção da Educação, que visa erradicar o analfabetismo sobretudo nas comunidades rurais.

Trata-se de uma iniciativa que deve contar com apoio das instituições públicas e privadas porque o aumento da literacia acaba por contribuir para maior participação na vida social, económica e cultural. Quanto maior for o grau de instrução através do  Programa de Alfabetização e Aceleração Escolar (PAAE), melhor servida fica toda a sociedade, a começar pelas famílias, as comunidades e os empregadores.

Com 1.701 salas de aulas para o Programa de Alfabetização e Aceleração Escolar, acreditamos que Benguela está na vanguarda da campanha de alfabetização, um acto que, no quadro do Programa de Alfabetização e Aceleração Escolar,  dá equivalência da sexta classe após três anos de frequência  às aulas de alfabetização. E os números espelham bem o interesse pelo ingresso das populações, sobretudo no meio rural, numa altura em que não faltam incentivos. Segundo dados avançados pela OMA, das 101.743 pessoas, das quais 79.062 mulheres, enquadradas na alfabetização, entre 2011 e 2015, obtiveram aproveitamento positivo. Afinal, o ingresso é gratuito e as pessoas adultas, na condição de iletradas, precisam de vencer o estigma e ingressar às aulas de alfabetização para bem de si mesmas, da família e da comunidade.

É fundamental que um pouco por todo o país, continuem a ser realizados campanhas de sensibilização, palestras e iniciativas semelhantes para que as famílias encarem a alfabetização como um elemento fundamental para a construção de um país mais equilibrado, mais fraterno, mais justo, mais democrático e mais solidário. Fazemos votos de que as estruturas ligadas ao processo em curso em todo o país, que visa dar corpo à iniciativa do Executivo conhecida por Programa de Alfabetização e Aceleração Escolar, sejam acompanhadas de formação e capacitação dos alfabetizadores.

E para o sucesso das acções em prol da erradicação do analfabetismo é  igualmente importante que fique assegurada a remuneração condigna dos alfabetizadores e a criação de condições para o surgimento de mais salas de aulas. Não há dúvida de que nesta obra o Executivo conta com todos, inclusive com a  colaboração das igrejas, das associações profissionais e outras organizações da sociedade civil, tornando possível a erradicação do analfabetismo.

Sem comentários:

Mais lidas da semana