sexta-feira, 24 de abril de 2020

Portugal | Assim se fez uma revolução... com alguns PIDES em cuecas


A polícia política da ditadura Salazar/Caetano (PIDE/DGS), inspirada na Gestapo de Hitler, também caiu em 25 de Abril de 1974. As instalações da Rua António Maria Cardoso, no Chiado, em Lisboa, foram cercadas pelos militares de Abril e por populares. A primeira reação dos PIDES foi disparar através das janelas do edifício-sede contra portugueses que se encontravam a alguma distância mas ao alcance do poder de fogo das armas que possuíam. 

Para além dos assassinatos cometidos durante a ditadura pela PIDE, ainda mais seis cidadãos portugueses foram ali assassinados naquele dia por energumenos agentes daquela polícia repressora que apesar de cercada, a saber que o regime fascista havia caído, não tiveram o discernimento de se renderem aos militares de Abril, preferindo derramarem mais sangue de patriotas que simplesmente ali se deslocaram a exigirem a sua prisão e apuramento das responsabilidades dos seus crimes.

Pelas traseiras do edifício sede da PIDE alguns elementos conseguiram fugir. Outros foram intercetados, Na revolução esses passaram a ser identificados por PIDES EM CUECAS - revistados para ser segura a convicção de que não possuíam armamento. 


A complacência errónea dos militares da revolução para com os carrascos da PIDE,  torturadores e assassinos de tantos portugueses, permitiu que muitos deles escapassem sem julgamento. Alguns foram detidos mas a maioria conseguiu fugir para a vizinha Espanha, Brasil e outros países. Nem mesmo os assassinos do general Humberto Delgado sofreram os efeitos justos pelo crime de que foram protagonistas. Afinal, como muito ainda assim consideram, foi uma revolução de cravos e de bananas.

Também os autores dos disparos mortais sobre as derradeiras vítimas da PIDE, na António Maria Cardoso (atrás citado) foram esquecidos, com total ausência de empenho em os identificarem. Até hoje.

A esses, aos seis portugueses que foram ali assassinados, o esquecimento contempla a impunidade assinalada numa placa alusiva numa das paredes do local em que seus corpos caíram baleados, sem vida. Essa mesma placa foi posteriormente roubada e desaparecida nas poeiras da luta contra a repressão daqueles algozes da ditadura salazar/caetano. Da luta contra o fascismo.

Foi implementada, logo em Abril de 1974, a teoria dos bons e dos maus PIDE's (Polícia Internacional e Defesa do Estado), para passado poucos meses todos eles se transformarem em boas pessoas, imensos escriturários "inocentes" ou "inocentes" agentes de fronteiras... A impunidade floresceu e nem a história bem elaborada sobre a hedionda PIDE foi passada às gerações do pós-25 de Abril de 1974. O branqueamento de um dos mais longos períodos  de crimes do estado fascista continua a vigorar.

E assim aconteceu uma revolução florida, dos cravos.

Redação PG | Imagens: Eduardo Gageiro

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