quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Angola | GUERRILHEIRAS GRAVIDAS COM DIAMANTES DE SANGUE

Artur Queiroz*, Luanda

Fátima Roque acaba de publicar um livro com as suas memórias de guerrilheira da UNITA, entre 1975 e 2002. Tive uma ideia. Vou escrever um livro sobre as minhas memórias de marciano, entre 1975 e 2002. Contarei as viagens que fiz aos confins da Terra, a Vénus, mais conhecida como a Estrela da Tarde (nada tem a ver com camisinhas) e à Jamba, um país fabuloso que tinha dois milhões de habitantes, 30 mil soldados, um sinaleiro e um presidente que governava a golpes de fogueiras. Estava fora do sistema solar.

A escritora conta tudo excepto como se fazia o tráfico dos diamantes de sangue, que engordaram a pança do defunto ex-marido, Horácio Roque. O milionário, nos seus tempos de proletário, era criado de mesa na Mónaco e de um dia para o outro apareceu como sócio do Colégio Viriato, em Luanda. O dono principal era um tenente misteriosamente afastado das forças armadas portuguesas e tinha uma relação especial com a PIDE. Adiante que se faz tarde.

O BANIF faliu quando a UNITA ficou sem acesso aos diamantes de sangue. Li o livro da guerrilheira Fátima e não vi uma linha sobre este milagre económico à Rasoilo e Gustavo Costa. As filhas de Fátima e Horácio sacaram milhões. A última mulher, Dona Paula Caetano, também sacou milhões. A UNITA anda a sacar dinheiro “a descoberto” porque as guerrilheiras tipo Fátima Roque cassumbularam o kumbu. Cassumbula não pega!

Angola foi uma mina para Horácio, Fátima, Teresa, Paula Cristina e Dona Paula Caetano. Pouco tempo depois da morte de Jonas Savimbi, o BANIF entrou em queda livre e foi à vida. Centenas de desgraçadas e desgraçados que lá depositaram as suas poupanças, andam a contar tostões. A guerrilheira Fátima escreve livros. Fim feliz para ela, fim trágico para quem confiou no banco da UNITA. E se em Angola alguém confiar no Galo Negro, a tragédia bate à porta de milhões.

Uma tal Paula Cristina Roque, de um dia para o outro, tornou-se uma guerrilheira da Jamba. Dá longas entrevistas a pasquins controlados pelo Galo Negro e a uns famintos que se fazem passar por jornalistas. Cuidado! A mulher tem tempo de antena como nunca se viu. Fui saber porquê. A Irmandade Africâner dá-lhe gás. E a guerrilheira é free lance dos serviços secretos mistos, apartheid-ramafosa. Soma os diamantes de sangue aos rands karkamanos.

A sua última entrevista é a prova evidente de que a UNITA está nas lonas. Se tem de fazer da guerrilheira Paula Cristina Roque a boca alugada para divulgar a sua doutrina e atacar o MPLA, as coisas estão piores do que parece. Esta heroína da UNITA e da Irmandade Africâner (nazi) tem no seu currículo uma obra espectacular, doutorou-se em Oxford (secção dos serviços secretos só para karkamanos), com uma tese sobre o “estado paralelo rebelde da UNITA”. 

 Ela conheceu bem esse estado porque ia todos os anos à praia da Jamba e à noite jogava nos casinos ou abanava o capacete nas discotecas. Foi lá que conheceu a guerrilheira Fátima Roque. Se uma Roque é perigosa, duas são o perigo em forma de gente! A Paula Cristina também conheceu o João Soares no estado da Jamba mas ele já estava comprometido com Jonas Savimbi. Teve de contentar-se com o Abílio Camalata Numa e um vibrador. 

Na entrevista, esta guerrilheira da estirpe Roque, afirma que a empresa espanhola INDRA, parceira da Comissão Nacional Eleitoral, “está associada a várias irregularidades de eleições passadas – embora nunca fossem provadas, de forma concreta – e por isso há um grau elevado de suspeição. Desde 2008 que a INDRA tem desempenhado um papel na logística e funcionamento do processo eleitoral que deram vitória ao MPLA.” Perceberam? A INDRA está ligada a irregularidades. Mas “nunca foram provadas”. São as aldrabices da UNITA no seu pior.

A INDRA é uma das empresas líderes mundiais em tecnologia e consultoria. É líder mundial no fornecimento de soluções nos mercados de Transporte e Defesa. É a empresa líder em transformação digital e consultoria em Tecnologia da Informação. Tem receitas anuais na ordem dos três mil milhões de euros, filiais em 46 países e operações em mais de 140 países. Entre eles, os EUA e vários da União Europeia. Uma guerrilheira da UNITA e da Irmandade Africâner diz que ”está associada a várias irregularidades”. Porquê? A UNITA perde as eleições e a culpa é do material!

Esta guerrilheira Paula Cristina Roque, escorrendo sangue pelos cantos da boca devido a um excesso de ingestão dos diamantes roubados aos angolanos. Do alto da sua sabedoria disse isto: “O MPLA não tem condições para ganhar as eleições, dada a saturação popular e os erros de governação”. Cientista de peso, ela acrescenta: “Parece-me que existe uma vontade grande de alternância e de novas visões políticas para o País”. A mim parece-me que a guerrilheira Paula Cristina nasceu com um defeito genético: Tem o cérebro alojado no dedo pequenino do pé direito. Parece, não tenho a certeza. Mas os seus raciocínios cheiram a chulé.

Só uma doutora por Oxford consegue afirmar isto: “O partido no poder vai fazer tudo para garantir uma vitória eleitoral – usando o aparelho do Estado, fundos públicos e privados, o aparelho de Segurança, a órgãos paralelos para implementarem uma estratégia para as eleições que garantem a derrota da oposição”. Aquela mente iluminada consegue descobrir que um partido vai a eleições e faz tudo para ganhar. Tem alguma razão, o partido que lhe paga, a UNITA, vai a votos e faz tudo para perder. Mas isso é porque tem saudades do “estado paralelo da Jamba”. 

A doutora, na sua entrevista, disse algo de novo. Nunca jamais em tempo algum alguém afirmou o que ela afiançou: “Infelizmente tudo indica que haverá fraude eleitoral em 2022”. Mas levantou o véu da estratégia do Galo Negro: “Há necessidade de manifestação”. Não mandou os bandidos para a rua, mas lá chegará. E mais esta pérola: “Em virtude dos problemas sociais e económicos começamos a ter uma situação que pode resultar em tensões políticas muito graves”. Esta entrevista foi dada antes da fuga do engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior para Lisboa, capital do Ultramar. Porque a estratégia mudou e muito.

 O banditismo político tem os dias contados. Já se percebeu que se a UNITA continuar a semear o caos, obriga a respostas musculadas em defesa da democracia. Nesse terreno, o Galo Negro arrisca seriamente ter menos votos do que em 2017, com esquina ou sem esquina, à frente ou atrás. 

Em Portugal as eleições deram a vitória ao Partido Socialista e atiraram ao fundo com o Bloco de Esquerda, mentor do Bloco Democrático esquinado com a UNITA. O pior foi o avanço dos fascistas, xenófobos e racistas. É o 25 de Abril a dar as últimas. Tenho pena. 

* Jornalista

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