Paula
Santos – Expresso, opinião
A
realidade do nosso país demonstra bem as consequências da integração
capitalista na União Europeia. Nas últimas décadas foram destruídos milhares e
milhares de postos de trabalho, com o desmantelamento do setor produtivo - a
destruição da indústria com o encerramento de muitas empresas e a destruição do
setor das pescas e da agricultura, com a atribuição de subsídios para o abate
da frota pesqueira e para que as terras não produzissem. Tais políticas
comprometeram o desenvolvimento e o progresso do país. E o resultado está à
vista: declínio económico e retrocesso social. Contrariamente ao que muitos
julgam, Portugal perdeu mais, do que ganhou, com a integração europeia, que nem
os fundos comunitários compensaram tais perdas.
A
União Económica e Monetária, o Tratado Orçamental, a governação económica e a
União Bancária só vieram agravar as condições de vida dos povos, para além de
constituírem instrumentos de uma inaceitável ingerência na independência e
soberania dos Estados.
Para
o diretório da União Europeia e o grande capital, as condições de vida dos
povos não têm nenhum valor, o que interessa é manter o saque dos recursos
públicos a pretexto da consolidação das contas públicas, para continuarem a
acumular riqueza à custa do empobrecimento dos trabalhadores. Infelizmente o
nosso país é um bom exemplo. Nos últimos anos, os PEC's, o Pacto de Agressão da
troica e os ditames da União Europeia trouxeram ao nosso país mais desemprego,
mais pobreza - os dados da pobreza dizem-nos que entre 2009 e 2013 a pobreza
aumentou 45%, atirando para a pobreza mais de 800 mil portugueses - e mais
dificuldades no acesso a direitos fundamentais.
Atualmente
as atenções estão dirigidas para a Grécia. Os últimos desenvolvimentos revelam
uma inaceitável ingerência, chantagem e pressão sobre o povo grego. Chantagens
e pressões que já tínhamos assistido nas eleições na Grécia, e que procuraram
condicionar a livre opção do povo grego.
Tais
atitudes demonstram a verdadeira natureza da União Europeia, ao serviço do
grande capital. Procuram por todos os meios limitar, restringir e impedir que
os povos sejam soberanos, para que se submetam às diretrizes e orientações da
capital.
Torna-se
cada vez mais claro que só uma rutura com estas políticas e orientações que
sustentam o processo de integração capitalista europeu e os seus instrumentos
(União Bancária e Monetária, Tratado Orçamental, governação económica e a União
Bancária) resolverá os problemas com que os Estados e os povos se confrontam no
plano económico e social. Torna-se cada vez mais claro, a urgência da
renegociação da dívida, da preparação da saída do país do euro e do controlo
público da banca, para abrir perspetivas de desenvolvimento e progresso com a
adoção de uma política alternativa, que aposte no aparelho produtivo, no
controlo público de setores estratégicos da economia, na redistribuição da
riqueza, numa justa política fiscal, na garantia dos direitos sociais e na
afirmação da nossa independência e soberania.
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