Martinho
Júnior, Luanda
“O
Nascedor
Por
que será que o Che
Tem este perigoso costume
De seguir sempre renascendo?
Quanto mais o insultam,
O manipulam
O atraiçoam
Mais ele renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Tem este perigoso costume
De seguir sempre renascendo?
Quanto mais o insultam,
O manipulam
O atraiçoam
Mais ele renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Não será por que Che
Dizia o que pensava e fazia o que dizia?
Não será por isso que segue sendo
tão extraordinário,
Num mundo onde palavras
e atos tão raramente se encontram?
E quando se encontram
raramente se saúdam,
Por que não se reconhecem?
Eduardo
Galeano”
1
– O 1º dia do mês de março-mulher foi na América Latina mais uma lufada de ar
fresco, oxigenando o tão conspurcado ambiente global.
A
América Latina vai marcando a diferença por via da transformação dos seus
próprios processos sócio-politicos, socializando-os gradualmente e remetendo as
oligarquias nacionais agenciadas pelos interesses e conveniências do império,
para o beco sem saída que criou com as suas opções.
A
resistência aos deliberados vínculos capitalistas neo liberais, impostos pela
hegemonia unipolar ao seu “pátio traseiro”, “explodiu” em
molduras de multidões que assumiam nas praças públicas a sua identidade plena
para um novo protagonismo de pátria, independente, soberana e integradora,
proposta por alguns dos dirigentes mais clarividentes, progressistas e
desassombradamente lutadores do quadrante Sul!
Foi
assim em Buenos Aires ,
em Caracas e em Montevideu… onde as praças se tornaram, neste 1º de março do
mês mulher, em santuários dos povos!
2
– Em Buenos Aires
largos milhares identificaram-se com a Presidente Cristina Kirchner na altura
do seu balanço social, económico, industrial e tecnológico, perante a 133ª
Sessão do Congresso!
A
Argentina está a reduzir drasticamente a sua dívida externa em relação ao seu
Produto Interno Bruto, o que permite não mais pagar juros sobre os juros das
dívidas.
A
partir de agora se a Argentina se endividar é para cumprir com programas de
desenvolvimento e não para ganhos do sector financeiro internacional!
A
Argentina prepara-se para assumir a estatização de todas as ferrovias do país,
o que dá outras garantias aos seus usuários e aumenta exponencialmente a
expansão da rede, particularmente em direcção a áreas de menor densidade
populacional.
A
Presidente Cristina Kirchner ao conduzir esse processo está a marcar e liderar
a mobilização patriótica de amplos sectores populares e a granjear a simpatia
de todos aqueles que se propõem à integração hemisférica na América Latina.
3
– Em Caracas, perante a descoberta de mais uma tentativa de golpe de estado,
numa altura em que a situação económica do país é preocupante em função da
evolução da cotação média do barril do petróleo e de açambarcamentos de
sectores retrógrados da sociedade venezuelana, a mobilização popular em torno
do Partido Socialista Unificado da Venezuela, dos ideais bolivarianos e do
Presidente Maduro, fez-se sentir expressivamente.
Outras
cidades do país seguiram o exemplo da capital.
O
plano do golpe de estado, envolvendo sectores da oligarquia nacional servis ao
império e em estreita ligação a meios instrumentalizados por ele, foi
desmascarado, exposto, com os seus interventores detidos e conduzidos a
processos judiciais, que se juntaram a outros já em curso.
O
projecto progressista teve inteligência e capacidade para se defender e inibir
a sua subversão num contexto conturbado de desestabilização provocado a partir
do exterior pelos vínculos poderosos da hegemonia unipolar!
A
luta na Venezuela é decisiva para o processo bolivariano de integração em
curso, envolvendo organizações como a ALBA, a UNASUR, ou a CELAC,
como também é decisivo como inspirador em relação às transformações
sócio-políicas em curso na América Latina, envolvendo as massas populares e
garantindo o aprofundar da democracia, abrindo-a à participação.
Caracas
encheu-se das cores nacionais e de vermelho, como nos tempos decisivos de Hugo
Chavez!
4
– Montevideu teve também o seu dia 1º de março por motivos da transferência de
poderes entre o cessante Presidente José “Pepe” Mujica e o seu
sucessor, Tabaré Vásquez.
Esse
foi um motivo para lembrar as vias de desenvolvimento do país, sentidas durante
o mandato de Mujica: a diminuição da pobreza, o crescimento do emprego, o
aumento dos rendimentos e a diversificação energética.
O
caminho progressista já está a produzir os seus frutos e esse foi também um
motivo para se exaltar as qualidades de “Pepe” Mujica enquanto
Presidente: a sua visão de vanguarda, resguardada na sua simplicidade de
sóbrios comportamentos e rigor.
Avesso
a qualquer tipo de auto promoção, ou de benefícios indevidos, José “Pepe” Mujica,
corajoso guerrilheiro Tupamaru que enfrentou 15 anos de prisão impostos pela
ditadura contra a qual lutou, marcou e marca com seu exemplo em todas as
latitudes e longitudes, conforme à sua franqueza, reconhecida
internacionalmente e a todos os níveis.
Os
seus pronunciamentos têm sido divulgados, sendo notável o seu desassombro, a
qualquer nível de suas intervenções, reconhecidamente anticapitalistas e
seguindo a lógica com sentido de vida, de acordo com profundas convicções, com
princípios socialistas e um amor rigoroso pela humanidade!
Diz
ele entre muitas outras frases que o demarcam das conjunturas manipuladas do
mundo:
“O
deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de
felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir"…
A
transferência de poderes conforme modelo que foi seguido em Montevideu, perante
os olhos de todo o povo uruguaio e do mundo, em parte alguma poderia ter sido
tão bem concebido em termos de felicidade colectiva e rigor!
5
– A América Latina vai dando incomparáveis exemplos de luta em benefício de
seus povos e dos povos de todo o mundo.
Os
que despontaram logo no 1º dia do mês de março-mulher, não podiam ser melhores
para este lado do Atlântico Sul, numa África em que tardam os “nascedores”,
muito embora a tradição de luta em prol da libertação contra o colonialismo e o “apartheid”!
A
hegemonia unipolar, em especial nos países que bordam o Atlântico, vai
conseguindo a ascensão de oligarquias dóceis, assimiladas, que pouco a pouco
atentam contra a harmonia e desequilibram as conjunturas patrióticas dos seus
povos, monopolizando a “representatividade” inerente aos seus frágeis
processos democráticos.
Sob
o ponto de vista económico, essas oligarquias tendem a, através de mal paradas
parcerias público-privadas, sorverem as finanças do estado e esvaziarem-no de
seus conteúdos em termos de independência, soberania e responsabilidades
sociais, numa espiral mercenária que começa a envenenar a lógica com sentido de
vida que advém do movimento de libertação!
África
está a ir precisamente no sentido inverso da América Latina, mas nas suas
conturbadas sociedades, perante as avaliações que por vezes são expostas a olho
clínico e nu, há muitos que, face à intoxicação global que lhes toca, não podem
deixar de absorver a lufada de ar fresco que sopra das Américas, até por que,
como durante toda a sua vida estiveram comprometidos e identificados com os
povos, expressam claramente: “não foi nada disso que a gente combinou”!!!
Foto
das manifestações populares registadas a 1 de março em Buenos Aires
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