Uma
semana após o assassinato de Gilles Cistac, a polícia moçambicana ainda não
apresentou dados consistentes sobre a investigação. Velório do
constitucionalista realiza-se na tarde desta terça-feira (10.03), em Maputo.
O
corpo de Gilles Cistac segue na quinta-feira (12.03) para França, a sua terra
natal, onde será enterrado. O constitucionalista, conhecido por defender teses
nem sempre favoráveis à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido
no poder, foi assassinado a tiro na terça-feira (03.03) da semana passada por
desconhecidos, à saída de um café no centro da capital, Maputo.
Até
ao momento, a Polícia da República de Moçambique (PRM) não deu a conhecer novos
elementos sobre o homicídio do constitucionalista, alegando que assim não põe
em causa a investigação. Na última sexta-feira (06.03), o ministro do Interior,
Jaime Basílio Monteiro, garantiu que já havia pistas.
A
DW África falou sobre as investigações com o porta-voz do comando da polícia da
cidade de Maputo, Orlando Mudumane.
DW
África: Qual o ponto de situação das investigações sobre o assassinato de
Gilles Cistac?
Orlando
Mudumane (OM): A polícia está a trabalhar neste momento no sentido de
esclarecer o caso. Estamos numa fase de instrução, que tem um carácter secreto
para bem da própria investigação. Neste momento não há nenhum dado que possa
ser tornado público sob pena de pôr em causa a própria investigação. Mas o que
se garante é que várias linhas operativas da PRM, sobretudo da Polícia de
Investigação Criminal, estão no terreno no sentido de neutralizar os autores do
macabro crime, para que sejam responsabilizados.
Indivíduos
especializados neste tipo de crime estão a trabalhar para que essas pessoas
sejam encontradas e responsabilizadas, leve o tempo que levar. Queremos
tranquilizar os moçambicanos e a família do malogrado. A polícia está a fazer
tudo e vai encontrar esses indivíduos, que serão levados à barra do tribunal.
DW
África: Algumas pessoas em Moçambique dizem que a polícia não terá respeitado
os procedimentos de perícia na altura do crime. Confirma?
OM: A
polícia dirigiu-se ao local do crime e fez o que tinha de fazer nos primeiros
momentos, logo que chegou ao local. As pessoas são livres de fazer o
ajuizamento que entenderem. Se houve uma ou outra falha, isso não significa que
a polícia não esteja interessada em esclarecer o crime. Se houve uma ou outra
falha, são falhas inerentes ao próprio trabalho - pequenas falhas que foram
pontualmente corrigidas. E neste momento o que interessa é que as pessoas
confiem na capacidade da Polícia da República de Moçambique, nas pessoas que
estão no terreno a investigar este caso para encontrar os responsáveis por este
macabro crime.
DW
África: Confirma que a PRM terá solicitado a ajuda da Polícia Internacional
(Interpol) para este caso?
OM: Não
confirmo, não tenho essa informação. Mas quero garantir que a Polícia de
Moçambique irá fazer tudo o que for necessário para esclarecer este crime. Se
houver necessidade disso, poderá fazê-lo, mas neste momento não confirmo essa
situação.
DW
África: A PRM sente que tem capacidade para conseguir neutralizar este tipo de
criminosos?
OM: Tem
capacidade, sim. Como disse, é preciso que as pessoas confiem no trabalho que a
polícia está a fazer, que confiem na PRM. A Polícia da República de Moçambique
tem capacidade para esclarecer qualquer tipo de crime. Pode levar o tempo que
levar, mas a seu tempo o caso será esclarecido. A polícia já esclareceu tantos
outros casos e acredita-se que este também será esclarecido.
Nádia
Issufo – Deutsche Welle
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