Pedro
Tadeu – Diário de Notícias, opinião
Maria
Luís Albuquerque acha que a Segurança Social, como está, entra em rutura e, por
isso, defende cortes definitivos nos valores pagos aos atuais pensionistas.
A
obsessão de sangrar a Segurança Social vem de longe. Nos anos 80 do século
passado já eu ouvia as atuais teses, agora dadas a beber aos cérebros tenros
dos jovens da JSD, esponjas prontas a absorver para o resto da vida a
"lição" da ministra das Finanças.
Naquela
época os fundamentalistas mais radicais da fé na santa Thatcher defendiam mesmo
o fim das reformas pagas pelo Estado: cada um cuidasse, durante a vida ativa,
da sua futura velhice. Ponto final.
As
companhias de seguros trataram, logo, de inventar planos financeiros para quem
aderisse aos seus sistemas. Celebrizou-se, entre os remediados e abonados, a
sigla PPR - Plano Poupança Reforma - que o Estado subsidiava indiretamente com
benefícios fiscais. O mesmo Estado que, sempre que tinha problemas financeiros,
retirava verbas aos cofres da Segurança Social pública...
Em
2008 um dos potentados mundiais desses fundos de pensões, a AIG/Alico, entrou
em colapso e esteve no início da crise financeira dos EUA. Foi o Estado
norte--americano que teve de a salvar, evitando que milhões de
pensionistas/investidores em todo o planeta ficassem sem um único dólar.
Em
Portugal já tivemos a reforma da Segurança Social, em 2007, que alterou os
limites da idade da aposentação. Seguiram-se os cortes "provisórios"
subsequentes à chegada da troika, a tornar magras muitas pensões gordas.
Persiste ainda o congelamento das atualizações do valor da esmagadora maioria
das reformas e a proibição quase total de antecipação de saídas do mundo do
trabalho.
Este
ano, revela o DN, apesar de haver mais reformados, o Estado gasta menos 762
milhões de euros com eles do que em 2011. Mesmo assim, garante a ministra, qual
guru dos anos 80, sem mais cortes definitivos o sistema ruirá.
António
Costa, por seu lado, acha que pode fazer uma redução da Taxa Social Única que
tirará 1850 milhões de euros em quatro anos às receitas da Segurança Social
(contas do jornalista da SIC José Gomes Ferreira) medida que o mais elementar
bom senso adivinha ir descambar na ruína do sistema, dada a incerteza de receitas
alternativas e o facto (apontado ontem pelo mesmo jornalista) de haver um
défice total no sistema de 5300 milhões de euros.
No
fim, Maria Luís e António Costa, por caminhos tão diferentes, chegam afinal à
mesma meta: a falência definitiva da Segurança Social. É incrível! ... Viva o
arco da governação! Vivam PS, PSD e CDS! De uma maneira ou de outra, eles vão
mesmo conseguir dar cabo disto.
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