A
Guiné-Bissau foi a primeira colónia africana a ver a sua independência
reconhecida por Portugal. Golpes de Estado, assassinatos e longos períodos de
instabilidade política têm estrangulado o seu desenvolvimento.
Portugal
reconheceu a independência
da Guiné-Bissau em 10 de setembro de 1974. Um ano antes, o movimento de
libertação já tinha declarado, unilateralmente, a independência do país. Há
exactamente 42 anos, João Bernardo "Nino" Vieira - que por três vezes
seria Presidente do país e viria a ser brutalmente assassinado na sua
residência em 2009 - proclamava nas matas densas de Boé, no sul do país, a
República soberana da Guiné-Bissau.
Desde
então registaram-se ciclos de assassinatos selectivos entre os camaradas do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), que
liderou a luta armada de mais de 11 anos contra o jugo colonial português.
Sucessivos golpes
de Estado, a crise político-militar de 1998, o desrespeito pelas leis
do país, intrigas, disputas partidárias, corrupção no aparelho de Estado,
interesses pessoais acima dos de Estado, falta de diálogo e ganância levaram o
país ao fundo do poço ao longo da sua existência como Estado soberano, de
acordo com historiadores citados pela imprensa nacional.
Violação
de direitos humanos
Augusto
Mário da Silva, atual presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, afirma
que os direitos humanos nunca foram respeitados nestes 42 anos de
independência. "A situação em termos de direitos humanos na Guiné-Bissau é
caótica e muito precária", critica. "Continuamos a assistir a
violações dos direitos humanos a todos os níveis e a instabilidade política e
governativa degrada ainda mais este quadro que por si já é negativo".
Num
país onde todos os setores são prioritários, destacam-se os da saúde e da
educação, por apresentarem os quadros mais nebulosos na África Ocidental. A
mortalidade infantil permanece elevada: 138 crianças em cada mil morrem antes
de completarem um ano e 223 em cada mil morrem antes de completar cinco anos.
Malária, infecções respiratórias, diarreia e má-nutrição são as principais
causas de morte entre crianças.
Os
baixos níveis de educação, a falta de acesso aos meios de saúde e as condições
económicas difíceis da maior parte das famílias são factores que potenciam os
riscos nos cuidados infantis. Apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da
Guiné-Bissau é aplicado no setor da saúde. "Muitas crianças em idade
escolar ainda estão fora do sistema", lembra o presidente da Liga
Guineense dos Direitos Humanos. "E 42 depois, a Guiné-Bissau continua a
assistir, de forma impotente, à morte de mulheres durante o parto",
sublinha ainda Augusto Mário da Silva.
Dependente
de ajuda externa
A
Guiné-Bissau entrou também para a História como país que não consegue viver sem
ajudas da comunidade internacional. Sempre foi dependente das ajudas externas
apesar de ser independente.
Nestes
42 anos da independência, só a vida dos sucessivos ministros e homens do Estado
tem melhorado. A rede de estradas é das mais fracas do mundo. Os parcos
salários ainda não são pagos tempo e há falta de postos de emprego. As
instituições do Estado são frágeis e praticamente não funcionam.
O
fornecimento de luz eléctrica e de água canalizada estão ainda muito aquém das
expectativas. Também faltam infraestruturas competentes para o ensino superior,
entre vários outros setores que nunca funcionaram.
Face
a esta situação, vários quadros seniores guineenses acabaram por abandonar o
país em busca das melhores condições de trabalho no exterior. Para os críticos,
apenas dois setores funcionaram durante os últimos 42 anos: a cultura e o
desporto.
Braima
Darame (Bissau) – Deutsche Welle
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