O
secretário-geral do PCP disse este sábado que "estalou o verniz
democrático a muitos" face à possibilidade de um governo à esquerda e
reiterou que o Partido Socialista só não forma governo se não quiser.
"Um
problema que se revela cada vez mais sério e com consequências preocupantes na
democracia portuguesa é este domínio quase absoluto dos grandes interesses e
dos grupos económicos e dos seus arautos no sistema mediático, onde a
pluralidade de opinião se vem extinguindo e a isenção no comentário
político-ideológico é uma raridade", acusou o secretário-geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, durante um comício no Porto, acompanhado pelo candidato
presidencial Edgar Silva.
Para
o dirigente comunista, as conversações entre PS, PCP e Bloco de Esquerda
geraram uma reação: "Os despautérios que vimos, ouvimos e lemos de uns, o
tom de arrogância que alguns manifestavam nas suas invetivas contra o PCP, a
raiva incontida de outros perante a mera hipótese de que da nova Assembleia da
República pudesse sair um Governo que não é do PSD e do CDS revelam bem até
onde pretendem ir os interesses dominantes na sua campanha antidemocrática e
desestabilizadora".
"Toda
a argumentação para demonstrar que os votos que servem as suas pretensões são
votos de primeira e os que não servem são votos de segunda. Os que antes
peroravam abundantemente e lastimavam que o PCP não saísse do conforto do
'partido de protesto' - que nunca fomos - para tentar demonstrar a inutilidade
do voto no PCP, ei-los agora a clamar 'aqui d'el rei' numa encenação
catastrofista, empenhados numa despudorada campanha, numa tentativa de
exclusão", afirmou Jerónimo de Sousa perante um auditório completamente
cheio.
Para
o secretário-geral do PCP, "uma coisa é certa: nada impede o PS de formar
governo e entrar em funções", uma vez que, "mesmo num quadro em que o
PS insista no seu programa e que não seja possível - o que de facto não é fácil
- encontrar uma convergência sobre um programa de governo, nem assim se pode
concluir que a solução seja um governo PSD/CDS".
"O
problema está em saber se o PS escolhe entre dar o aval e apoio à formação de
um governo PSD/CDS ou tomar a iniciativa de formar um governo que tem
garantidas condições para a sua formação e entrada em funções. Há quem possa
considerar estranha esta afirmação", realçou Jerónimo de Sousa, antes de
frisar que "a Constituição não impõe a escolha de um primeiro-ministro
entre os dirigentes do partido ou coligação mais votados".
Para
Jerónimo de Sousa, "o que conta verdadeiramente e determina as soluções
para a governação são as maiorias que se formem na Assembleia da República e
dão suporte a um governo e não a um partido com mais votos".
Assim
sendo, o PCP reiterou que só apresentará "uma moção de rejeição a um
governo constituído pelo PSD e pelo CDS caso se apresente na Assembleia da República".
Jornal
de Notícias – foto Estela Silva / Lusa
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