segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Guiné-Bissau. O QUE NASCE TORTO TARDE OU NUNCA SE ENDIREITA?



A vontade é por demais, a esperança também. Que na Guiné-Bissau tudo se encaminhe para a normalidade característica de um país democrático e em desenvolvimento dos setores que permitam às populações atingirem a meta do progresso e dignidade que todos os seres humanos merecem. Assim não acontece na Guiné-Bissau, flagrantemente. A Guiné-Bissau, infelizmente, cumpre o adágio: “O que nasce torto tarde ou nunca se endireita”. A instabilidade social e política, a péssima qualidade dos políticos, a desonestidade, a divisão semeada, não têm permitido que a Guiné-Bissau atire para longe o que significa o adágio e lhe corresponde enquanto país que, tudo indica, não beneficiou de uma “descolonização exemplar” por parte de Portugal.

O karma é complexo. As grandes vítimas são as populações mais desfavorecidas, a maioria. Os beneficiados são os políticos sem escrúpulos que matam ou mandam matar, que roubam, que fazem do país uma plataforma paradisíaca dos grandes barões da droga. Quem se “lixa” é o povo guineense. Assim tem sido nestes já mais de 40 anos de independência. Para quando a paz e estabilidade tão merecida pelos guineenses?

Resposta a isso, com todos os pontos nos is, não existe. O que existem são tentativas de conseguir conduzir a Guiné-Bissau para a normalidade de uma nação democrática e com a justiça de que carece. Ao longo dos anos o PAIGC – que lutou com armas contra o colonialismo – não conseguiu cumprir as promessas e objetivos de Amílcar Cabral. Parecia que agora, com Simões Pereira, algo semelhante à democracia seria conseguido implementar. Forças contrárias opuseram-se. A confusão é mais que muita. Ao que é dado a conhecer, o PR da Guiné-Bissau é defensor do quanto pior melhor. Aliado a forças políticas defensoras do mesmo estatuto fez regressar ao país a instabilidade que a comunidade internacional julgou definitivamente afastada. Quem quer uma Guiné-Bissau plataforma dos barões da droga? Quem quer manter a instabilidade na Guiné-Bissau? Quem semeia a confusão e a divisão entre as populações?

O que nasce torto tarde ou nunca se endireita? Será realmente assim?

O comunicado do PAIGC que se segue talvez contribua para se entender alguns pormenores. Talvez.

Redação PG / MM

COMUNICADO DO PAIGC

O Secretariado Nacional do PAIGC vem por este meio manifestar publicamente o seu inequívoco repúdio pelas posições que algumas formações políticas têm vindo a assumir, numa clara tentativa de distorcer os factos que têm marcado a forjada crise política que o país enfrenta e moldar uma opinião pública guineense e internacional a favor dos seus interesses.

Causa profunda estranheza, o facto da Direcção Superior de partidos políticos com importante representação parlamentar tentarem escamotear a verdade dos factos acusando o PAIGC de ser o obstáculo no processo da procura de solução consentânea com o problema que o país enfrenta.

Surpreende, com efeito, ao PAIGC, ver toda uma Direcção que sempre mereceu o seu respeito e consideração alinhar-se na estratégia da multiplicação de declarações desprovidas da verdade e desviastes do caminho da solução para o problema real que urge de facto solucionar.

Esta atitude parece forçar o esquecimento da responsabilidade acrescida dessas entidades no panorama político nacional e em especial na actual conjuntura política, facto que o PAIGC lamenta profundamente e procurará superar enquanto partido libertador e força política com maior expressão nacional, alertando para a imperiosa necessidade de se elevar as ações à altura da responsabilidade que a cada um incumbe.

Os partidos políticos em geral, mas especificamente os com importante representação parlamentar devem reconhecer a ANP como espaço privilegiado para o debate político, sendo ainda o epicentro da evocada crise prevalecente. É por isso curioso, ou talvez não, que essas formações políticas não procurem ali a solução para o problema, e a busca de viabilidade no âmbito dessa instituição, onde o seu contributo seria então de primordial importância.

Actuar doutra forma, tal como se tem registrado por parte de algumas formações políticas, coloca a nu ambições desmedidas de branquear o jogo democrático ao esperar governar sem ganhar eleições, transferir para outras instâncias as nossas responsabilidades, promover a política do boicote e da ausência tentando paralisar as estruturas da ANP, nomeadamente as reuniões da Mesa, a Conferência de Líderes e da Comissão Permanente.

Esta atitude revela não só uma deliberada e intencional omissão dos sagrados princípios de separação de poderes, delineada no nosso modelo político-constitucional, como leva à conclusão de que não se está minimamente interessada numa solução que salvaguarde os resultados eleitorais, a legítima vontade do povo, ou eventualmente num resultado que se enquadra com o espírito de uma sã convivência democrática.

O PAIGC faz jus à sua estatura de partido responsável e democrático e convida uma vez mais às forças políticas, sobretudo as com representação parlamentar, a repensarem a sua posição e juntarem-se ao PAIGC, como no passado recente, na busca de uma solução que privilegie em primeira e última análise os interesses superiores do Estado da Guiné-Bissau e do povo guineense.

A única via para se conquistar o poder em democracia é pela via das eleições. O debate de ideias e o exercício contínuo do contraditório assim como a produção dos consensos possíveis, são a força motriz da democracia e devem ser praticados, salvaguardados e promovidos.

Só a verdade e nada mais do que a verdade poderá conduzir os guineenses à paz, ao desenvolvimento e ao progresso.

Este é o desígnio do PAIGC e esse será sempre o empenho da sua actual Direção Superior.

Bissau, 19 de Fevereiro de 2016 - O Secretariado Nacional do PAIGC

Comunicado em Rispito 

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