segunda-feira, 16 de outubro de 2017

POLÍTICAS DO "ARCO DA GOVERNAÇÃO" INCENDEIAM IMPUNEMENTE PORTUGAL






Mário Motta, Lisboa

O inferno voltou a emergir em Portugal, mais concretamente na região centro, novamente, para além de aqui e ali no retângulo luso. Por esta hora o balanço é de 35 mortos e mais de 50 feridos, alguns graves.

A fotografia documenta de modo dantesco o que é o inferno nas zonas mais afetadas pelos fogos. A imagem é referente a Vieira de Leiria, de autor que não conseguimos apurar mas que pela sua expressão realista foi adotada pela ONU numa das suas páginas online. Ao fundo o Pinhal de Leiria, monumento nacional que foi devastado em 80% da riqueza natural de pinheiro bravo e manso. A importância deste pinhal na contribuição da construção de naus que zarpavam rumo ao desconhecido e a que chamaram os descobrimentos foi crucial. Dos pinheiros foi fruto a madeira que navegou contra ventos, marés e tempestades dos marinheiros portugueses que deram mundos ao mundo.

Muito se diz sobre a origem dos fogos. Há relatórios a despencar após eleboração de várias entidades. Há responsabilidades que não são de agora mas de há mais de 20 anos. Estes fogos infernais são o resultado das alterações climáticas, de incendiários, da EDP (como pode ler no título a seguir), disto e daquilo, mas principalmente das políticas erradas de três partidos políticos que têm sido sempre governo interpoladamente: o CDS, o PSD, o PS. Têm sido ministros e secretários de Estado seus (arco da governação) que conduziram ao descalabro e abandono, à anarquia, a que a floresta portuguesa tem estado votada. Abandono, puro e duro. Insensibilidade. Incompetência. Medidas economicistas que também abandonaram os cuidados a ter com as populações que circulam ou residem e laboram nas redondezas das florestas.

Antes, em Pedrógão, há dois meses, o saldo foi de 64 mortos e vários feridos. Hoje o saldo é de mais 35 mortos - um bebé de um mês incluído - 99 mortos no total. E os números ainda são provisórios relativamente aos fogos de ontem e de hoje. Bem podem declarar dias de luto nacional, e conferências de imprensa. Bem pode a atual oposição parlamentar e política "ladrar" a fim de retirar dividendos. Bem pode o PS, atual governo, dizer assim e assado... que de nada vale perante os portugueses que foram literalmente esturricados e pereceram perante as labaredas incontroláveis. De nada vale o que disserem e fizerem aqueles três partidos políticos ou os seus dirigentes e militantes aduladores. O que urge fazer é repensar a defesa da floresta e das populações com os que sabem como fazê-lo, sem lugar a boys e girls das simpatias partidárias dos que foram ou atualmente são governo.

Foram os governos anteriores dos chamados partidos políticos do "arco da governação" que acenderam os fogos que consomem o país e os portugueses que tiveram mortes horríveis. Impunemente, já se sabe. Porque as culpas, o apuramento das responsabilidades com reais consequências, morre sempre solteira. Só a impunidade não arde nas chamas dos incendiários que definiram erradamente, por vezes criminosamente, as políticas a aplicar na gestão e defesa das florestas e das populações vizinhas.

A tristeza e o repúdio mora em casa dos portugueses que ainda distam alguns quilómetros do teatro das chamas que dançam macabramente por muitos hectares do país. Ainda mais tristeza, saudade, dor e revolta, invade os que perderam os seus familiares. Que importa isso se a impunidade é absoluta e até premeia os que são responsáveis por hecatombes de fogos, de pontes caídas, da corrupção e do que mais vier de mal para vitimar os cidadãos portugueses. 

E assim vai Portugal, uns quantos vão bem e muitos milhões vão mal. Estão mal, ainda mais porque acreditam em políticos que se enquadram em molduras criminosas. E votam neles, em busca das desgraças que ainda mais nos hão-de vitimar. É sempre a mesma coisa... nas escolhas, no voto, nas eleições. E daí também há responsabilidade dos eleitores, dos cidadãos.

Abram os olhos, mulas. Diziam os da antiguidade. Pois.

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