segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Por Olof Palme… contra o nazismo!


O artigo de opinião que se segue foi publicado ontem às primeiras horas do dia 9 (domingo), antes das urnas de voto na Suécia abrirem. Afonso Camões, o autor e diretor do JN, lembra Olof Palme, o impulsionador da social-democracia que fez da Suécia exemplo para o mundo. Infelizmente os resultados das eleições demonstraram que nem a social-democracia (de facto), nem a memória da obra de Olof Palm, foram bem lembrados pelos eleitores suecos, que rumaram à direita falsamente dita democrática – capa que esconde o nazismo que a impregna das entranhas à pele exterior. Chamam-lhe extrema-direita, será isso também, mas o mais factual e correto é ser objeto e identificar este avanço eleitoral de movimento nazi que se alarga por toda a União Europeia. Que mais e melhor opção estratégica existe para conquistar a Europa – intenção e ação de Hitler – se não ver os chamados populistas, os da extrema-direita, concretamente os nazis ocuparem muito maioritariamente o Parlamento Europeu, a União Europeia? E depois é que vão ser elas… (PG)

Por Olof Palme!

Afonso Camões* | Jornal de Notícias | opinião

Existe uma lei, não escrita, segundo a qual se um pé não entra no sapato, é talvez mais prático refazer o sapato do que mutilar o pé. E quem diz refazer, diz reformar, exatamente os verbos em que a maioria dos líderes europeus tem revelado maior incompetência, quando se trata de encontrar soluções para assegurar a coesão entre os estados-membros, ou adotar políticas de asilo comuns que permitam enfrentar, de forma solidária, a crise migratória.

Ora, as eleições de hoje, na Suécia, são um duplo teste para toda a Europa. Desde logo porque ocorrem no país que tem sido, ao longo de décadas, um dos faróis da social-democracia europeia, guardiã dos valores do Estado social, e primeiro entre todos a resolver uma crise bancária. Mas dos resultados de hoje esperam-se sinal e resposta a duas questões sensíveis que dividem cada vez mais os suecos: o futuro do "Estado de bem-estar" (sociais-democratas e verdes, no poder, pretendem reforçá-lo, enquanto os quatro partidos do centro-direita preconizam cortes); e o rápido crescimento do populismo anti-imigração, cuja força "Democratas Suecos", de extrema-direita, reclama deportações maciças e veto à reunificação familiar, para além de propor um referendo para saída da União Europeia.

O caudal de audiências desta corrente xenófoba engrossou, sobretudo, com o grande fluxo migratório da Grécia, em 2015, e a proverbial solidariedade pública dos suecos: só naquele ano, este país escandinavo, com uma população inferior à nossa, absorveu 163 mil migrantes em busca de asilo. Hoje à noite, uma sensível inclinação da balança eleitoral para a direita, com o eventual crescimento dos antieuropeus e xenófobos, significaria o refrescamento de um espetro temido e conhecido em Bruxelas: o Swexit. E um imerecido golpe na memória de Olof Palme, antigo primeiro-ministro sueco (assassinado em 1986), um dos europeus que mais apoiaram a democratização portuguesa, pós-revolução, e os movimentos independentistas africanos.

*Diretor do JN

Na foto: Olof Palme (social-democrata, de facto), primeiro-ministro da Suécia assassinado em 1986.

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