Milhares de reformados
manifestaram-se em França para reivindicar maior poder de compra e a defesa do
sistema público de pensões, denunciando as políticas de Emmanuel Macron.
A jornada nacional de mobilização
desta quinta-feira, convocada por nove sindicatos e associações, fez-se sentir
em múltiplos pontos do território francês, onde os manifestantes – reformados e
também trabalhadores preocupados com o actual rumo do país – protagonizaram
acções de protesto contra a política de benesses do presidente francês,
Emmanuel Macron, «ao patronato e aos mais ricos».
Comum a todas as mobilizações –
que, segundo o portal ouest-france.fr, foram as sétimas desde que Macron foi
eleito, em Maio de 2017 – foi a exigência do «aumento generalizado das pensões»
e do poder de compra, bem como da anulação da subida, para os reformados, de um
imposto conhecido como Contribuição Social Generalizada (CSG).
Apesar de, no final do ano
passado – em resposta às exigências do movimento dos Coletes Amarelos –, o
executivo francês ter anunciado a suspensão do aumento do imposto da CSG para
os reformados com pensões mais reduzidas, a medida não surtiu os efeitos
desejados, uma vez que as pensões aumentaram 0,3% no dia 1 de Janeiro, face a
uma inflação de 1,8%.
A medida «enfureceu» ainda mais
um sector bastante afectado pelo «quase-congelamento» das pensões desde 2013,
pelo aumento da contribuição da CGS e pela perda de poder de compra.
«Com este governo, não paramos de
perder poder de compra»
Em Paris, ouviram-se palavras de
ordem em defesa da «revalorização das pensões». Juan Velo, reformado de 71 anos
que assumiu a sua condição de Colete Amarelo, disse ao Ouest-Franceque o
governo «não apenas nos rouba, mas ainda por cima goza connosco».
Em Marselha, onde, de acordo com
os organizadores, se manifestaram 3000 pessoas, sublinhou-se que as pensões são
«um direito conquistado pelo trabalho». Já em Bordéus, Graziella Danguy, um dos
900 manifestantes registados pela Prefeitura, denunciou o «empobrecimento
generalizado dos reformados», sublinhando que têm de recorrer cada vez mais aos
filhos ou pedir ajuda a outras pessoas para conseguirem chegar ao fim do mês.
Defesa de uma política social e
dos serviços públicos
Verificando que muitos
pensionistas são obrigados a cortar nas despesas com a alimentação, a roupa, o
aquecimento e a saúde, os promotores desta jornada de mobilização exigiram a
criação de uma pensão mínima equivalente ao salário mínimo.
Em Rennes, cerca de 300 pessoas
denunciaram o ataque aos serviços públicos. Em Lorient e Brest juntaram-se
também cerca de 300 manifestantes para mostrar a insatisfação crescente com a
política social de Macron e afirmar que «não vão abandonar
nada até verem satisfeitas as suas reividicações».
Em Saint-Brieuc, Alain Prévost,
da CGT, falou para cerca de 200 pessoas, tendo criticado o modo como o governo
«denigre» as «gerações agora na reforma e que ajudaram» a fazer da França uma
grande economia mundial. Em Cherbourg e Caen, 300 pessoas vieram para as ruas.
Daniel Lebourgeois, do sindicato Force Ouvrière, denunciou o «novo ataque ao
sistema de pensões».
As declarações da ministra da
Saúde e da Solidariedade, Agnès Buzyn, de acordo com as quais «um dia será preciso
trabalhar mais, porque, de outro modo, o nosso sistema de pensões não
aguentará», apontam para a intenção do governo francês de aumentar a idade da
reforma ou de privatizar o sistema.
AbrilAbril
Na foto: Os reformados voltaram a
manifestar-se por toda a França contra a política de Macron (na imagem Rennes) CréditosThomas
Brégardis / Ouest-France
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