domingo, 23 de abril de 2023

Portugal | A PAZ E O PÃO

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião 

É triste que a grande crítica quase uníssona, da direita à esquerda volver, seja o facto de Lula da Silva ter afirmado que já é tempo dos EUA e da UE pugnarem pela paz na Ucrânia e investirem nas respectivas diligências negociais. Errado e bizarro é que todas as diplomacias não tenham começado a trabalhar desde 24 fevereiro de 2022 nesse bem precioso (ou, de preferência, até antes - mas será que foi por isso que negaram até ao último minuto que a guerra eclodiria?). Errado e bizarro é que alimentem o conflito de todas as formas, que apostem na escalada bélica, que até a queiram, aparentemente, eterna.

Pensar a paz, falar de paz, defendê-la é tomar o lado russo? Optar pelo diálogo e pelas conversações, procurar poupar milhões de vidas é abandonar a Ucrânia? Possivelmente, como em muitos outros processos negociais, nenhuma das partes veria todas as suas exigências e pretensões realizadas, mas a paz é sempre o único caminho.

Seja como for, é lamentável que o Brasil tenha Lula como presidente da república e que os tontos do nosso regime o chamem para as celebrações da nossa data debute. Lula carrega e representa o odioso do ptralhista, José Dirceu e José Sócrates, a canga toda da corrupção, da lavagem de dinheiro, do Lava Jato, dos ditadores amigos da Venezuela à Nicarágua, passando por Cuba.

Lula no 25 de abril?! Por acaso é alguma referência de civilização? Algum modelo democrático?

Acontece que, até à chegada da comitiva presidencial do Planalto a Lisboa, esta polémica não verteu uma lágrima de tinta ou uma palavra falada em qualquer jornal ou tv brasileira. Os nossos governantes e seus acólitos bem podem beijar os pés e o chão que Lula pisa, que os nossos irmãos "estão nem aí". Não é recíproco. Só que o presidente do Brasil teve que antecipar a sua chegada a Portugal para fugir de escândalos domésticos e, como se não bastasse, a sua mulher foi apanhada já na capital portuguesa às compras numa das lojas ultra luxuosas na Avenida da Liberdade, onde as gravatas custam centenas de euros e as T-shirts milhares. Na véspera da viagem, Lula teve que demitir o ministro responsável pela segurança após a divulgação de um vídeo da invasão em Brasília. Nele, vê-se o general Gonçalves Dias, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional - e elementos da segurança presidencial - a dar apoio aos invasores do Palácio do Planalto, a 8 de Janeiro. Ao lado dos manifestantes violentos, mostram uma conduta passiva e, em alguns momentos, até lhes prestam assistência. Portanto, não se trata de um escândalo qualquer, mas de um assunto magno, de uma impostura e/ou colaboracionismo. Também a "mãe dos pobres", já conhecida como a Janja que Esbanja, torrar dinheiro em bens supérfluos e luxuosos é especialmente mal recebido já que, para além do mais, Haddad quer criar "Digital Tax" - imposto para roupa barata.

E pronto, é isto. É esta gente que Marcelo, o governo e os deputados, querem trazer para a festa dos cravos. E quem se opõe diz que o problema é apelar à paz. Credo. Podia recomendar-se que se juntassem todos para estragar só uma casa. O problema é que estragam duas. E arruínam milhões.

* Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a antiga ortografia

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