Artur Queiroz*, Luanda
As Cruzadas da Igreja Católica contra os “infiéis” foram uma limpeza étnica. Pior, só o colonialismo e o esclavagismo, o holocausto dos holocaustos. Começaram com o extermínio de judeus nos reinos cristãos da Europa. Porque são semitas, como os árabes ou “mouros”. Senhores feudais, reis, bispos e cardeais juntaram milhões de “cruzados” para libertarem a Terra Santa (Palestina) do Islamismo, que na época já era uma civilização muito mais do que uma religião. Organizaram nove expedições militares, ao longo de quase dois séculos (1096-1272). Uma delas com pedintes. Outra com crianças porque são as mais puras dos puros. Morreram todas na viagem e no destino. A décima cruzada está em marcha na Faixa de Gaza.
O Papa Urbano II de hoje é Joe Biden. Os senhores feudais são Netanyahu, Úrsula von der Leyen e seus servos da União Europeia (Macron faz-se passar por Napoleão), Sunak e mais uns quantos vassalos falidos. Hoje os cruzados atacam “infiéis” de Gaza a Moscovo, de Pequim a Teerão. Ontem os cruzados conquistaram e saquearam Jerusalém. Exterminaram milhões.
De passagem pelas terras do
império Bizantino destruíram e saquearam as cidades. No Verão de
O Papa Urbano II convocou as Cruzadas no dia 25 de Novembro de 1095 durante o Concílio de Clermont. Prometeu aos que alinhassem na guerra contra os “infiéis”, a salvação das suas almas. Todos os pecados eram absolvidos. E ficavam dispensados das penitências para sempre. Historiadores defendem que o chefe da Igreja de Roma também queria unificar os cristãos, separados desde 1054 quando nasceu a Igreja Católica Ortodoxa. Desconseguiu. Quanto aos pecados, nunca se sabe.
A cidade de Jerusalém era muçulmana desde o ano 636, quando os bizantinos foram expulsos pelo califa Omar ibn al-Khattab. Os reinos cristãos (todos os reis europeus prestavam vassalagem ao Papa) queriam ver-se livres dos “mouros”. Porque apostavam tudo na ignorância. E o Islamismo significava o contrário. Agora apertem os cintos.
Os árabes instalados na Europa e particularmente na Península Ibérica introduziram técnicas agrícolas revolucionárias, que tiraram os camponeses da miséria. Desenvolveram o comércio. Cunharam moeda. Exploraram as minas. Edificaram cidades como Lisboa, Sevilha ou Córdova. A cultura muçulmana levou ao Ocidente todo o conhecimento que existia no Oriente, desde a China à Índia. Devemos aos islâmicos a tradução dos principais autores da Antiguidade Clássica. Isto nada tem a ver com o Estado Islâmico fundado por Obama e Hillary Clinton.
Os árabes no tempo das Cruzadas eram profundos conhecedores da cartografia e da astronomia, da química e da medicina, da indústria e do comércio, da arquitetura e da matemática, da filosofia e da literatura. Introduziram no Ocidente os algarismos. Ensinaram álgebra. Eram grandes filósofos. Médicos excelentes. Avicena criou uma enciclopédica, a Canon, obra indispensável nas escolas de Medicina. O islamismo era uma civilização, um movimento político, religioso, económico e social. Começou com os árabes mas rapidamente mobilizou andaluzes, iraquianos, berberes, persas, turcos e sírios. Esse mundo está aí. Os EUA querem destruí-lo. Ou confiná-lo. Para isso usam o sionismo fascista instalado em Israel.
O Islamismo era um obstáculo ao Feudalismo instalado nos reinos cristãos da Europa. Por isso os árabes estiveram séculos no ocidente. Tinham o apoio dos povos. Ficaram na Península Ibérica até ao fim da Reconquista Cristã. Portugueses e castelhanos fizeram-se aos mares em demanda da Índia, porque tinham pilotos navegadores, cartógrafos e geógrafos árabes! A península Ibérica (Portugal e Espanha) recebeu os árabes em 711. Ficaram séculos. De Portugal foram expulsos pelos cruzados. Uma carnificina! As Cruzadas não “libertaram” a Terra Santa, mas os cruzados mataram milhões. Até as românticas princesas mouras!
A décima Cruzada está
Em plena décima Cruzada, os fascistas sionistas de Israel já mataram 100 funcionários da ONU, coisa nunca antes vista. Mataram deliberadamente 140 jornalistas ante a indiferença dos Media do ocidente alargado e de Angola. Na Faixa de Gaza os nazis de Telavive destruíram à bomba três universidades, 70 escolas, 30 dos 36 hospitais. Mais de 80 por cento dos edifícios da Faixa de Gaza foram destruídos pelos cruzados de Joe Biden.
A décima Cruzada já provocou dois milhões de palestinos deslocados à força na Faixa de Gaza. Mais de 14.000 crianças foram mortas, número confirmado pela recuperação dos corpos. Muitas mais estão sepultadas sob os escombros das casas, dos prédios, dos infantários, das escolas. Milhares de Mamãs mortas. Os cruzados de Biden já mataram 32.100 civis inocentes.
Os EUA tentaram aprovar no Conselho de Segurança da ONU uma deliberação que exonerava os fascistas sionistas dos seus crimes de guerra. Limpava-lhes o cadastro no Tribunal Internacional de Justiça. Condenava os massacres do HAMAS mas nem uma palavra para o Genocídio na Faixa de Gaza. Dava carta-branca aos nazis de Telavive para exterminarem ou expulsarem os palestinos. Federação Russa e China vetaram! Argélia votou contra, salvando a honra de África. Desconseguiram. Os cruzados, de vingança, atacaram em Moscovo!
A História repete-se. O imperador
Frederico II comandou uma Cruzada para se salvar da excomunhão decretada pelo
Papa. Conseguiu assinar um tratado com o sultão Camil no qual este lhe dava a
posse de Jerusalém, Belém e Nazaré, durante dez anos! Mas em 1244 os cristãos
foram copiosamente derrotados
O Genocídio na Faixa de Gaza e na Cisjordânia vai acabar com uma vitória dos palestinos. Porque são milhões e contra milhões ninguém combate. Quem combater é derrotado. Israel corre o risco de morrer. Nem Biden, o mentor da décima Cruzada, salva os nazis de Telavive.
* Jornalista
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