Ana Sá Lopes –
Jornal i
“O PGR de Angola
deve merecer acrescido respeito”, diz Soares, que considera investimento
angolano em Portugal útil, necessário e bem-vindo”
“Os nossos povos,
português e angolano, são povos irmãos, pelo que é nossa obrigação tudo
fazermos para aprofundar as relações entre ambos. Certos artigos, como o que
referiu, do Expresso, são muito prejudiciais a ambos os povos”. Foi assim que o
ex-Presidente da República Mário Soares respondeu, quando o i lhe pediu um
comentário sobre o actual momento nas relações entre Portugal e Angola, na
sequência da notícia do semanário Expresso sobre a investigação ao PGR
angolano, a que se seguiu um violento editorial do “Jornal de Angola” dizendo
que os investimentos angolanos não seriam bem-vindos em Portugal.
O ex-Presidente da
República afirma, pelo contrário, que “o investimento angolano em Portugal é
útil, necessário e bem-vindo” e que “o cargo de procurador-geral da República
de Angola deve merecer acrescido respeito institucional no quadro das relações
que têm que ser salvaguardadas entre os dois países”.
Mário Soares lembra
que “a importância da comunidade portuguesa em Angola e da comunidade angolana
em Portugal tem de estar sempre presente” e que “equívocos eventualmente
existentes devem ser desfeitos com boa vontade recíproca”.
Soares relembra a
sua história pessoal relativamente à independência de Angola e dos outros
países africanos. “Como é público, fui e sou anticolonialista. Dei a minha
solidária contribuição ao povo angolano e aos demais povos em defesa da
independência. Nunca fui anti-MPLA ou anti-Savimbi. Limitei-me a querer a paz
entre ambos. Defendi, como advogado, dirigentes do MPLA no tribunal plenário de
Lisboa. Fui e sou amigos de muitos como fui do presidente Agostinho Neto, tendo
estado preso ao lado dele no Aljube”.
Depois do 25 de
Abril, “no Portugal libertado coube-me como ministro dos Negócios Estrangeiros
garantir em nome de Portugal o direito inalienável dos povos colonizados à
independência. Nunca escondi o que penso”.
Mário Soares
defende que é preciso “aprofundar cada vez mais as relações entre Portugal e
Angola” e que a polémica desencadeada pela notícia do Expresso “não é positiva
para ninguém, neste mundo global em que tanto conta a lusofonia”.
A LUTA COMUM
Mário Soares
afirma, na sua resposta à pergunta do i, que “como mero cidadão português sem
responsabilidades partidárias hoje”, mas “presidindo a uma fundação que tem um
importante espólio da luta anticolonial de todos os países da lusofonia”, está
disponível para tudo fazer em nome das relações entre os dois povos. “Desejaria
ainda no meu tempo desenvolver esforços mútuos para estabelecer e dinamizar
parcerias com instituições angolanas e de todos os outros países da CPLP no
sentido de legar aos jovens a importância da luta comum dos nossos povos”.
Foi há uma semana
que o Expresso noticiou que o procurador-geral de Angola estava sob
investigação da justiça portuguesa. O “Jornal de Angola” reagiu, em editorial,
apelando ao fim dos investimentos angolanos em Portugal, porque “as elites
portuguesas corruptas não querem nada com angolanos”.
Sem comentários:
Enviar um comentário