Deutsche Welle
Em menos de um mês,
mais de 60 milhões de dados telefônicos de espanhóis teriam sido coletados pela
inteligência americana. Embaixada dos EUA em Madri defende programa de
vigilância.
Após Alemanha,
Brasil e França, foi a vez de o governo da Espanha demonstar sua insatisfação
com as denúncias sobre o sistema de espionagem americano. Nesta segunda-feira
(28/10), o jornal El Mundo revelou que a Agência de Segurança Nacional (NSA)
dos Estados Unidos monitorou comunicações também dos espanhóis.
Segundo informações
fornecidas pelo jornalista americano Glenn Greenwald, só entre 10 de dezembro
de 2012 e 8 de janeiro de 2013, o serviço secreto teria armazenado os números e
locais de 60,5 milhões de chamadas telefônicas na Espanha. Não há confirmação,
porém, que o conteúdo das comunicações tenha sido interceptado.
Além disso, a NSA
também haveria coletado dados pessoais de usuários espanhóis de e-mail,
Facebook e Twitter. Como fonte das revelações, o jornalista cita documentos do
ex-colaborador da NSA Edward Snowden, atualmente em asilo temporário na Rússia.
Em visita à
Polônia, o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel
García-Margallo, comentou à imprensa que, caso se confirme a espionagem pelos
EUA, "isso poderia significar uma ruptura no clima de confiança que tem
tradicionalmente reinado nas relações entre os dois países".
Embaixador é
convocado
O chanceler
espanhol também convocou o embaixador americano em Madri, James Costos, para
comunicar-lhe seu mal-estar quanto à presumível espionagem em massa pela NSA,
que o Ministério das Relações Exteriores qualificou como "imprópria e
inaceitável entre parceiros".
Durante um encontro
de 40 minutos, o secretário de Estado espanhol para a União Europeia, Íñigo
Méndez de Vigo, sublinhou a Costos a importância de "preservar o clima de
confiança que rege as relações bilaterais" entre a Espanha e os EUA. O
diplomata se comprometeu a transmitir a mensagem, afirmando que Washington
"dispersará as dúvidas" que envolvem o caso.
Ainda na última
sexta-feira, o presidente do governo (primeiro-ministro), Mariano Rajoy, havia
assegurado não dispor de provas de que o serviço secreto dos EUA houvesse
praticado espionagem em seu país.
Em comunicado
emitido nesta segunda-feira, a embaixada americana na Espanha alegou que a
atividade da NSA faria parte de programas de segurança nacional que têm
desempenhado "um papel fundamental" na proteção dos cidadãos dos EUA
e na "coordenação com seus aliados".
O órgão lembrou
também que o presidente americano, Barack Obama, ordenou uma "revisão
interna", para assegurar que a informação obtida "não é toda a
inteligência que os Estados Unidos são capazes de coletar, mas sim a
inteligência que deve e tem que ser coletada".
"Vamos seguir
nos consultando com nossos aliados, entre os quais a Espanha, através dos
canais diplomáticos regulares, para fazer frente às preocupações que têm se
apresentado", disse a embaixada dos EUA em Madri.
AV/dpa/rtr/afp/ap
Na foto: Embaixador
dos EUA James Costos (c)convocado por governo espanhol
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