domingo, 27 de julho de 2014

PARA AQUELES QUE NADA MAIS TÊM A PERDER!



Martinho Júnior, Luanda 

1 – Para aqueles que nada mais têm a perder, os sonhos de justiça universal tornaram-se uma autêntica e constante prova, onde quer que ocorra a sua passagem pela vida.

É essa prova que perfaz sua justa rebeldia, a prova de que se alimentam suas convicções e seus princípios, o caminho daqueles que só assim podem afirmar (e deles se poderá afirmar) que “a história os absolverá”!
  
2 – Há 61 anos, a 26 de Julho de 1953, ocorreu o assalto ao quartel Moncada, um dos quarteis de que serviam os instrumentos do poder do ditador-fantoche Fulgêncio Baptista, no tempo em que Cuba era apenas mais uma “república banana”, por parte dum grupo de patriotas cubanos, jovens, destemidos, sonhadores, mas acima de tudo prontos a concretizar a substância de seus propósitos revolucionários em benefício do povo cubano e de toda a humanidade.

Eles identificaram-se como rebeldes até nossos dias, como aqueles que nada mais têm a perder e tanto têm que resgatar e ganhar em prol dos povos e de toda a humanidade.

Por isso Cuba revolucionária teve uma atenção decisiva em relação ao movimento de libertação em África e em relação à luta contra o colonialismo, o “apartheid” e suas sequelas, avaliando que para os resgates profundos que há realizar, a revolução se torna num acto de cultura capaz de vencer o subdesenvolvimento crónico a que uma grande parte da humanidade durante séculos tem estado historicamente votada!

3 – Pouco tempo depois da revolução cubana ter triunfado, os quarteis de que se serviam os fascistas agentes do poder que se instalou em Washington foram transformados em escolas, como um sinal evidente que o analfabetismo dentro de pouco tempo teria seu fim e de que os processos de educação e saúde iriam permitir ao povo cubano alcançar um patamar que garantiria a sustentabilidade do socialismo e do seu futuro digno e livre.

Foi esse longo e decisivo processo antropológico que permitiu a Cuba resistir aos parâmetros da Guerra Fria que o império procurava impor a toda a América Latina e ao mundo… uma Guerra Fria que agora, em segunda fase, começa a ter outras proporções, na medida em que as emergências eclodem em estreita consonância com a integração na América Latina!

4 – Com as convicções da rebeldia revolucionária que reflectem hoje os processos antropológico e históricos da América Latina e de África, aqueles que assumem as linhas que dão seguimento ao 26 de Julho, aspiram a que essas culturas que reflectem também as culturas Ibéricas, permitam criar condições para a integração de ambas as margens do Atlântico, tirando partido do muito que há em comum entre a África lusófona e a América Latina, tendo Cuba revolucionária como um farol tão inspirador de resistência quão de justiça para as relações internacionais, sobretudo relações no âmbito dos activos relacionamentos Não-Alinhados!

5 – Essa aspiração pode ganhar forma no embrião que constitui a CPLP, como dos múltiplos embriões que se desenvolvem no imenso espaço latino-americano, entre eles o MERCOSUR, o UNASUR, a CELAC ou a ALBA.

Cuba tem um lugar garantido na CPLP, conquistado com o sangue de seus melhores filhos na luta de libertação em África e na luta contra o “apartheid” e não são os conceitos abstractos ou ultra conservadores da língua que devem impedi-lo!

A vitalidade da CPLP por outro lado, só poderá ser garantida se houver um respeito progressista e inteligente em relação às questões de antropologia que estão em jogo com a inquinada globalização em curso, como em relação à responsabilidade histórica que advém do passado!

A CPLP só terá efectivo significado e expressão se as linhas do seu crescimento se identificarem com os resgates que há a realizar para que os equilíbrios socialistas globais venham a ser efectivamente construídos, tirando amplo partido dos processos de emergência e de integração que ora se abrem!

Cuba para a CPLP!!!  

Foto: Capa do jornal Ataja que chegou a publicar a notícia da morte de Fidel, intenção do fascismo que pela força das circunstâncias não se pôde concretizar! Durante os 50 anos seguintes os Estados Unidos bem tentaram assassinar o Comandante Fidel, mas graças ao empenho revolucionário, nunca o haviam de conseguir!

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