Martinho
Júnior, Luanda
1
– Para aqueles que nada mais têm a perder, os sonhos de justiça universal
tornaram-se uma autêntica e constante prova, onde quer que ocorra a sua
passagem pela vida.
É
essa prova que perfaz sua justa rebeldia, a prova de que se alimentam suas
convicções e seus princípios, o caminho daqueles que só assim podem afirmar (e
deles se poderá afirmar) que “a história os absolverá”!
2
– Há 61 anos, a 26 de Julho de 1953, ocorreu o assalto ao quartel Moncada, um
dos quarteis de que serviam os instrumentos do poder do ditador-fantoche
Fulgêncio Baptista, no tempo em
que Cuba era apenas mais uma “república banana”, por
parte dum grupo de patriotas cubanos, jovens, destemidos, sonhadores, mas acima
de tudo prontos a concretizar a substância de seus propósitos revolucionários
em benefício do povo cubano e de toda a humanidade.
Eles
identificaram-se como rebeldes até nossos dias, como aqueles que nada mais têm
a perder e tanto têm que resgatar e ganhar em prol dos povos e de toda a
humanidade.
Por
isso Cuba revolucionária teve uma atenção decisiva em relação ao movimento de libertação
em África e em relação à luta contra o colonialismo, o “apartheid” e
suas sequelas, avaliando que para os resgates profundos que há realizar, a
revolução se torna num acto de cultura capaz de vencer o subdesenvolvimento
crónico a que uma grande parte da humanidade durante séculos tem estado
historicamente votada!
3
– Pouco tempo depois da revolução cubana ter triunfado, os quarteis de que se
serviam os fascistas agentes do poder que se instalou em Washington foram
transformados em escolas, como um sinal evidente que o analfabetismo dentro de
pouco tempo teria seu fim e de que os processos de educação e saúde iriam
permitir ao povo cubano alcançar um patamar que garantiria a sustentabilidade
do socialismo e do seu futuro digno e livre.
Foi
esse longo e decisivo processo antropológico que permitiu a Cuba resistir aos
parâmetros da Guerra Fria que o império procurava impor a toda a América Latina
e ao mundo… uma Guerra Fria que agora, em segunda fase, começa a ter outras
proporções, na medida em que as emergências eclodem em estreita consonância com
a integração na América Latina!
4
– Com as convicções da rebeldia revolucionária que reflectem hoje os processos
antropológico e históricos da América Latina e de África, aqueles que assumem
as linhas que dão seguimento ao 26 de Julho, aspiram a que essas culturas que
reflectem também as culturas Ibéricas, permitam criar condições para a
integração de ambas as margens do Atlântico, tirando partido do muito que há em
comum entre a África lusófona e a América Latina, tendo Cuba revolucionária
como um farol tão inspirador de resistência quão de justiça para as relações
internacionais, sobretudo relações no âmbito dos activos relacionamentos
Não-Alinhados!
5
– Essa aspiração pode ganhar forma no embrião que constitui a CPLP, como dos
múltiplos embriões que se desenvolvem no imenso espaço latino-americano, entre
eles o MERCOSUR, o UNASUR, a CELAC ou a ALBA.
Cuba
tem um lugar garantido na CPLP, conquistado com o sangue de seus melhores
filhos na luta de libertação em África e na luta contra o “apartheid” e
não são os conceitos abstractos ou ultra conservadores da língua que devem
impedi-lo!
A
vitalidade da CPLP por outro lado, só poderá ser garantida se houver um
respeito progressista e inteligente em relação às questões de antropologia que
estão em jogo com a inquinada globalização em curso, como em relação à
responsabilidade histórica que advém do passado!
A
CPLP só terá efectivo significado e expressão se as linhas do seu crescimento
se identificarem com os resgates que há a realizar para que os equilíbrios
socialistas globais venham a ser efectivamente construídos, tirando amplo
partido dos processos de emergência e de integração que ora se abrem!
Cuba
para a CPLP!!!
Foto:
Capa do jornal Ataja que chegou a publicar a notícia da morte de Fidel,
intenção do fascismo que pela força das circunstâncias não se pôde concretizar!
Durante os 50 anos seguintes os Estados Unidos bem tentaram assassinar o
Comandante Fidel, mas graças ao empenho revolucionário, nunca o haviam de
conseguir!
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