segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Libertados cinco ativistas detidos no arranque do referendo civil em Macau




Macau, China, 24 ago (Lusa) -- Os cinco ativistas hoje detidos no primeiro dia do referendo civil sobre o sufrágio universal em Macau foram libertados ao fim de várias horas de averiguações, disse à agência Lusa um membro das associações pró-democracia Sociedade Aberta e Novo Macau.

O vice-presidente da associação pró-democracia Novo Macau Scott Chiang, e outros três dos voluntários que esta manhã facultaram a votação presencial em 'tablets' em cinco locais da região, foram colocados em liberdade por volta das 19:00 (11:00 em Lisboa), e foram informados pela Polícia de Segurança Pública de que o seu caso seria enviado ao Ministério Público, afirmou Andrew Cheong.

Os quatro voluntários do referendo civil foram apontados como suspeitos do crime de desobediência qualificada nos termos do artigo 40.º da Lei da Proteção de Dados Pessoais [Lei n.º8/2005].

Já Jason Chao, líder de duas das três associações organizadoras do referendo, que tinha sido levado pela Polícia Judiciária para interrogatório pela alegada organização online do referendo saiu em liberdade às 20:00 (13:00 em Lisboa).

Jason Chao é suspeito do crime de desobediência qualificada pela recolha de dados pessoais na Internet e vai na segunda-feira apresentar-se à Polícia Judiciária, pelas 09:00 (02:00 em Lisboa), confirmou o próprio à agência Lusa.

As autoridades alegam que a divulgação de dados pessoais é uma liberdade de que gozam os cidadãos, mas que a recolha dos mesmos para fins não autorizados constitui uma violação da lei.

O Gabinete para a Proteção de Dados Pessoais defende que "no regime jurídico vigente de Macau não se estabelece o regime do referendo dos cidadãos", e que "não se confere a qualquer instituição o direito à realização de 'referendo civil' no território".

"A finalidade de tratamento de dados pessoais têm de ser legítima é o princípio estabelecido no artigo 5.º da Lei da Proteção de Dados Pessoais, portanto, o tratamento acima referido viola a lei", acrescenta.

Em conferência de imprensa conjunta, quando Jason Chao e os voluntários estavam a ser interrogados, as forças policiais confirmaram a "operação policial".

"Quatro pessoas, incluindo uma do sexo feminino, foram entregues ao Comissariado N.º1 para mais averiguações", confirmou então Chan Man Tak, do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

Jason Chao foi levado pelos agentes depois dos outros quatro ativistas terem sido detidos. "Ele foi convidado pela Polícia Judiciária para mais averiguações", disse esta tarde Choi Iat Peng, chefe da Divisão de Inspeção ao Local do Crime da Polícia Judiciária (PJ).

As detenções foram realizadas na sequência de uma notificação entregue às 10:55 (03:55 em Lisboa) por funcionários do Gabinete para a Proteção de Dados Pessoais para que "pararem imediatamente a recolha de dados pessoais após a receção do ofício e apagar permanentemente os dados pessoais recolhidos".

"Tendo observado que as instituições não pararam o tratamento segundo a nossa notificação, este Gabinete transferiu o caso aos órgãos de polícia criminal para acompanhamento", acrescenta um comunicado do Gabinete para a Proteção de Dados Pessoais.

A votação presencial foi suspensa mas o voto 'online' continua a decorrer, podendo ser feito através da página de Internet do referendo em Macau2014.org.

Até às 22:00 (15:00 em Lisboa), tinham votado 3.808 pessoas no referendo.

FV //GC - Lusa

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