quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Organização contesta menor transparência de relatório de Indústrias Extrativas timorense




Díli, 19 fev (Lusa) - Uma das principais organizações da sociedade civil timorense criticou hoje o que considera ser a menor transparência da última edição de um relatório anual sobre as indústrias extrativas timorenses que é mais opaco do que os anteriores.

Em causa está o Relatório de Reconciliação da Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extrativas (ITIE) de Timor-Leste para 2012, apresentado este mês e que engloba informação sobre o setor petrolífero no país.

O Governo timorense e o secretariado Global da ITIE saudaram o relatório como mais um exemplo de transparência na informação sobre o setor mas a organização La'O Hamutuk lamenta o facto de esta edição ser mais opaca no que toca a dados sobre os pagamentos das empresas petrolíferas a Timor-Leste.

O próprio Governo, na apresentação do relatório, explica que houve atrasos na publicação do documento devido, fundamentalmente a "diferenças no Grupo de Trabalho Multilateral, onde as empresas extrativas estavam relutantes em aceitar o nível de divulgação solicitada por outros parceiros".

"Para ultrapassar este impasse, foram assinados Acordos de Confidencialidade entre o reconciliador e as empresas", explica o Governo em comunicado.

A La'O Hamutuk recorda que essa posição das empresas já tinha sido manifestada na preparação dos relatórios anteriores, que tinham mais informação, considerando que "infelizmente a posição das empresas prevaleceu" no caso do relatório de 2012.

Criada em 2000 a La'o Hamutuk (Trabalhar Juntos) é uma das principais organizações de Timor-Leste que monitoriza, analisa e faz relatórios sobre os temas dominantes da agenda de desenvolvimento social, económico e físico do país, advogando um papel importante em defesa dos timorenses no processo de decisão.

O relatório da IETI foi elaborado de "forma independente" pela Moore Stephens e "reconcilia todos os pagamentos declarados pelas empresas extrativas, com os dados das receitas fornecidos por entidades governamentais, para determinar a contribuição do setor para a economia e melhorar a transparência e responsabilidade".

Segundo o documento as receitas das indústrias extrativas de Timor-Leste cresceram 10%, para 3,6 mil milhões de dólares americanos, em 2012.

O aumento da produção no campo Kitan, operado pela ENI desde outubro de 2011, compensou a redução em Bayu Undan, pela ConocoPhillips, causada pelos trabalhos de manutenção programados.

"A divisão entre o setor do PIB petrolífero e o setor do PIB não petrolífero foi, percentualmente, de 77/23 em 2012, uma melhoria em relação à percentagem 80/20, praticada em 2011", refere o Governo.

O relatório confirma ainda, nota a La'O Hamutuk, que as empresas pagaram a Timor-Leste 266 milhões de dólares em 2012 em impostos referentes a anos anteriores e multas associadas.

Estes pagamentos estão atualmente na fase de recurso judicial.

ASP // JPF

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