Sindicatos
da CGTP e da UGT convocam greve dos trabalhadores dos hipermercados e dos
supermercados para o 1º de Maio. A abertura da grande distribuição no Dia do
Trabalhador foi imposta pelos homens mais ricos do país, donos dos grupos Pingo
Doce e Continente.
O
sindicato dos trabalhadores do comércio e serviços (CESP), filiado na CGTP,
anunciou no dia 21 de abril greve dos trabalhadores do setor da grande
distribuição para o Dia do Trabalhador. O sindicato dos trabalhadores e
técnicos de serviços (Sitese), filiado na UGT, anunciou nesta sexta-feira, 24
de abril, igual convocação de greve.
“O
Sitese apresentou um pré-aviso de greve para permitir a todos os trabalhadores,
nas mesmas condições, usufruírem do feriado que é de todos, da forma que
entenderem”, refere um comunicado do sindicato, que aponta ainda como objetivo
da greve a necessidade de combater a precariedade no setor.
Trabalhadoras/es
com mais dificuldade em conciliar trabalho com vida familiar
A
greve convocada pelo CESP/CGTP foi decidida em plenário, que juntou mais de uma
centena de dirigentes e ativistas sindicais do setor no passado dia 21 de
abril, e é convocada também em defesa de aumentos salariais e de melhoria das
condições de trabalho.
À
Lusa, Manuel Guerreiro, presidente do CESP, declarou:
“Há
indicadores que mostram que existe um grande descontentamento no setor da
grande distribuição, onde os trabalhadores estão a viver uma situação muito
difícil, com muitos casos de doença de foro psicológico e psiquiátrico,
dificuldade em conciliar o trabalho com a vida familiar e com ritmos de
trabalho cada vez mais exigentes”.
Manuel
Guerreiro denuncia a degradação das condições de trabalho, o aumento de
exigências das empresas e o congelamento salarial dos últimos cinco anos e
espera uma grande adesão para a greve no Dia do Trabalhador, porque “os
trabalhadores estão muito indignados com as propostas miseráveis que cortam no
valor do trabalho extraordinário e aumentam os horários de trabalho”.
Arménio
Carlos, secretário-geral da CGTP, que esteve no plenário, declarou à Lusa:
“Estes
homens e mulheres disseram hoje aqui que não têm medo de lutar pelos seus
direitos e por melhores condições de vida e de trabalho e que vão estar a lutar
nos seus locais de trabalho e nas ruas com a CGTP”.
Empresas
da distribuição ainda querem reduzir mais nas retribuições e nos direitos
Arménio
Carlos considerou inaceitável que as empresas da grande distribuição, que
“continuam a ter elevados lucros, estejam a pressionar os trabalhadores para
que aceitem a redução de direitos e de retribuição”.
O
plenário rejeitou também a proposta da associação patronal do setor (Associação
Portuguesa de Empresas de Distribuição – APED), acusando-a de pretender trocar
aumentos salariais até 1% pela desvalorização do trabalho suplementar e em dia
feriado e pela desregulação dos horários de trabalho.
O
presidente do CESP disse ao jornal “Público”, sobre a proposta da APED:
“Não
chega a 1% sobre os salários de 2009. E esse é o verdadeiro problema. Durante
cinco anos não quiseram negociar e agora estão a fazê-lo sobre os salários de
2009”. Manuel Guerreiro denunciou também que as empresas querem introduzir no
contrato “oscilações diárias de horário de trabalho” (a possibilidade de o
trabalhador ter, a cada dia, um horário diferente) e sublinhou: “Parece que
querem acabar com os trabalhadores que têm filhos”.
O
dirigente sindical apontou também que as empresas de distribuição querem
reduzir o pagamento do trabalho em feriados ou fins de semana. “Isto significa
que iriam perder no mínimo 2% no máximo 4%, definitivamente, até ao fim da sua
carreia. Tudo isto à conta de menos de 1% de aumento salarial”, criticou.
Os
mais ricos contra o 1º de Maio
A
abertura de hipermercados e supermercados foi imposta pelos grupos Pingo Doce,
liderado por Alexandre Soares dos Santos, e Continente, liderado por Belmiro de
Azevedo e seu filho Paulo de Azevedo. Como se sabe, Alexandre Soares dos Santos
e Belmiro de Azevedo são dois dos três homens mais ricos de Portugal. Este
ataque dos mais ricos de Portugal a quem trabalha na grande distribuição foi
feito em 2011 e, em 2012, o grupo Pingo Doce lançou mesmo a provocação de fazer
uma promoção de elevado desconto, vendendo os produtos abaixo do preço de custo
e violando a lei (dumping) nas suas lojas no dia 1 de Maio de 2012.
Depois dos grupos Pingo Doce e Continente as outras empresas da distribuição
também passaram a abrir no 1º de Maio.
Esquerda.net
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