ONG
dá ultimato ao governo para permitir acesso ao local e a testemunhas ou pedirá
intervenção da ONU e da União Africana
Voz
da América
A
Associação Mãos Livres disse hoje que caso as autoridades angolanas não
garantam o seu acesso ao local e a testemunhas dos confrontos de 16 de Abril no
Huambo irá pedir uma investigação internacional.
A
associação dirigiu uma carta ao Procurador-Geral da República(PGR) a
protestar contra o facto de a polícia continuar a não permitir que “se
tenha acesso ao local dos factos, nem que se faça o levantamento de forma
independente, ao número de mortos civis e a sua identidade”.
“Os
órgãos de Investigação Criminal não permitem qualquer contacto com os presos e
se recusam a dizer onde se encontra Kalupeteca e as condições de detenção em
que se encontra”, denunicou a organização, acrescentando que a procuradoria no
Huambo “não se predispõe a receber os membros da Associação Mãos Livres, nem os
advogados que se pretendem garantir a defesa dos presos”.
“Por
tudo quanto ficou exposto, é de se protestar o comportamento das autoridades
locais, incluindo da PGR, ao impedir o livre acesso aos locais em que ocorreram
os factos e de limitação aos arguidos ao acesso a um defensor, que não seja um
funcionário público”, escreve a organização que solicita ao procurador “medidas
urgentes com vista a garantir que a associação Mãos Livres possa, sem qualquer
limitação ou coacção, exercer a sua actividade de investigação e defesa no
caso”.
Numa
nota enviada à VOA, a associação diz que se não receber resposta até á próxima
sexta-feira,1 de Maio, “fará a recolha de subscrição de assinaturas em todo o
país para exigir de quem de direito, as Nações Unidas e a Comissão
Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, se faça presente com uma
comissão internacional de peritos para uma investigação independente e
imparcial do ocorrido no Huambo”.
Tensão
e medo no Huambo
Governo
mantém o número de 13 civis mortos e Unita diz que o total é superior a mil.
Manuel
José
Onze
dias depois dos confrontos entre as autoridades e fiéis da seita A Luz do Mundo
as autoridades angolanas continuam a vedar o local onde ocorreu o incidente.
Há
um clima de medo entre as pessoas que receiam ser acusadas de pertencer à seita
e a recusa das autoridades em permitir o acesso ao local dos confrontos
contribui para que haja versóes díspares sobre o número de vítimas.
Uma
delegação parlamentar da Unita foi impedida de ir ao local e jornalistas,
incluindo um correspondente da VOA, foram também proibidos de ali
entrarem.
O
líder da Casa-CE Abel Chivukuvuku diz que vai tentar ir ao local amanhã e à
prisão onde alegadamente está detido o líder da seita José Julino Kalupeteka.
Por
sua vez, a organização Mãos livres disse que os seus investigadores estão agora
a ser impedidos de manter contactos com testemunhas oculares. As autoridades
recusam-se também a receber representantes da organização que já pediu uma
investigação independente.
A
Unita garante que o número de mortos é superior a mil , o que é desmentido pelo
Governo.
"Os
testemunhos apontam para mais de mil civis mortos,” disse o líder da bancada
parlamentar da Unita Raúl Danda que disse ser obviamente falso o número de 13
mortos entre os civis referido pelo Governo.
Mas
o governador do Huambo, Kundy Pahiyama é peremptório em afirmar que
esse é o número correcto.
"A
informação que tenho e foi o que se comprovou no terreno é que foram
encontrados 13 mortos, o numero é 13 é o que se sabe é o que se viu, é o que
existe", garantiu.
Danda
disse que fica claro que o Governo está a mentir por não permitir acesso ao
local e ao líder da seita.
"Nós
não sabemos se Kalupeteka está vivo ou morto, se está bem de saúde ou não, o
procurador provincial garantiu que está vivo e detido aqui no Huambo, mas não
nos deixou ver, por quê? Entao é porque alguma coisa existe",
concluiu.
No
Huambo há ainda um clima de tensão e as pessoas têm medo de serem relacionadas
com a seita de Kalupeteka porque, segundo as nossas fontes, tem havido
perseguição da polícia e das Forcas Armadas aos fiéis de A Luz do Mundo.
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