Na
província angolana de Benguela, vários ativistas do "Movimento
Revolucionário" dizem ser alvo de perseguições e ameaças de morte. Tudo
terá começado depois de uma manifestação anti-governamental, a 27 de maio.
Vários
ativistas ligados ao denominado "Movimento Revolucionário" na
província de Benguela queixam-se de uma constante perseguição das autoridades
governamentais e sobretudo dos Serviços de Inteligência do Estado. Manuel
Mateus, um dos membros do movimento, diz que a alegada perseguição está
relacionada com a manifestação
que realizaram a 27 de maio, em memória dos massacres de 1977 e em que
exigiam o fim das perseguições e assassinatos políticos no país.
Segundo
Manuel Mateus, recentemente, durante uma reunião, dois indivíduos armados
tentaram raptar um dos seus companheiros.
"[Esse
indivíduos] não se identificaram, só disseram que eram 'a autoridade' e, por
isso, não podíamos fazer perguntas", afirma o ativista, mais conhecido por
Max. "Houve uma troca de palavras. Os colegas foram ligando para outros
indivíduos, para denunciar o caso. Eles depois sentiram-se um bocadinho
envergonhados, foram recuando e puseram-se em fuga."
Ameaças
de morte
Mateus
revela ainda que tem sido alvo de ameaças de morte por parte de indivíduos
supostamente pertencentes aos serviços secretos. Por mais de uma vez bateram à
porta de sua casa, deixando recados intimidatórios à sua família e vizinhança.
Ainda
assim, o jovem ativista mostra-se destemido: "A própria Constituição
garante-nos este direito [de protestar]. Como diziam Cassule
e Kamulingue, 'liberdade ou morte'. Isso também está connosco."
Detenções
previstas?
Além
disso, Manuel Mateus, residente no Lobito, conta que recentemente teria havido
uma reunião do partido no poder na província, onde o responsável municipal do
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Julião de Almeida, terá
vaticinado a detenção de todos os integrantes do Movimento Revolucionário –
antes de, pelo menos, 13 ativistas do grupo serem detidos no sábado (20.06),
suspeitos de prepararem atos contra a ordem pública.
"Ele
disse que tinha os nomes e que, em 2016 e 2017, teriam de ser apanhados e
depois desaparecer, porque podiam trazer confusão para as eleições", diz o
ativista.
As
detenções, no período pré-eleitoral, serviriam para acautelar a adesão da
população à causa do grupo de jovens que realizam manifestações
anti-governamentais desde 2011.
Contactado
pela DW África, o secretário do comité provincial do MPLA em Benguela, David
Nahenda, recusou comentar o assunto.
Nelson
Sul D'Angola (Benguela) – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário