Crise da economia americana vem minando as chances de reeleição de Trump. Diante desse quadro, sua ideia é adiar o pleito. É a fúria destrutiva de um homem disposto a tudo para não perder, opina Ines Pohl.
O
presidente americano fez de tudo para minimizar a pandemia. Encobriu, mentiu,
tomou decisões desastrosas e, no final, até promoveu uma médica que acredita no
poder curativo do DNA de alienígenas. Ele aceitou as mais de 150 mil
mortes como um preço a pagar para evitar a crise econômica em seu país, e teve
exatamente o efeito oposto.
A
economia dos EUA vem passando por uma derrocada histórica, e não há um fim à
vista. O número de infecções continua a explodir, aumentando o medo de que mais
e mais americanos adoeçam. Tudo isso é ruim para os negócios. Especialmente
levando em consideração a crise econômica global, que aos poucos vai mostrando
sua terrível careta.
A última esperança de Trump de defender seu posto na Casa Branca está morrendo. Se a economia continuar em queda, o homem das grandes promessas não conseguirá ser reeleito. No momento, ele já está dois dígitos atrás do seu rival Joe Biden. A queda parece ser incontrolável – assim como a fúria destrutiva desse presidente.
Logo
depois da divulgação da queda de 32,9% do produto interno bruto no últimos
trimestre, Trump publicou um tuíte promovendo a
ideia de adiar as eleições. Seu raciocínio: um pleito por meio do
correio é particularmente suscetível à fraude eleitoral. Não há nenhuma prova
disso, mas para ele tanto faz. Trump tampouco se importa que juridicamente um
adiamento seja mais do que improvável, mesmo em meio a uma pandemia.
Posteriormente,
ele tentou minimizar a afirmação, dizendo que não deseja mudar a data, mas
apenas levantar a discussão sobre possíveis fraudes. Mas a ideia está lançada.
Quanto
mais se aproxima de 3 de novembro, data do pleito presidencial, mais claro fica
que Donald Trump está disposto a mergulhar o país no caos e enfraquecer a
constitucionalidade democrática de forma duradoura, caso venha a perder as
eleições. Com isso em mente, é preciso lançar luz sobre suas jogadas políticas.
Por
que ele está enviando policiais federais para cidades como Portland? Não é para
controlar a violência, mas para aumentar ainda mais a divisão do país. Por que
discursou na noite anterior ao feriado de 4 de Julho no pé do Monte Rushmore,
entre todos os lugares, e diante das gigantescas cabeças presidenciais
esculpidas, que representam discriminação racial e comércio de escravos?
Justamente agora, quando os ânimos no país estão tão acirrados? Ele quer
dividir. Ele quer reabrir velhas feridas.
Figuras
do Partido Democrata como Bernie Sanders e Joe Biden alertaram desde cedo que
esse presidente não pretende aceitar a derrota sem lutar. Parece que esses
temores serão confirmados. Para piorar, quanto mais reduzidas suas chances de
conquistar a reeleição, maior será sua fúria destrutiva.
Donald Trump não deve conseguir minar o sistema legal dos EUA. No entanto estamos observando uma alarmante militarização da luta política nas ruas dos Estados Unidos. É bom o fato de cada vez mais republicanos se distanciarem de seu errático presidente. Parece que estão começando a entender que não têm um futuro com esse homem. E que no fim vão ter que arcar com a responsabilidade pelos atos dele.
Ines Pohl | Deutsche Welle | opinião
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