sábado, 24 de março de 2012

APRENDA TÉTUM E PORTUGUÊS NO KARI MATENEK




Kari Matenek (Espalhar o Conhecimento em português) é o primeiro programa do género destinado a um público infanto-juvenil. Numa parceria entre o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL), a produtora Crockfaek e a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), o objectivo passa por reforçar as duas linguas oficiais do país, o Tétum e o Português. E atenção que as aulas continuam até antes do telejornal das 20h.

Estamos no ano de 2010 e com o início de uma nova década, urge dar um grande passo em termos de inovação da própria RTTL. A ideia passa por recrutar jovens para formação nas áreas de jornalismo (TV e Rádio) assim como na produção de conteúdos e componente técnica, tudo a cargo da RTP. E no meio disto tudo surge o programa infantil.

“O Kari Matenek resultou de uma parceria entre o IPAD, a RTP (parceiro técnico), a RTTL e a produtora Crockfaek. A ideia original veio mesmo da produtora. O público infanto-juvenil é o nosso alvo principal e isto vai de encontro com o projecto de reforço das línguas oficiais, seja em conteúdos informativos ou de programação,” explica a Coordenadora do Projecto de Apoio à Comunicação Social, Sofia Martins.

Caderno, Lápis, Acção! Anita e Atino no ar

No ar desde o passado dia 19 de Março, o “Kari Matenek” tem tido excelentes reacções por parte dos telespectadores. E o director de programação da RTTL, Rosário Martins Maia confirma-o.
Recebi alguns telefonemas em que me diziam que as crianças ficavam à espera do programa todas as noites, antes do telejornal. Muitas delas, estão à frente da televisão com cadernos, lapiseiras e vão anotando tudo o que o Atino e a Anita [os dois bonecos animados] vão dizendo.”

Toda a parte de manipulação e voz dos bonecos, filmagens, guiões e tradução está a cargo de três jovens timorenses da RTTL. Almério dos Santos, Betty Carvalho e Nina Gomes não dão a cara, mas sim a voz e as mãos que entram diariamente dentro dos lares timorenses.

“Tem sido uma boa experiência e tudo isto é muito giro porque se transmite conhecimento às nossas crianças,” diz Nina Gomes. Mas se pensa que este programa é destinado única e exclusivamente para as crianças, desengane-se.

“Tenho alguns colegas não timorenses que estão, através do “Kari Matenek”, a aprender tetum,” diz Sofia Martins. “É um programas simples e é sem dúvida uma forma divertida e fácil de aprender,” continua. Timor-Leste faz parte da CPLP mas para Nuno Murinello da produtora Crockfaek a realidade é outra.

“A população, regra geral, não fala português,” diz sem hesitar. Perante isto, surgiu logo a ideia de criar um programa de ensino das duas línguas oficiais.

Rosário Martins Maia diz este tipo de programas tem um enorme potencial e apesar de só terem sido gravados dez episódios, garantiu a sua continuação no próximo ano.

Opinião Página Global

Dez anos volvidos sobre a independência de Timor-Leste e quase mais dois de total ausência do domínio preponderante dos invasores militares indonésios, assassinos que impunemente são ignorados pela justiça timorense e mundial, regista-se com agrado que algo comece a ser feito visando maior abrangência no ensino do português e do tétum para os que não o sabem, principalmente entre as camadas infantis e jovens timorenses. Registe-se ainda a vantagem para os adultos preguiçosos, portugueses e outros que estão em Timor-Leste. Bom trabalho. Já tardava.

O processo pedagógico poderá ser ou não o recomendado mas fica certo que a aposta de esforços deve ir neste sentido e que apesar de tardia fica abrangida pelo velho dito luso que tudo desculpa: “Mais vale tarde que nunca”. Não se deve contudo deixar impunes os que têm andado a fazer de conta que se aplicam no retomar de que os timorenses falem de facto português como antes o faziam. E tanto o faziam que quem viajava pelas montanhas de Timor-Leste, antes da ocupação indonésia, facilmente era entendido em português pelos moradores locais tendo a reciprocidade de que também eles se sabiam expressar em português. Melhor ou pior mas faziam-no. Se bem que isso não invalidasse o enorme erro do regime Salazar-colonialista de só possibilitar a uns quantos o acesso ao ensino, às escolas. Algo que melhorou com a colaboração dos militares que se dispuseram a chamar a si a tarefa nas mais recônditas montanhas do interior timorense, para além da Igreja de então.

Um maior impulso foi registado a partir da presença de um militar miliciano (1969 e seguintes) que ainda hoje será uma das pessoas mais entendidas sobre Timor-Leste: Luís Filipe Thomaz, um catedrático português com um valor que infelizmente está subaproveitado e que tanto podia contribuir pelo interesse que urge aplicar em prol do português em Timor-Leste e da defesa do tétum. Ambas línguas oficiais do país. De notar que se existiu quem tivesse defendido o tétum no regime colonialista, quer no seu aperfeiçoamento, quer na sua divulgação – criando publicações em português-tétum - foi exatamente Luís Filipe Thomaz, saído capitão miliciano do exército colonial e ainda hoje um valoroso e internacionalmente reconhecido catedrático da Pátria lusa. Se quiserem saber mais e melhor, perguntem ao Thomaz. (Redação – AV)

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