José Alberto Quaresma – Expresso, opinião, em Blogues
Um aluno, Marcel Pohl, concluiu 60 exames em três semestres. Ó Marcel! Pareces burro. Ou és mesmo. Ja! Dumm Marcel. Apesar das brilhantes notas que tiraste no teu estabelecimento de ensino, a Escola de Economia e Gestão da Universidade de Essen, na Alemanha, esta moveu-te um processo judicial e exige que pagues 3.000 euros, a totalidade das propinas do ano de 2011?! O curso deveria durar onze semestres. Andaste depressa demais.
Insisto. Foste burro. Vinte meses em exaustão absoluta para concluir o curso com a média elevada e garantia de um cargo importante num banco, em Frankfurt, onde estagiaste enquanto estudavas. Só que arranjaste um cargo de trabalhos.
Marcel, sei que ficaste atónito com o processo judicial que a Universidade de Essen te moveu. Não se faz. Como Ângela Merkel diria "Das geht einfach nich, cachaporren!"
Quando foste notificado pelo tribunal pensaste que estavam a brincar contigo. Achavas que a competência académica devia contar para alguma coisa e que não tiveste ajudas, nem fizeste batota. Esqueceste de um pormenor. Em países atrasados como a Alemanha não gostam de brincadeiras. Só em países avançados como Portugal é que se brinca nas universidades privadas aos estudos. Mas com muita seriedade. Agiste mal. A batota é uma coisa muito nobre aqui em Portugal. Na Alemanha menos. Mas não a fizeste!
Ó Marcel! Aprende alguma coisinha com quem sabe. Tem juízo. Pede asilo académico em Portugal. É pá, fala com o teu colega Miguel Relvas que andou infatigável a marrar a preceito na Universidade Lusófona. Recebe umas módicas explicações deste brilhante portuga que conseguiu equivalência a 32 das 36 cadeiras do seu curso. Matricula-te na Universidade Lusófona que é muito mais prestigiada do que essa escolita de Essen que te quer fazer a vida negra.
Não sabes falar português? E qual é a dificuldade? Numa universidade lusófona toda a gente se expressa naturalmente em português. Compreendes? Verstehst du das, Marcel?
E em vez de estares para aí entediado em Frankfurt, a fazer contas de somar no banco, vem para cá. E em menos de um foguete tiras um curso de gabarito e chegas a ministro de Estado. Mesmo como secretário de Estado, e sem curso nenhum, tratam-te logo por doutor. Queres melhor? É muito mais prestigiante do que ser quadro de uma instituição bancária.
Pergunta à Merkel se a segunda figura de um governo tão cumpridor e obediente como o de Portugal - e que vai atingir todas as metas orçamentais - não tem uma vida maravilhosa? Wundervoll leben! Duvidas? Du bezweifelst?
Processos judiciais nunca os terás. E, se por erro extra-judicial te movessem algum, a coisa ao fim de uns anos prescrevia. Safavas-te sempre, pá.
Vem-te embora, Marcel. Na Alemanha são uns brutos. Aqui em Portugal toda a malta é porreiraça. Só há cérebros brilhantes. Só que o nosso primeiro-ministro quer que os gajos agora abandonem Portugal. Viel zu viele unserer Spitzenforscher verlassen Portugal! Não tenhas medo. Ich komme wieder. Emigra, pá. Deixa-te de lérias. Vem sentir o abraço caloroso do Relvas. Danke!
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