Balneário Público
O Expresso publica
hoje uma sondagem que aborda a intenção de voto dos portugueses.
Para espanto dos espantos os partidos da coligação (PSD-CDS) que está de posse
do governo sobe nas intenções de voto. Como tal é posssivel é que é mesmo de
espantar… Ou talvez não. É que existem imensos portugueses cujos miolos parecem
ter sido herdados dos salazaristas masoquistas – para não dizer fascistas. Em
contrapartida à subida dos partidos da coligação, o PS desce nessa tal intenção
de voto. Feita a diferença e olhando os valores até parece que os que deixariam
de votar PS passam para a coligação. Alguns dos votantes do Bloco de Esquerda
também passam a alinhar pela coligação governamental. E até eleitores da CDU
(PCP incluído) se mudam para a coligação. Isto é um espanto. Para mais quando o
governo anuncia mais cortes no essencial da sobrevivência dos portugueses. Isto
quando todos ficaram a saber que as causas da propagação da miséria continua e
vai agravar-se. Então qual a razão de tal assombroso resultado (se é que não
existe manipulação na sondagem) que dá vantagem aos carrascos da vida tenebrosa
dos portugueses? Só podemos encontrar uma: os portugueses, alguns portugueses
(não são tão poucos quanto isso) mantêm-se salazaristas, mantêm-se saudosos do
salazarismo que preconizava e praticava o social-fascismo, a fome e pancada, os
salários de miséria e os sacrifícios, o pobrete mas alegrete, o jardim à beira
mar plantado e abençoado pela senhora de Fátima. Impossível. Dirão alguns de
vós. Pois não é. Basta falar com alguns dos mais velhos, que apesar de estarem
a rebentar de fome e na miséria semelhante à do salazarismo, para constatar que
já se esqueceram das dificuldades do passado negro do fascismo salazarista e
até enaltecem esses tempos “de paz” e de “estabilidade”. Incluso entre aspas
dito por eles. Esquecendo a guerra colonial que se manteve por 13 anos e
devastou milhares da nossa juventude, esquecendo a PIDE e outras polícias que
reprimiam, que assassinavam, que deportavam, para manter aquela tal e opressora
“estabilidade”. Mas não são só alguns certos e incertos mais velhos que têm
esta opinião e postura. Não são só esses, que vieram das berças, construiram
uma barraca mal-amanhada nos descampados lisboetas, portuenses ou setubalenses
(três exemplos), foram escravos na construção civil e etc., que tudo esqueceram
de horrível dos tempos salazaristas. Existem jovens que não tendo vivido nesses
tempos são salazaristas e nada têm. Vivem agora à custa dos pais e da
marginalidade. São até do exército dos Sem-Abrigo… E dizem-se a suspirar pelo
salazarismo. Quem melhor para ressuscitar esse salazarismo fascista? Já se vê
que é Cavaco Silva e este seu governo de Passos e Portas, do FMI, da UE e das
direitas mais radicais que possamos imaginar. Direitas associadas aos mercados,
às corporações do capital. Depois disto. De sabermos o que os miseráveis velhos
(alguns) dizem e defendem, o que alguns da juventude também o fazem dentro da
mesma linha, só resta lamentar o esquecimento ou o desconhecimento da horrível
história salazarista que em vez de liberdade, democracia e justiça, forçou os
portugueses a sobreviverem num fascismo adaptado às circunstâncias lusas, com
muita fome e miséria (como agora). Afinal, esses saudosistas não passam de
carneirada que avança sob o hino do “Avante carneirada, avante”. Compete aos
democratas e defensores das regras democráticas, da justiça, repudiar o avanço
deste liberal-fascismo que Cavaco e seus seguidores abraçam e estão a pôr em
prática. O branqueamento do salazarismo fascista em Portugal está a resultar.
Otávio Arneiro
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