quinta-feira, 3 de abril de 2014

Angola: DIVERSIFICAR A ECONOMIA



Jornal de Angola, editorial

Os esforços de diversificação da economia ganham pernas para andar à medida que Angola ensaia um conjunto de passos no fortalecimento do sector não-petrolífero.

Da agricultura à agropecuária e pescas, passando pela área industrial e dos serviços, o nosso país acelera a diversificação da economia.  Trata-se de um processo complexo para um país que, submetido a uma das mais sangrentas guerras que reduziu a zero vários sectores, ficou muito dependente de um único sector. 

Hoje, os desafios são enormes, mas as perspectivas de desenvolvimento no sector não-petrolífero nunca foram tão encorajadoras como agora com a aplicação do Programa de Governo 2012-2017. Os dados indicam uma variação considerável na execução de projectos que incidem sobre sectores que desempenham um papel importante na diversificação económica. 

Há dias, o bureau político do partido no poder, no seguimento de uma reunião que visou analisar a governação do país e as questões internas, fez importantes recomendações ao Executivo.  Uma das recomendações da direcção do MPLA foi a necessidade de acelerar o processo de diversificação da economia tendo como principal foco o aumento da oferta de postos de trabalho e o aumento da produtividade em todo o país.

Acreditamos serem oportunas as exortações do órgão de direcção do partido da maioria, na medida em que uma das estratégias do Executivo passa pela atenuação dos efeitos resultantes dos choques externos na nossa economia. No fundo, o processo de diversificação da economia está a funcionar como uma espécie de amortecedor e factor que afasta as vulnerabilidades. As reformas em curso ao nível da legislação laboral, a criação de instrumentos legais que regulam o trabalho, o auto-emprego e demais iniciativas têm tido um papel importante na expansão do mercado de trabalho e na melhoria das relações laborais. 

Do sector primário ao secundário, passando pelos serviços, o número de empregos cresceu e tende a crescer muito mais à medida que são dados passos seguros na economia nacional. É preciso dar continuidade à estratégia que proporciona maior atenção à formação de quadros para o provimento de funcionários qualificados necessários nas várias esferas da Administração do Estado e das empresas.
 
Com a diversificação do mercado de trabalho, atendendo à dinâmica dos tempos modernos, pretende-se que a força de trabalho em Angola seja competitiva o suficiente para gerar rendimento.

Ainda bem que ao nível do mais importante sector, a agricultura, a área de investigação conhece importantes conquistas, a julgar pelo crescimento do número de investigadores que começam a surgir em Angola. Os quadros e responsáveis do Instituto de Investigação Agronómica desempenham um papel importante na investigação e pesquisa para a melhoria das culturas alimentares em todo o país. 

Em todos estes esforços, obviamente constitui prioridade o fortalecimento do empresariado nacional, através do acesso a um conjunto de factores que facilitem a sua rápida inserção no processo de desenvolvimento nacional. O acesso a linhas de crédito e ao financiamento em condições bonificadas devem ser uma das condições para que se efective o fortalecimento dos empresários nacionais. 

As áreas em que há maior necessidade de presença das instituições bancárias para alavancar a economia local são as zonas rurais. Nestas áreas, a estratégia de desenvolvimento e progresso de Angola passa pelo apoio à produção familiar e pelo fortalecimento do pequeno comércio, enquanto sustentáculos do crescimento sustentado de todas as latitudes geográficas de Angola. 

De Cabinda ao Cunene, o pequeno comércio encontra-se em todas as localidades, realidade que o transforma em importante instrumento na estratégia do Executivo no sentido de criação de riqueza para facilitar melhor redistribuição. Trata-se de uma actividade na qual a maioria da população goza de algum tipo de experiência, facto que quando combinado com os esforços do Executivo transforma o pequeno comércio numa ferramenta de progresso social. 

O processo de diversificação da economia angolana não é apenas um desafio das instituições do Estado, mas de toda a sociedade. Afinal, é do interesse de todos os angolanos que a economia angolana não fique à mercê dos choques e efeitos perversos vindos de fora e que geram desemprego e miséria. Todos os angolanos são responsáveis, cada um a nível do seu sector, na batalha para tornarmos Angola menos dependente do petróleo.

Temos esperanças fundadas de que o Executivo vai acatar as exortações do bureau político do MPLA e dar passos no sentido da aceleração do programa de Governo que visa aumentar os postos de trabalho, valorizar a mão-de-obra nacional, promover os empresários locais e inverter a dependência para com o sector petrolífero.

Sem comentários:

Mais lidas da semana