Jornal de Angola, editorial
Os esforços de
diversificação da economia ganham pernas para andar à medida que Angola ensaia
um conjunto de passos no fortalecimento do sector não-petrolífero.
Da agricultura à
agropecuária e pescas, passando pela área industrial e dos serviços, o nosso
país acelera a diversificação da economia. Trata-se de um processo
complexo para um país que, submetido a uma das mais sangrentas guerras que
reduziu a zero vários sectores, ficou muito dependente de um único sector.
Hoje, os desafios são enormes, mas as perspectivas de desenvolvimento no sector
não-petrolífero nunca foram tão encorajadoras como agora com a aplicação do
Programa de Governo 2012-2017. Os dados indicam uma variação considerável na
execução de projectos que incidem sobre sectores que desempenham um papel
importante na diversificação económica.
Há dias, o bureau político do partido no poder, no seguimento de uma reunião
que visou analisar a governação do país e as questões internas, fez importantes
recomendações ao Executivo. Uma das recomendações da direcção do MPLA foi
a necessidade de acelerar o processo de diversificação da economia tendo como
principal foco o aumento da oferta de postos de trabalho e o aumento da
produtividade em todo o país.
Acreditamos serem oportunas as exortações do órgão de direcção do partido da
maioria, na medida em que uma das estratégias do Executivo passa pela atenuação
dos efeitos resultantes dos choques externos na nossa economia. No fundo, o
processo de diversificação da economia está a funcionar como uma espécie de
amortecedor e factor que afasta as vulnerabilidades. As reformas em curso ao
nível da legislação laboral, a criação de instrumentos legais que regulam o trabalho,
o auto-emprego e demais iniciativas têm tido um papel importante na expansão do
mercado de trabalho e na melhoria das relações laborais.
Do sector primário ao secundário, passando pelos serviços, o número de empregos
cresceu e tende a crescer muito mais à medida que são dados passos seguros na
economia nacional. É preciso dar continuidade à estratégia que proporciona
maior atenção à formação de quadros para o provimento de funcionários
qualificados necessários nas várias esferas da Administração do Estado e das
empresas.
Com a diversificação do mercado de trabalho, atendendo à dinâmica dos tempos
modernos, pretende-se que a força de trabalho em Angola seja competitiva o
suficiente para gerar rendimento.
Ainda bem que ao nível do mais importante sector, a agricultura, a área de
investigação conhece importantes conquistas, a julgar pelo crescimento do
número de investigadores que começam a surgir em Angola. Os quadros e
responsáveis do Instituto de Investigação Agronómica desempenham um papel importante
na investigação e pesquisa para a melhoria das culturas alimentares em todo o
país.
Em todos estes esforços, obviamente constitui prioridade o fortalecimento do
empresariado nacional, através do acesso a um conjunto de factores que
facilitem a sua rápida inserção no processo de desenvolvimento nacional. O
acesso a linhas de crédito e ao financiamento em condições bonificadas devem
ser uma das condições para que se efective o fortalecimento dos empresários
nacionais.
As áreas em que há maior necessidade de presença das instituições bancárias
para alavancar a economia local são as zonas rurais. Nestas áreas, a estratégia
de desenvolvimento e progresso de Angola passa pelo apoio à produção familiar e
pelo fortalecimento do pequeno comércio, enquanto sustentáculos do crescimento
sustentado de todas as latitudes geográficas de Angola.
De Cabinda ao Cunene, o pequeno comércio encontra-se em todas as localidades,
realidade que o transforma em importante instrumento na estratégia do Executivo
no sentido de criação de riqueza para facilitar melhor redistribuição. Trata-se
de uma actividade na qual a maioria da população goza de algum tipo de
experiência, facto que quando combinado com os esforços do Executivo transforma
o pequeno comércio numa ferramenta de progresso social.
O processo de diversificação da economia angolana não é apenas um desafio das
instituições do Estado, mas de toda a sociedade. Afinal, é do interesse de
todos os angolanos que a economia angolana não fique à mercê dos choques e
efeitos perversos vindos de fora e que geram desemprego e miséria. Todos os
angolanos são responsáveis, cada um a nível do seu sector, na batalha para
tornarmos Angola menos dependente do petróleo.
Temos esperanças fundadas de que o Executivo vai acatar as exortações do bureau
político do MPLA e dar passos no sentido da aceleração do programa de Governo
que visa aumentar os postos de trabalho, valorizar a mão-de-obra nacional,
promover os empresários locais e inverter a dependência para com o sector
petrolífero.
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