Bocas do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
Perante
as vicissitudes os portugueses nunca atiram facilmente a toalha ao chão. Já
nascem com a arte do engenho e do desenrasca. Ainda nestes últimos anos temos
visto que a maioria não desiste de pensar positivo e de se esgatanhar em
esforço imenso para pensar positivo e agir em conformidade ao enfrentar da
crise causada por políticos sem escrúpulos aliados aos senhores do grande
capital. Políticos que, como agora se diz e é facto, vão para a política para
se servirem, roubarem e enriquecerem, em vez de servir o país. Para esses a política
é um negócio e vão sendo identificados. Ficarão inscritos na história como os
do “arco do gamanço”, da roubalheira, da estulticia, da malandragem que não
cabe na República ou até numa monarquia saudável (seja lá isso o que for e nos
mereça alguma consideração). Ponto
assente: os portugueses são denodados a pensar positivo – daí muitas vezes
darem oportunidades a determinados sacanas da política ou de outras vertentes,
como é o caso de terem votado Cavaco ou na direita ressabiada, incompetente e
ladra que assentou arraiais na governação.
É
esse pensar positivo que hoje os leva a olhar o futebol e a seleção nacional de
futebol como um onze que descarrilou no Mundial2014 que se está a disputar no
Brasil. Portugal perdeu, ontem, com a seleção alemã. Foi um resultado de perda
muito vasto mas merecido. 4 – 0 venceu a Alemanha. A reação no país das quinas
foi de desilusão, de raiva, de muita tristeza, de incredulidade. Ronaldo e
outros craques foram amaldiçoados às primeiras horas. Paulo Bento, o
selecionador, não escapou ao “filho deste e filho daquela”, e que “não vale
nada para o desempenho do cargo”. Foram as primeiras horas e as reações a
quente. Mas a toalha não foi atirada ao chão e nesta manhã, passadas algumas
horas o pensar positivo regressa. A esperança em melhores resultados também.
Qualquer português sabe que o onze da seleção tem valor. Ontem correu mal. Tudo
bem. Melhores resultados vão acontecer.
Scolari…
e outros
Um
grande e bom amigo de Portugal nestas coisas do futebol, que já foi
selecionador da equipa das quinas e é hoje o selecionador do time do Brasil,
Scolari, surgiu com palavras realistas em declarações à comunicação social –
que aqui vão com origem na TSF. Ele lembrou a capacidade do pensar positivo dos
portugueses capazes de enfrentar grandes vicissitudes e sair por cima. Boas
palavras, para quem precisa de elevar o seu ar cabisbaixo, reagir e ir à luta.
Disse
Scolari: “Quero lembrar a Portugal e aos meus amigos portugueses de que no Euro
onde era treinador perdemos o primeiro jogo, ganhámos os outros dois e fomos à
final”, sublinhou Luiz Felipe Scolari.
Refere
ainda a TSF: “Na conferência de imprensa de antecipação do Brasil-México, o
antigo selecionador de Portugal aproveitou ainda para referir que a derrota
desta segunda-feira da seleção portuguesa diante da Alemanha por 4-0 demonstra
a dificuldade de cada adversário na prova.”
Scolari
La Palisse : “Se
alguém pensa que vai entrar em campo e ganhar com facilidade, está enganado*,
concluiu Scolari, que comandou a seleção nacional entre 2003 e 2008.
Nada
vai ser fácil, mas tudo é possível quando o valor dos da seleção portuguesa de
futebol se sobrepõe aos fracassos de percurso.
Essa
é uma certeza que nos é mostrada em muitas ocasiões e em diversas vertentes, não
só no futebol. Também ninguém diria que em Portugal iria acontecer um 25 de
Abril de 1974 e aconteceu. Os salazaristas foram apeados dos poderes. Declarou-se
a liberdade e a democracia. Contudo, ao longo de décadas, os depravados da
direita reacionária regressaram lentamente a assentar arraiais nos poderes. Eis
Cavaco Silva, esse génio da imbecilidade e de um oportunismo bacoco, eis outros
maganos comparsas gerados em barrigas salazaristas ou até hitlerianas que
fundaram o cavaquismo e minaram “negócios e bancos”. Eis o pensar positivo de
quem veio lutando a seu modo pela liberdade e a democracia (que não esta com
que nos intrujam) e que preconiza que Cavaco se deve sentar no banco dos réus,
em tribunal, como o declarou Mário Soares. Não o disse por acaso. Ele lá sabe
por que assim disse. Esse dia virá, mais que não seja no assento do banco dos réus
da história, porque a verdade é como o azeite e ajuda-nos a pensar positivo
perante tal certeza.
Também
o valor da seleção das quinas vai surgir com verdade. Pensemos positivo.
Parafraseando Scolari a meu modo: Se alguém pensa que vai derrubar e vencer a
seita cavaquista com facilidade, está enganado.
Mas
um dia o sol brilhará para todos nós, a gaivota voltará a voar e os cravos
reflorescerão. Já estivemos mais longe desse dia. É que na atualidade este governo, dito de
Passos-Portas e dos mercados, só existe porque em Belém está lá um Cavaco que
aprisionou a República e suspendeu a Presidência aviltando a Constituição.
Foto
em manchete de A Bola
*Esta é uma nova rubrica ou tendência a constar no Página Global e a que foi
entregue a denominação "BOCAS DO INFERNO". Bocas sobre a realidade, a
opinião, o que se entende ou presume. Ficção?
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