terça-feira, 17 de junho de 2014

PENSAR POSITIVO



Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Perante as vicissitudes os portugueses nunca atiram facilmente a toalha ao chão. Já nascem com a arte do engenho e do desenrasca. Ainda nestes últimos anos temos visto que a maioria não desiste de pensar positivo e de se esgatanhar em esforço imenso para pensar positivo e agir em conformidade ao enfrentar da crise causada por políticos sem escrúpulos aliados aos senhores do grande capital. Políticos que, como agora se diz e é facto, vão para a política para se servirem, roubarem e enriquecerem, em vez de servir o país. Para esses a política é um negócio e vão sendo identificados. Ficarão inscritos na história como os do “arco do gamanço”, da roubalheira, da estulticia, da malandragem que não cabe na República ou até numa monarquia saudável (seja lá isso o que for e nos mereça alguma consideração).  Ponto assente: os portugueses são denodados a pensar positivo – daí muitas vezes darem oportunidades a determinados sacanas da política ou de outras vertentes, como é o caso de terem votado Cavaco ou na direita ressabiada, incompetente e ladra que assentou arraiais na governação.

É esse pensar positivo que hoje os leva a olhar o futebol e a seleção nacional de futebol como um onze que descarrilou no Mundial2014 que se está a disputar no Brasil. Portugal perdeu, ontem, com a seleção alemã. Foi um resultado de perda muito vasto mas merecido. 4 – 0 venceu a Alemanha. A reação no país das quinas foi de desilusão, de raiva, de muita tristeza, de incredulidade. Ronaldo e outros craques foram amaldiçoados às primeiras horas. Paulo Bento, o selecionador, não escapou ao “filho deste e filho daquela”, e que “não vale nada para o desempenho do cargo”. Foram as primeiras horas e as reações a quente. Mas a toalha não foi atirada ao chão e nesta manhã, passadas algumas horas o pensar positivo regressa. A esperança em melhores resultados também. Qualquer português sabe que o onze da seleção tem valor. Ontem correu mal. Tudo bem. Melhores resultados vão acontecer.

Scolari… e outros

Um grande e bom amigo de Portugal nestas coisas do futebol, que já foi selecionador da equipa das quinas e é hoje o selecionador do time do Brasil, Scolari, surgiu com palavras realistas em declarações à comunicação social – que aqui vão com origem na TSF. Ele lembrou a capacidade do pensar positivo dos portugueses capazes de enfrentar grandes vicissitudes e sair por cima. Boas palavras, para quem precisa de elevar o seu ar cabisbaixo, reagir e ir à luta.

Disse Scolari: “Quero lembrar a Portugal e aos meus amigos portugueses de que no Euro onde era treinador perdemos o primeiro jogo, ganhámos os outros dois e fomos à final”, sublinhou Luiz Felipe Scolari.

Refere ainda a TSF: “Na conferência de imprensa de antecipação do Brasil-México, o antigo selecionador de Portugal aproveitou ainda para referir que a derrota desta segunda-feira da seleção portuguesa diante da Alemanha por 4-0 demonstra a dificuldade de cada adversário na prova.”

Scolari La Palisse: “Se alguém pensa que vai entrar em campo e ganhar com facilidade, está enganado*, concluiu Scolari, que comandou a seleção nacional entre 2003 e 2008.

Nada vai ser fácil, mas tudo é possível quando o valor dos da seleção portuguesa de futebol se sobrepõe aos fracassos de percurso.

Essa é uma certeza que nos é mostrada em muitas ocasiões e em diversas vertentes, não só no futebol. Também ninguém diria que em Portugal iria acontecer um 25 de Abril de 1974 e aconteceu. Os salazaristas foram apeados dos poderes. Declarou-se a liberdade e a democracia. Contudo, ao longo de décadas, os depravados da direita reacionária regressaram lentamente a assentar arraiais nos poderes. Eis Cavaco Silva, esse génio da imbecilidade e de um oportunismo bacoco, eis outros maganos comparsas gerados em barrigas salazaristas ou até hitlerianas que fundaram o cavaquismo e minaram “negócios e bancos”. Eis o pensar positivo de quem veio lutando a seu modo pela liberdade e a democracia (que não esta com que nos intrujam) e que preconiza que Cavaco se deve sentar no banco dos réus, em tribunal, como o declarou Mário Soares. Não o disse por acaso. Ele lá sabe por que assim disse. Esse dia virá, mais que não seja no assento do banco dos réus da história, porque a verdade é como o azeite e ajuda-nos a pensar positivo perante tal certeza.

Também o valor da seleção das quinas vai surgir com verdade. Pensemos positivo. Parafraseando Scolari a meu modo: Se alguém pensa que vai derrubar e vencer a seita cavaquista com facilidade, está enganado.

Mas um dia o sol brilhará para todos nós, a gaivota voltará a voar e os cravos reflorescerão. Já estivemos mais longe desse dia. É que na atualidade este governo, dito de Passos-Portas e dos mercados, só existe porque em Belém está lá um Cavaco que aprisionou a República e suspendeu a Presidência aviltando a Constituição.

Foto em manchete de A Bola

*Esta é uma nova rubrica ou tendência a constar no Página Global e a que foi entregue a denominação "BOCAS DO INFERNO". Bocas sobre a realidade, a opinião, o que se entende ou presume. Ficção?

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