Luís Nhanchote
– Verdade (mz), em 25 julho 2014
Amanhã,
naquele que é considerado, em alguns círculos, como “o casamento do ano”, entre
Zófimo Muiuane, um executivo da Mcel e da ‘empresária ’Valentina Guebuza, a
segunda filha do Presidente moçambicano, alguns interesses podem estar em jogo
e deverão ser salvaguardados. É, e tem sido assim, nos casamentos que envolvem
figuras de escolas e extractos bancários diferentes, como parace ser o caso.
Zófimo
é conhecido como jovem humilde e trabalhador e Valentina é a filha do
‘empresário’ Guebuza, que está a acumular fortuna nas costas do apelido que
transporta como disso a Imprensa tem dado conta. Se a união que será selada aos
olhos de Deus na Igreja Presbeteriana, e aos olhos do Estado no registo civil,
for em comunhão de bens, o noivo vai adicionar aos dois empreendimentos que
possui os nove detidos pela noiva da família presidencial.
O
@Verdade conta a história dos interesses empresarias dos noivos que, este
sábado (26), estarão diante dos olhos de cerca de 1.700 convidados ao casamento
onde se esperam as presenças de Jacob Zuma, Presidente da África do Sul, Mswati
III, Rei da Swazilândia e Isabel dos Santos, a primeira filha do Presidente
angolano que é considerada pela FORBES como a mulher mais rica de África.
Quem
é Zófimo Muiuane e quais são os seus interesses empresariais
Nascido
nos anos últimos do jugo colonial, na decáda de setenta, Zófimo fez a sua
instrução primária na capital. Aqui também fez o ensino técnicoprofissional na
Escola Industrial de Maputo. No seu Curriculum Vitae (CV), consta uma passagem
pela British American Tobbaco (BAT) na delegação de Nampula, província onde jaz
o cordão umbilical do seu sogro, concretamente no distrito de Murrupula.
Desemboca na Mcel onde se trabalha, até hoje no departamento de markenting,
onde vezes sem conta tem sido o rosto da empresa em eventos patrocinados por
aquela empresa de capitais públicos.
O
noivo de Valentina, Zófimo Armando Muiuane, iniciou a actividade comercial em
Novemro de 2003, ao constituir com Ismael Ribeiro de Pinho, a Izo - Importação
e Exportação, Limitada. Com dez milhões de capital incial, o objecto social da
IZO é a “importação e exportação de produtos e prestação de serviços,
representação de marcas e gestão de participações sociais.
Em
Janeiro de 2010, Zófimo junta-se a Tony Alves Camarinha e a Eugene Swart e
constituem a Capsstone Trade, Limitada. Dez mil meticais foi o capital social
da constituição desta empresa que tem como objecto principal “a importação e
exportação de bens e serviços, representações de marcas e intermediação de
parcerias.
A
sociedade poderá ainda, mediante deliberação dos sócios, tomada em assembleia
geral, exercer quaisquer outras actividades relacionadas, directa ou
indirectamente, com o seu objecto principal, praticar todos os actos
complementares da sua actividade e outras actividades com fins lucrativos não
proibidas por lei, desde que devidamente autorizadas.A sociedade poderá
participar em outras empresas ou sociedades já existentes ou a constituir ou
associar-se com elas sob qualquer forma permitida por lei”.
Em
2011 os sócios do noivo de Valentina cederam a totalidade das quotas ao jovem a
que nos referimos, tornando-se no único sócio da empresa.
Quem
é Valentina Guebuza e quais são os interesses que possui?
Nascida
pouco depois da independência, quando o seu pai ocupava uma pasta
ministerial no governo de Samora Machel, Valentina da Luz Guebuza, começa a
aparecer em várias parcerias económicas, tal como o seu pai, tios, primos e
irmãos sejam elas ou não envoltas em polémicas.
O
primeiro registo de Valentina nas lides empresariais data de 2001, quando, com
o seu pai que alterava a estrutura accionista, o pacto, as quotas e os sócios,
entrava com os seus irmãos, Armando Ndambi Guebuza, Mussumbuluko Armando
Guebuza, na Focus 21, Gestão e Desenvolvimento, Limitada. Em 2001, o seu pai
ainda não era presidente de Moçambique, mas conhecido como um “empresário
estranhamente parido pelo socialismo”.
Valentina
é a presidente do Conselho de Administração (PCA) da Focus 21, conhecida como a
holding presidencial. Valentina da Luz Guebuza é a gestora de várias empresas
da família com destaque para a Focus 21 que lidera desde 2006. Estudou
Engenharia Civil na África do Sul e, durante esse período, terá trabalhado num
restaurante. No último ano de curso, conta a filha Guebuza à Forbes, iniciou
uma consultoria numa empresa de Engenharia Civil e foi aí que terá ganho
experiência prática na área.
A
Focus 21 faria em Abril de 2005 uma nova alteração no pacto social e nas
quotas, tendo substituido na estrutura accionista Mussumbuluco Guebuza por
Norah Armando Guebuza, a irmã mais velha de Valentina.
Em
2007, Valentina daria um salto gingantesco ao ser accionista da Beira Grain
Terminal no acto da sua constituição. Nesta sociedade a filha de Armando
Guebuza é sócia das empresas Caminhos-de-Ferro de Moçambique, Empresa Pública
(CFM), Cornelder de Moçambique, SARL, Nectar Moçambique, Limitada, Sonipal,
Limitada; Seabord Moz, Limited, Rainbow Internacional; CFI Holdings, Limited e
a Merec Industries, Limitada. Dois milhões e setecentos mil meticais foi o
capital inicial da Beira Grain Terminal que tem como objecto social a “operação
de uma terminal de cerais a granel, no porto da Beira, em Moçambique.
Em
Agosto de 2008, Valentina e seu irmão Mussumbuluco e seu tio José Eduardo Dai
(primo em primeiro grau de Tobias Dai, irmão da Primeira Dama, Maria da Luz Dai
Guebuza), constituem a Crosswind Holdings, S.A fundir as empresas Focus 21 e
Rachana Global, Limitada. Dois milhões e quinhentos mil meticais foi o capital
social da Crosswinds que tem como objecto social “...o exercicio de actividade
de construção e desenvolvimento de infra-estruturas”.
No
mesmo ano de 2008, Valentina Guebuza e seu tio José Dai e a Inforcom, Limitada
constituem a Servicon, Limitada. Com a módica quantia de vinte mil meticais no
capital social, esta empresa tem como objecto social a “actividade mineira;
compra, tratamento, processamento, e venda dos seus derivados, obras públicas,
agricultura”.
Ainda
em 2008, em Novembro, Valentina junta-se novamente ao seu tio José Dai, ao seu
irmão Mussumbuluco e a Carlos Nicolau Salvador Júnior e constituem a
Orbittelcom, Limitada. Duzentos mil meticais foi o capital inicial da empresa
que tem como objecto social a “informática e telecomunicações”.
Em
2009, ano em que ? seu pai concorre para o segundo mandato, Valentina, José Dai
(o seu tio outra vez), Lilia Szakmesiter e Voo Chong Min constituem a
Moçambique Desenvolvimento & Investimentos, Limitada. Em 2010, a filha do Presidente
junta-se a Luís Filipe Pereira Rocha Brito e constituem a IMOGRUPO –
Investimentos e Participações, Limitada. Com um capital de quinhentos mil
meticais o obejcto social desta empresa é, entre outros a “aquisição,
administração, locação e alienação de bens imóveis, próprios ou de terceiros”.
Ainda
em 2010, Valentina junta-se a Margarida Maria Duarte Oliveira Nunes Figueiredo,
Rita Maria Figueiredo de Sousa Borges Furtado, Stephanie Baaklini, Sylvie
Cristelle Lasoen, Mussumbuluco Guebuza e a empresa OLOHA Investments, SA e
constituem a Christiam Bonja Moçambique, Limitada. Com cinquenta mil meticais
de capital inicial esta empresa tem como objecto social “o exercicio da
actividade de ouriversaria, joalharia e relojoaria, com a máxima amplitude
permitida, podendo, para o efeito, proceder à importação...”.
Até
aqui, temos os registos documentais das particpações de Valentina Guebuza que
podem ser encontrados nos Boletins da República (BR’s). Valentina é membro do
Comité Central da Frelimo saída do X Congresso daquela organização em 2012. Se
o casamento for em comunhão de bens, Zófimo estará acoplado a esta vastidão de
interresses que emergiram na chancelaria do seu sogro que deverá terminar em
Outubro. “É um tipo de sorte” diz-nos uma fonte.
Semelhanças
com Isabel dos Santos
A
filha de Guebuza tem em comum com Isabel dos Santos o facto de estarem a
construir impérios com recorrentes ligações aos negócios iniciados pelos seus
progenitores, ainda que tenha sido pontapeada a ética.
A
filha do Presidente da República de Moçambique, Valentina da Luz Guebuza, tem
interesses em diversos sectores como a banca, telecomunicações, transportes,
sectores mineiro e imobiliário, entre muitos outros tal como Isabel dos Santos
tem em Angola e Portugal importantes negócios nucleares e obscuros que são sido
sistematicamente denunciados pelo jornalista e activista dos direitos humanos,
Rafael Marques.
Negócios
polémicos...
Valentina
é também presidente do Conselho de Administração da StarTimes Media, uma Joint
Venture entre a chinesa StarTimes e a Focus 21 para a área da migração digital
no país. A entrega, sem concurso público, deste projeto milionário à empresa
liderada por Valentina Guebuza foi amplamente criticada por vários sectores da
politica, e da chamada sociedade civil.
A
sociedade civil e os operadores privados que foram preteridos no concurso
interrogam-se, por um lado, sobre a capacidade de a Startimes realizar o
trabalho com a qualidade que se deseja, e por outro, se os ouvintes e
telespetadores, e os próprios operadores, não deveriam receber mais informações
sobre este processo de adjudicação.
O
Governo liderado pelo pai de Valentina praticamente entregou o negócio à
família presidencial, gnorou as críticas e “levou mais uma fatia do bolo
grande” como refere um empresário que pede para não ser citado. Sobre esta
polémica, o porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Sande
Carmona, disse que o Executivo de Maputo “quebrou novamente as regras do jogo:
É mais uma vénia que o Executivo de Maputo faz a quem os indicou, nesse caso
porque foram indicados por Armando Guebuza, na qualidade de chefe de Estado,
estão a pagar os favores”.
Para
Sande Carmona “não olharam para Moçambique, para a dimensão das regras
moçambicanas, não olharam para os interesses do povo, mas sim para os seus
interesses pessoais, do lado da família do Chefe de Estado moçambicano”.
Para
além da empresa chinesa, a Startimes Mozambique é detida em 15% pela Focus21, o
grupo empresarial da família de Armando Guebuza, presidida pela sua filha,
Vanetina Guebuza. Este parceria que resultou na Startimes foi o presente de
Guebuza ao seu povo, ao indicar que em Moçambique (algumas vezes) não há
respeito pelas regras de soberania do Estado quando se trata de negócios
chorudos.
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