segunda-feira, 28 de julho de 2014

Médio Oriente: Mesmo sob ataque, mais de 30 brasileiros permanecem em Gaza




Os que continuam na zona de conflito alegam motivos pessoais, "medo, ou não ter para onde ir", diz relatório Representação do Brasil na ANP

Opera Mundi, São Paulo, 26 julho 2014

Mesmo com a escalada de violência entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, iniciada no começo de junho, 31 brasileiros permanecem em suas casas. De acordo com o Escritório de Representação do Brasil na Autoridade Nacional Palestina, em Ramala, na Cisjordânia, os que continuam na zona de conflito alegam motivos pessoais, familiares, "ou não ter para onde ir e até medo de sair de casa".

Outros 12 brasileiros que moram no local – sendo 11 de duas famílias, primas entre si, e uma mulher cuja família já estava no Cairo – atravessaram a fronteira para o Egito. Uma freira brasileira foi para Belém, na Cisjordânia, e mais duas mulheres, mãe e filha, serguiram para a Jordânia. Quando o conflito se iniciou, a representação brasileira entrou em contato com os brasileiros na região e, em seguida, com a Organização das Nações Unidas (ONU) e as autoridades dos países para onde os brasileiros pretendiam se deslocar.

Entre os brasileiros, poucos são nascidos no Brasil e os outros herdaram a cidadania brasileira por serem filhos de brasileiros ou de palestinos que viveram no Brasil e conquistaram a cidadania depois de um tempo. Com exceção das duas mulheres que foram para Amã, na Jordânia, os demais brasileiros tiveram de se deslocar por conta própria até a fronteira. Mãe e filha tiveram auxílio da ONU e foram transportadas em um comboio com vários estrangeiros. Todos os deslocamentos são feitos em “janelas de oportunidade” ou “tréguas humanitárias”, como são chamados os curtos períodos de cessar-fogo.

Vários relatos, no entanto, indicam que muitos estrangeiros, incluindo brasileiros que permanecem em Gaza, têm medo de sair de casa até mesmo para deixar a região. O risco de se tornarem alvos existe. Das mais de 950 mortes registradas até o 19º dia do conflito, mais de 70% referem-se a civis, segundo a ONU. Escolas e igrejas, que servem de refúgio, estão lotadas. Com 41 quilômetros (Km) de cumprimento e de 6 km a 12 km de largura, a Faixa de Gaza tem área total de 365 km², quatro vezes menor do que o município de São Paulo.

Poucos minutos antes de Israel e Hamas darem início às 8h locais (2h de Brasília) de hoje (26) um cessar-fogo humanitário de 12 horas, pelo menos 12 civis morreram e outros 50 ficaram feridos durante um bombardeio israelense contra um edifício residencial ao sul da Faixa de Gaza.

Ainda nesta madrugada, a escalada de violência na Cisjordânia –  território palestino situado à leste de Israel – resultou na morte de pelo menos 5 palestinos que protestavam contra o Exército de Tel Aviv e contra a atual operação “Margem Protetora”, em funcionamento desde 8 de julho.

Durante a trégua humanitária, serviços de emergência encontraram na manhã deste hoje ao menos 130 corpos de homens, mulheres e crianças em escombros. Tais buscas elevaram o número de mortos para 1.030, aponta o Ministério da Saúde de Gaza, citada pela Efe.

Paralelamente, a Cisjordânia foi palco de diversas manifestações de repúdio às medidas tomadas pelo governo e pelo Exército israelense em Gaza. Segundo a Al Jazeera, milhares tomaram as ruas em cidades como Hebron e Belém. Em resposta, as Forças Armadas de Tel Aviv usaram gás lacrimogêneo e outros mecanismos para dispersar a multidão.

(*) Com Agência Brasil



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