O
líder histórico do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, garantiu hoje
que nem os administradores, nem a família, nem os quadros diretivos se
apropriaram de dinheiro da instituição, ao contrário das suspeitas que têm sido
levantadas.
Questionado
sobre o alegado esquema de compra de obrigações através da Eurofin, e do
'desaparecimento' de mais de 700 milhões de euros de mais-valias realizadas com
o mesmo, já na última fase da antiga equipa de gestão do BES, Salgado afastou
qualquer tipo de atos ilegais de gestão.
"Os
ganhos que o intermediário fez foram reinvestidos em dívida do grupo que estava
nas mãos de clientes que não estavam protegidos pela provisão dos 700 milhões
de euros. Eram clientes na sua maioria do exterior e o objetivo foi
retirar-lhes esse risco", afirmou Salgado na comissão de inquérito
parlamentar ao caso BES.
"O
objetivo foi dar a proteção máxima dos clientes [internacionais]. A provisão de
700 milhões de euros foi aplicada ao papel comercial vendida no retalho em
Portugal", garantiu.
"Foi
essa operação que foi realizada. Foi com esse objetivo e ninguém se apropriou
de um tostão. Nem na administração, nem na família nem nos quadros
diretivos", assegurou.
E
reforçou: "Eu não tenho conhecimento de capitais que tenham saído do banco
para terceiros".
Assim,
segundo Salgado, "os reembolsos feitos foram para os clientes que tinham
dívida do grupo [Grupo Espírito Santo] num banco internacional. Se esses
clientes não tivessem sido reembolsados dessa dívida, ela teria ficado nas suas
mãos".
Ora,
de acordo com o responsável, estes "eram clientes de retalho, também, e
poderiam ter o direito de exigir o mesmo tratamento que os clientes de retalho
do banco [em Portugal] tiveram com a proteção da provisão dos 700 milhões de
euros".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Salgado "Durante
meses a fio, a minha família e eu fomos julgados"
Ricardo
Salgado começou há momentos a prestar declarações na Assembleia da República.
Na intervenção, o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) quis destacar
os “22 anos de reconhecimento nacional e internacional” em que esteve à frente
do banco e apontou três fatores que terão contribuído para o colapso da
instituição.
Ricardo
Salgado chegou ao Parlamento às 9h00 e começou a sua prestação de
esclarecimentos na comissão de inquérito ao BES com a manifestação de “total
disponibilidade” para regressar à Assembleia da República se os deputados o
entenderem.
O
antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) reservou os primeiros minutos
da sua intervenção para explicar o motivo pelo qual não se pronunciou até ao
agora sobre a queda do banco.
“Depois
dos factos que aconteceram no início de agosto, nunca tive oportunidade de
falar, remeti-me ao silêncio, e apenas num determinado momento – e por
insistência dos jornalistas – fiz uma referência de que estava a trabalhar para
defender a honra da minha família e minha”, disse, citando um ditado chinês que
diz que 'um leopardo quando morre perde a sua pela' para afirmar que "um
homem quando morre, deixa a sua reputação".
Salgado
apresenta esta manhã aos deputados “um trabalho de profunda reflexão feito
nestes quase seis meses”, e que durará mais de uma hora. Na intervenção, na
Comissão de Inquérito, irá enumerar alguns “factos” que ocorreram “antes de 13
de julho”, data em que cessou funções na instituição.
“Nos
22 anos em que fui presidente da comissão executiva do BES foi sempre exemplar
e inequívoca a solidariedade entre todos os membros (…) nunca foi necessária
uma votação para consensos. O mesmo aconteceu até 13 de julho”, começou por
explicar, sublinhando que “no plano do GES havia uma igualdade de estatutos
respeitada”.
Ricardo
Salgado não quis deixar de destacar que “durante semanas e meses a fio, a minha
família e eu próprio fomos julgados na praça pública”, mas que quer “acreditar”
que estes "últimos seis meses e 13 dias não irão manchar os 22 anos de
reconhecimento nacional e internacional”.
Relativamente
às explicações do que poderá ter acontecido ao banco, Salgado enumerou três
factos marcantes entre o final de 2013 e julho de 2014. São eles: a crise
financeira, a repercussão que esta teve no país e a intervenção da troika em
Portugal.
Para
o banqueiro, “a crise no GES [Grupo Espírito Santo] não se pode dissociar da
crise europeia e portuguesa”, mas não descartou qualquer responsabilidade:
"Em 22 anos de presidente executivo do BES poderei ter tomado decisões que
podem nem sempre ser acertadas".
Durante
a sua intervenção, Salgado negou ainda a retirada de milhares de milhões de
euros do banco para benefício próprio. O antigo líder do banco disse que se
tratam “histórias totalmente falsas” e apontou o dedo para as notícias que o
acusaram se ser o responsável por "fugas em escassas semanas de milhares
de milhões de euros" que teriam sido utilizados para comprar
"vivendas em Miami e castelos na Escócia".
Notícias
ao Minuto
Leia
mais em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário