João
Almeida Moreira Dinheiro Vivo, opinião
Dilma,
com 41%, e Aécio, com 33%, passaram à segunda volta. A ecologista, como em
2010, mostrou que está verde demais para o Planalto. Mas um sinal seu pode
indicar quem é o novo presidente do Brasil.
Minutos
depois de conhecido o resultado eleitoral da primeira volta das eleições do
Brasil, João Santana, o "marqueteiro" alquimista do Partido dos
Trabalhadores (PT), passava uma só instrução a Dilma Rousseff: silêncio
absoluto enquanto Marina Silva não se pronunciasse.
Antes
de votar pela manhã, Aécio Neves, na posse de sondagens do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB) que o davam como garantido na segunda volta, aos
jornalistas, em vez de enfatizar a sua notável subida, preferia perder-se em elogios
à candidata Marina Silva. É oficial, está aberto o período de corte à
ambientalista.
Lula
da Silva, presidente de 2002
a 2010 e criador de Dilma Rousseff, e Fernando Henrique
Cardoso, presidente de 1994 a
2002 e avalista nacional de Aécio, passaram a última semana a preparar o
terreno. "Eu amo a Marina só que para presidente não", disse Lula. "Marina e Aécio, por mim, estavam juntos há muito", vem repetindo
FHC.
Marina
morreu, como na eleição de 2010, na praia; mas, como nessa altura, voltou a ter
cerca de 20 milhões de votos e, com eles, o poder de apontar o novo presidente
do Brasil.
E
quem vai Marina apoiar?
Parte
dos opinadores, sobretudo dos órgãos de comunicação social que declararam apoio
a Aécio, como O Estado de São Paulo, acredita que Marina tenderá a juntar-se ao
candidato do PSDB.
Por
outro lado, um grupo de intelectuais que estava do lado da ambientalista, mas
que já era muito próximo do PSDB (incluindo ex-ministros e assessores de
Fernando Henrique Cardoso) assinou uma nota onde declaram apoio a Aécio.
Mas
se Marina for pelo mesmo caminho não o percorrerá com tanta facilidade - uma
ambientalista que passou toda a carreira política na ala mais à esquerda do PT
terá pudor de se entregar a uma candidatura de centro-direita e acusada de
neo-liberal sem, pelo menos, um período de reflexão.
Por
um lado, a candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi atacada até à
medula pelo PT na campanha eleitoral e tem uma antipatia antiga, desde o tempo
em que ambas conviveram (mal) no gabinete de Lula, por Dilma Rousseff. Por outro,
assumidamente ambientalista e estruturalmente de esquerda, sente que o PSDB de
Aécio está mais longe do seu ideário do que o PT, afinal de contas o partido
onde militou quase um quarto de século.
"Temos
de nos reunir, todos, cada um dos partidos que fazem parte da nossa coligação,
analisar o sentimento do povo brasileiro, entender o que pretende, os sinais de
mudança que apresentou e, então, tendo em conta a urgência de uma situação de
segunda volta mas ponderadamente, tomar uma decisão", disse ontem no
discurso da derrota.
Ou
seja, pelo seu temperamento, Marina não se vai pronunciar tão cedo. Vai, como
diz, convocar os partidos que a apoiaram a primeira semana, dizer que precisa
de conhecer ao detalhe os programas dos dois candidatos na segunda semana e
manter em angústia os rivais até à terceira semana, quando se realiza, dia 26, a eleição. Marina perdeu.
Mas Dilma e Aécio estão nas suas mãos. Eis a sua vingança.
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