O
politólogo José Adelino Maltez disse hoje que a vitória no partido Syriza nas
eleições de domingo na Grécia "já era esperada", considerando, no
entanto, que "é um sinal de mudança da orientação política na Europa".
"Não
estamos perante uma aventura, mas é um sinal de mudança (...). Recordo que não
estamos a falar de um bando de extremistas que chegou ao poder sem um plano. No
entanto, há uma conclusão óbvia dos resultados: os partidos socialistas quase
que desapareceram", disse à agência Lusa o politólogo José Adelino Maltez.
Na
opinião do professor catedrático, o "que se passa na Grécia não se passa
[só] na Grécia", ou seja", pode provocar "uma tempestade em
Madrid ou em qualquer país da Europa".
"Na
Grécia, os partidos socialistas desapareceram e em Espanha correm o risco de
não serem alternativa ao partido conservador. Isto pode ter consequências de
efeito imediato em todos os países irmãos", explicou.
José
Adelino Maltez destacou também os resultados da extrema-direita nas eleições na
Grécia, que no seu entender, também vão ter consequências.
"Houve
um crescendo da extrema-direita grega que também pode ter consequências em
termos europeus. Pode ser uma válvula de escape", disse, salientando que estes
assuntos são agora um problema global.
O
politólogo destacou que "estes assuntos" já não são exclusivamente da
Grécia, lembrando, a título de exemplo, que a "imagem de Portugal é a da
falência do principal banco (Bancos Espírito Santo) e da prisão de um
ex-primeiro-ministro" (José Sócrates).
José
Adelino Maltez disse ainda que a vitória com quase maioria absoluta do Syriza
fez "nascer uma esperança" no povo grego.
O
analista afirmou que "os gregos passaram a sentir-se donos do próprio
destino", sublinhando que o sistema eleitoral grego resolveu o problema do
ânimo.
"Agora
vai haver uma batalha. Mudou-se o poder e, nesse sentido, acabou com a
impotência do sistema democrático", concluiu.
O
Syriza obteve uma vitória clara, com 36,34% dos votos, elegendo 149 deputados,
menos dois do que os 151 necessários para a maioria absoluta, quando estavam
contados 99,8% dos votos.
Os
conservadores da Nova Democracia, atualmente no poder, contavam com 27,81%,
percentagem que corresponde a 76 assentos.
Já
o terceiro partido mais votado foi o neonazi Aurora Dourada, seguido do To
Potami, com 6,28% e 6,05%, ambos com 17 deputados.
Seguiam-se
os comunistas do KKE, com 5,47% (15 deputados) e os Gregos Independentes ANEL,
e os socialistas do Pasok, com 4,75% e 4,68% dos votos, respetivamente, ambos
com 13 deputados.
Lusa,
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