Ministro
das Finanças cita o filósofo alemão Immanuel Kant e afirma que as “linhas
vermelhas” traçadas pelo governo grego são para levar a sério, porque fogem ao
império da conveniência e fazem o que é certo. A Grécia não aceita ser tratada
“como uma colónia da dívida”.
Yanis
Varoufakis publicou na edição desta segunda-feira do New York Times um artigo de opinião refutando a ideia de que o novo
executivo grego está a fazer bluff nas negociações com o Eurogrupo.
Para o ministro das Finanças da Grécia, as “linhas vermelhas” traçadas pelo seu
governo são mesmo para serem levadas a sério. E invoca o filósofo alemão
Immanuel Kant (1724-1804) “que nos ensinou que as pessoas racionais e livres
fogem ao império da conveniência fazendo o que é certo”.
Varoufakis
atribui a ideia de que estaria a fazer bluff ao facto de, na sua vida
académica, ter investigado durante anos a teoria dos jogos.
Pelo
contrário, garante o economista grego, a teoria dos jogos “convenceu-me de que
seria pura loucura pensar nas atuais discussões entre a Grécia e os nossos
parceiros como um jogo a ser ganho ou perdido através de bluffs e
subterfúgios táticos”.
Não
ser tratado “como uma colónia da dívida”
Para
Varoufakis, há duas grandes diferenças entre o atual governo grego e o seu
antecessor: a determinação de entrar em choque com os interesses estabelecidos
para fazer um “reboot” na economia grega, por forma a ganhar a confiança dos
parceiros; e a determinação de não ser tratado “como uma colónia da dívida”,
forçado a sofrer o que fosse preciso.
“O
princípio de aplicar a maior austeridade à economia mais deprimida seria
excêntrico se não causasse tanto sofrimento desnecessário”, afirma.
É
por isso que Varoufakis refuta a possibilidade de ir além do que o governo
determinou como sendo as suas “linhas vermelhas”. O problema dos que argumentam
que o governo grego está a fazer bluff é que acham que “vivemos numa tirania
das consequências”. Mas, argumenta, “não há circunstâncias quando temos de
fazer o que é certo não como uma estratégia, mas simplesmente porque é...
certo”.
Assim,
“não haverá mais programas de 'reforma' que atinjam os pensionistas pobres e as
farmácias familiares ao mesmo tempo que não mexe na corrupção em larga escala”.
“Olhar
as pessoas nos olhos”
É
então que ao invocar o imperativo categórico de Kant, Varoufakis questiona:
“como sabemos que a nossa modesta agenda política” está certa nos termos de
Kant?
E
responde: “Sabemos ao olhar nos olhos as pessoas que passam fome nas ruas das
nossas cidades ou contemplar a nossa stressada classe média, ou quando
consideramos os interesses do povo trabalhador em cada aldeia e cidade europeia
no interior da nossa união monetária. Afinal, a Europa só irá reconquistar a
sua alma quando reconquistar a confiança do povo, pondo os interesses deste no
centro da política.”
Na
foto: Varoufakis invocou o filósofo alemão Immanuel Kant para dizer que é
preciso fazer o que é certo. Foto Left.gr
Esquerda.net
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