terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Secretário de Estado timorense, arguido num processo, não tomou posse




Díli, 17 fev (Lusa) - A tomada de posse de um dos 38 elementos do VI Governo Constitucional timorense, o secretário de Estado do Fortalecimento Institucional, não se concretizou na segunda-feira e foi adiada sine die, confirmaram fontes do executivo.

Francisco da Costa Soares é um dos arguidos no processo que envolve ainda o presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste (PNTL), Vicente da Silva Guterres e um funcionário público, Rui Amaral.

Costa Soares, conhecido por Burlaco, fazia parte do V Governo Constitucional e devia ser reconduzido no cargo, tendo estado presente no Palácio de Lahane, onde decorreu a tomada de posse.

Apesar disso não chegou a prestar juramento perante o chefe de Estado, não tendo sido até ao momento dada qualquer explicação oficial quer do Governo quer da Presidência da República.

O seu nome consta das listas divulgadas pelas duas instituições com a composição do Governo.

Na prática, a não tomada de posse implica que enquanto não ocupar formalmente o cargo não goza da imunidade que o tinha impedido, no início de janeiro, de responder em tribunal no processo que envolve ainda Vicente da Silva Guterres e um terceiro arguido.

Recorde-se que no passado dia 26 de janeiro, o julgamento do presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste foi adiado, pelo menos 30 dias, para que o parlamento decida sobre o levantamento, ou não, da imunidade parlamentar de Vicente da Silva Guterres.

"Até hoje não foi concluído o procedimento sobre a suspensão das funções de Vicente Guterres e, por essa razão, temos que aguardar por essa decisão para que o processo possa continuar o seu decurso", explicou à Lusa fonte da defesa na altura.

Fonte do Parlamento Nacional confirmou que até ao momento ainda não houve uma decisão sobre a imunidade do presidente do órgão de soberania.

De referir que em relação a Francisco Soares o tribunal confirmou que a imunidade do secretário de Estado não tinha, até então, sido levantada pelo parlamento.

Essa situação altera-se, agora, visto o arguido não ser membro do Governo.

O presidente do parlamento é acusado de um crime de participação económica em negócio, punido pelo Código Penal de Timor-Leste e ainda com base na Lei Indonésia contra a Corrupção, que se continua a aplicar no país por faltar legislação nacional própria nesta matéria.

Segundo Vicente Guterres, todo o processo é algo "surrealista" porque está a ser acusado de participação num negócio que nunca se chegou a realizar.

ASP // ARA

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