Estudo
mostra que o chamado "prémio sindical" é elevado em Portugal, mas
admite que é difícil perceber o que motiva a diferença de salários entre
sectores mais ou menos sindicalizados.
Um
estudo assinado por dois economistas do Banco de Portugal conclui que os
sectores com mais trabalhadores sindicalizados têm, em média, salários mais
elevados. O trabalho foi publicado recentemente no Instituto para o Estudo do
Trabalho, com sede na Alemanha, e analisou os ordenados de quem trabalha nas
empresas privadas e públicas.
Para
além do "prémio sindical", os resultados mostram que apenas 11% dos
trabalhadores das empresas portuguesas pertencem a um sindicato, uma média que
sobe bastante em dois sectores: banca e transportes. Para além dessas áreas que
são excepções, os 11% agora referidos são bastante menos do que diziam outros
estudos e claramente abaixo daquilo que se verificava nas décadas de 1970, 1980
ou 1990.
A
base de dados usada pelos investigadores resulta de um inquérito enviado
anualmente pelo governo (dados de 2010 a 2012). Inclui 612 mil empresas e quase
2,8 milhões de trabalhadores.
Os
resultados da análise feita revelam, por exemplo, que uma empresa com mais de
metade dos trabalhadores sindicalizados tem, em média, salários perto de 60%
acima daquelas onde ninguém pertence a um sindicato.
A
diferença anterior poderia ser motivada pelas características dos trabalhadores
destas empresas, com profissões eventualmente mais qualificadas. Os três investigadores
que fizeram o trabalho (dois economistas portugueses, Pedro Portugal e Hugo
Vilares; e um norte-americano, John T. Addison) testaram a hipótese anterior e
concluíram que, se tivermos em conta essas características, mesmo assim o ganho
nos salários ronda os 20%.
Nas
conclusões, os autores do trabalho dizem que em Portugal "o prémio
sindical", como lhe chamam, é bastante grande. A dúvida, questionam, é
saber o que causa o quê. Ou seja, será a luta colectiva que potência os
ordenados e os direitos de quem trabalha? Ou será que estes tendem a crescer
mais em sectores e empresas mais "generosas ou permeáveis" às
reivindicações dos funcionários?
Nuno
Guedes - TSF - foto Global Imagens
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