quarta-feira, 20 de maio de 2015

Portugal. CRIMES DE FARDA



Luís Gonçalves da Silva – Jornal i, opinião

Estes criminosos de farda são pagos com o nosso dinheiro

As recentes imagens do subcomissário Filipe Silva a agredir selvaticamente um pai e um avô à frente do filho e neto, menor de cerca de dez anos, indignou o país; indignado fiquei também quando vejo agentes da PSP a agredir, como gorilas tresloucados, tudo o que mexia no Marquês de Pombal ou a insultar cidadãos, com o bastão entre as pernas, de modo a reforçar os palavrões que proferiam.

Mas este é o mesmo país que, a coberto da aparente liberdade de manifestação, tolera a violência de agentes de autoridade nas escadarias da Assembleia da República; é também o mesmo país que, por exemplo, vai convivendo com o mercado negro em que se tornou o segredo de justiça.

O problema é mais fundo: há marginais que exercem funções públicas e alguns usam farda e enquanto não formos exemplarmente exigentes com todos eles esta degradação, que se tem vindo paulatinamente a instalar na nossa sociedade, não parará de aumentar.

Veja-se, aliás, que o já famoso subcomissário continua em funções, aguardando-se, sabe-se lá o quê, para ser suspenso; eventualmente, e depois de tentar justificar o injustificável, que sove mais alguém, de preferência sem nenhuma câmara por perto.

Estes criminosos de farda são pagos com o nosso dinheiro e são pagos para nos defender de marginais, mas pelos vistos não há quem nos defenda dos marginais de farda.

Apesar de tudo, fica a certeza de que ainda estamos perante uma minoria e muitos serão como o profissional que protegeu a criança dos horrores de que o seu pai estava a ser vítima.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa - Escreve à quarta-feira

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