O
secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje o Governo de ter sido
"uma autêntica fábrica de pobres", contrapondo a política do
executivo que "esmaga os trabalhadores" ao perdão fiscal concedido ao
Novo Banco.
"O
Governo foi uma autêntica fábrica de pobres em Portugal, ouvi-lo falar só
significa que os dramas são apenas danos colaterais de uma política",
criticou Jerónimo de Sousa, lamentando o "discurso do apagão da realidade
social" tido pelo executivo de maioria PSD/CDS-PP.
Na
intervenção da bancada do PCP no debate quinzenal com o primeiro-ministro, o
líder comunista recuperou a questão do perdão fiscal ao Novo Banco",
recordando que há duas semanas Pedro Passos Coelho disse não ter havido
qualquer regime de exceção para aquela instituição bancária.
"O
Governo atribuiu ao Novo Banco um perdão fiscal que não podia atribuir, tentou
depois aprovar uma lei para o legalizar e como essa lei não foi publicada a
tempo está agora a tentar legalizar o perdão fiscal retroativamente",
resumiu Jerónimo de Sousa, falando num valor de perdão fiscal de pelo menos 445
milhões de euros.
Na
resposta, o primeiro-ministro lamentou "o preconceito" na forma o PCP
coloca a questão do perdão fiscal, reiterando que "não há nenhum regime
excecional".
"Nós
sob proposta da Autoridade Tributária viabilizámos, ao abrigo do estatuto dos
benefícios fiscais, um conjunto de operações do Novo Banco que estão de acordo
com as regras do código apropriadas para poderem ser concedidas",
explicou, garantindo que nada foi feito "à socapa".
Relativamente
às acusações de que o Governo faz "um apagão da realidade", Passos
Coelho frisou que o executivo sempre tem referido os aspetos negativos da
economia "com muita realidade" e que está consciente dos sacrifícios
dos portugueses.
"A
realidade não é nenhum dano colateral, existe e nós temos de a combater",
assegurou.
Contrapondo
as afirmações do primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa insistiu nas críticas ao
Governo "que é implacável e ordena" aos contribuintes para pagarem,
enquanto "perdoa" à banca.
"É
uma política de dois pesos e duas medidas", acrescentou.
A
concluir a sua intervenção, o secretário-geral do PCP gracejou: "O
primeiro-ministro canta bem, mas não me alegra, nem a mim, nem alegra esses
milhões de portugueses desempregados ou na pobreza".
"Mas,
sinto-me perfeitamente confiante numa coisa: com certeza que o povo português
um dia o vai mandar cantar para outra rua", acrescentou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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