Entrevistados
ouvidos pela DW África descartam teoria de atentado presumível por homens da
própria RENAMO contra Afonso Dhlakama. Confrontos podem ter ocorrido de
"forma consciente", dizem.
Analistas
ouvidos pela DW África descartam a possibilidade de homens da própria
Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) terem suscitado um presumível pânico
que resultou no atentado a Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição
em Moçambique.
Ainda
não há certezas sobre a autoria dos dois recentes ataques contra Dhalakama, no
centro do país. Mas, segundo os entrevistados, elementos armados da RENAMO e as
Forças de Defesa e Segurança do Governo podem ter-se confrontado de forma
consciente.
As
fontes referem que se no primeiro
incidente , em 12 de setembro, prevaleciam dúvidas quanto aos autores
do atentado, no segundo, fica clara a intenção de ataque mútuo.
Essa
conclusão é aparentemente esclarecedora até para cidadãos leigos em questões
políticas, como Manasse Macuacua, jovem residente em Maputo, que acredita em
provocações de parte a parte.
"As
duas partes são responsáveis. Nos diálogos que costumam ter, eles já deviam ter
conversado de maneira a estabilizar o país. O que queremos, na verdade, é paz
para irmos atrás do que queremos", afirma.
Para
João Miguel, professor da Universidade Eduardo Mondlane, a Polícia da República
de Moçambique pode ter provocado a situação.
"A
hipótese que se colocava de não se saber quem provocou esse incidente acaba
dissipando-se um pouco. Para nós, já está claro que existe uma participação por
parte da Polícia e do Exército. Isso nos preocupa, porque estamos a presenciar
uma situação que se torna cada vez mais tensa", avalia.
João
Miguel critica a dissonância entre os discursos públicos manifestados pelas
lideranças de ambas as partes e as respetivas ações na gestão da tensão
política.
"Há
alguma coisa exigida por parte da liderança da RENAMO que não está
explícita", diz o professor. "E por parte do governo, mesmo que se
diga através da imprensa que está aberto ao diálogo, dá a sensação de que
existe qualquer coisa da qual não temos conhecimento."
Teorias
Para
o analista Dércio Alfazema, as especulações nas redes sociais sobre o
surgimento de uma terceira parte interessada na instabilidade política em
Moçambique é apenas consequência do arrastamento da tensão que o país vive nos
últimos anos. Ele não acredita que o ataque a Dhlakama tenha sido simulado.
"Politicamente,
o país está fragmentado em termos de posicionamentos e opiniões. Isso vem
reforçar a teoria de que o país é um terreno fértil para conflitos. Precisamos
todos trabalhar para evitar que essa teorias ganhem razão de ser",
observa.
Afonso
Dhlakama foi alvo de dois
atentados , em menos de um mês, e o seu partido, a RENAMO, aponta o
governo como autor. A acusação foi prontamente rejeitada tanto pelas
autoridades governamentais como pela FRELIMO, o partido no poder.
Ernesto
Saúl (Maputo) – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário